HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS – 35
NEGREIROS
Sempre gostei de Castro Alves, notadamente de Navio Negreiros, seu poema épico sobre a transferência dos escravos africanos para o Brasil. Com base nesse poema escrevi NEGREIROS, como maracatu. É uma canção da qual gosto muito, belissimamente interpretada por Edilza Aires, uma de nossas cantores de maior qualidade no nordeste brasileiro.
NEGREIROS
Xico Bizerra
oh, águia do oceano, albatroz
abre tuas asas sobre nós
carrega-me pra longe daqui
galopa, voa, não me deixe ver
por sobre tanta água brinca o luar
no branco desse brincar essa negra dor
negreiro, navio que vem do outro lado do mar
chicotes que açoitam a alma de homens de cor
gente com a pele da noite num circo de horror
desamor de algemas na boca de quem quis cantar
velas abertas, de onde vem, para onde vão? S
em luz, sem ar, sem razão, meu deus, onde está?
onde estão os heróis do velho novo mundo?
que não arrancam o pendão desses ares?
onde estão os andradas, colombos?
que não fecham as portas de seus mares?
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