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quarta-feira, 27 de julho de 2016

VÔTE... ESCUTA SÓ: ALTO MERETRÍCIO – BARES, BOATES E CABARÉS



Na minha primeira viagem ao Rio de Janeiro, aí pelos idos de 1972, fui convidado por amigos para conhecer a Cinelândia, onde, na calçada, havia um desfile de belas mulheres seminuas. A pegadinha consistia em que os matutos, recém-chegados a cidade maravilhosa, se entusiasmassem com as beldades, só então vinha à revelação de que não se tratava de mulheres e sim de travestis. Vôte! Dizia o marmanjo assustado. Verdadeira atração turística, histórias para ser contadas na volta ao nordeste, incluindo sempre o nome de alguém que tenha sido supostamente enganado. No Recife tal fenômeno ainda era desconhecido, o trottoir acontecia nas margens do Capibaribe, ruas do Sol e Aurora, e ficou conhecido como “quem me quer” onde apenas as mulheres participavam da oferta.

Aqui, nesta mesma época, os homossexuais faziam o serviço pesado dos cabarés, começando pela limpeza de banheiros e quartos, estes chamados de entrada e saída, devido a grande rotatividade, repor a água da bacia, aquela do famoso banho “checo” e trocar, quando já tinha mudado de cor, o caixeiro, toalhinha de enxugar os possuídos do cliente. Os mais prendados chegavam à condição de cozinheiro, e poucos montaram o próprio negócio.

Hoje, quarenta anos depois, temos a nossa “Cinelândia” que funciona na Avenida Conselheiro Aguiar, com extensões para a vizinha Domingos Ferreira. As damas da noite, mulheres que exercem a profissão mais antiga do mundo e com ela sustentam a família, e isso inclui muitas vezes o marido desempregado, foram sendo expulsas das casas noturnas e empurradas para as ruas aonde vão que disputar o espaço com os travestis, estes com boa clientela, admitindo que se assim não fosse o mercado não estaria tão aquecido. Os travestis são, na maioria das vezes, intolerantes e agressivos, e não admitem a concorrência das mulheres, que passam a ser expulsas também das ruas. As pobres Marias Madalenas de hoje nem Jesus salva.

Silvinho – Amor Fingido

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