Radicada nos EUA, a cantora Sônia Santos destacou-se
nas trilhas de novela nos anos de 1970
Carioca de Ramos, bairro de classe média da Leopoldina na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, Sônia tem por berço uma região que tem além de antigos engenhos de cana-de-açucar, chácaras e olarias que remontam ao século XVIII, um local com forte ligação a grandes nomes da música brasileira e seus compositores a partir de nomes como o dos compositores Pixinguinha, Villa-Lobos e, mais recentemente, Zeca Pagodinho e Almir Guineto (estes últimos ligados ao Cacique de Ramos, que também é o berço de grupos como o Fundo de Quintal). Fundadores de uma associação religiosa no bairro, os pais de Sônia esporadicamente realizava shows com o objetivo de angariar recursos para manter a instituição e, no meio das apresentações, lá estava Sônia apresentando-se entre as crianças. Depois destas primeiras incursões ela continuou envolta e apaixonada por música, apresentando-se em diversos contextos, dentre eles alguns bailes na noite carioca (após ingressar na Orquestra do Maestro Cipó, lendário grupo que fez histórias nos bailes cariocas). Nestas noites quentes e sonoras do Rio de Janeiro surgiu para Sônia a oportunidade de migrar para uma outra Orquestra de Baile, desta vez para uma que não restringia o seu sucesso apenas ao Rio de Janeiro. Tal orquestra tratava-se do conjunto do multi-instrumentista Zito Righi. Como o próprio nome sugere, o conjunto era comandado pelo próprio por Zito e percorria as mais distintas estradas em todo o país. Vem desse período o seu primeiro registro fonográfico: trata-se de "Poema rítmico do malandro", composição da própria Sônia Santos com arranjos do Righi. Presente no álbum "Alucinolandia", lançado em 1969, a canção foi o primeiro sucesso da artista carioca. Em uma de suas apresentações em parceria com zito, Sônia foi abordada pelo então presidente da Som Livre João Araújo (que ganhou muito mais projeção como pai do cantor e compositor Cazuza do que pela descoberta de relevantes nomes para a nossa MPB) que após uns breve elogios questionou-a se não queria gravar o seu primeiro LP.
Como artista da Som Livre (gravadora pertencente ao grupo de Globo de comunicação), Sônia teve a propulsão do seu nome através das diversas trilhas de novelas as quais teve o seu nome associado. Só no ano de 1974 teve sua voz incluída em dois folhetins. Na trama "O Espigão", participou da trilha sonora cantando "Você vai ter que me aturar" (parceria de Reginaldo Bessa com Nei Lopes) assim como também em "O Rebu", onde cantou "Porque" (parceria do saudoso Raul Seixas com Paulo Coelho). Gravou o primeiro LP em 1975, produzido e arranjado por Guto Graça Mello. Ano disco é possível encontrar nomes como Assis Valente, Jorge Ben, Élton Medeiros e Cristóvão Bastos. O segundo LP, "Crioula" foi lançado em 1977 também pela Som Livre, de onde desvinculou-se para ingressar na RCA (gravadora responsável por dois compactos na carreira da artista: o primeiro com os registros de "Brasileirinho" (do Waldir Azevedo e do Pereira Costa) e novamente "Porque" (Raul Seixas e Paulo Coelho); Já o seguinte é dedicado ao Jorge Ben. Ao longo dos anos de 1980 gravou o terceiro LP, "Brasileirinha", de forma independente e mudou-se em definitivo para Los Angeles nos EUA. A princípio mudou-se por insistência do irmão sob a alegação de que só iria para lá se fosse para apresentar-se na Broadway (não sabia ela que semanas depois de sua ida, de fato ela iria parar nos palcos de lá. Desde então vem sedimentando uma exitosa carreira nos palcos americanos a partir de trabalhos solos e projetos em parceria como "Bossa, Ballds & Boleros" (com o tecladista Pablo Medina) e a série "Brasil Brazil", em parceria com a também cantora Ana Gazolla e que já conta com três volumes. A dupla também registrou o DVD "Brasil Brazil Ao Vivo - Syracuse Jazz Festival".
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