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terça-feira, 7 de junho de 2016

ZECA BALEIRO IRONIZA FORRÓ ELETRÔNICO E FAZ PARÓDIA SOBRE FILHO DE MICHEL TEMER EM SHOW

"Você prefere o Safadão, e eu tô mais pra safadinho/ Você não perde o Domingão e eu sou mais o Dominguinhos", cantou o maranhense, no Teatro Guararapes

Por Luiza Maia


Zeca apresentou o show "Era domingo", baseado no disco homônimo lançado neste ano


O cantor e compositor Zeca Baleiro apresentou neste sábado o show Era domingo, no Teatro Guararapes, inspirado no mais recente disco de inéditas, homônimo. Em noite descontraída e com a – solicitada – participação ativa da plateia, o maranhense mostrou as novas canções, mas não deixou de cantar as obrigatórias Telegrama, Quase nada e Proibida pra mim (do Charlie Brown Jr.).

O repertório contemplou a inédita Forró de ilusão, escrita em parceria com "a pernambucana ilustre", de acordo com palavras dele, Anastácia, parceira de Dominguinhos nos clássicos Eu só quero um xodó e Tenho sede. "Você prefere o Safadão, e eu tô mais pra safadinho/ Você não perde o Domingão e eu sou mais o Dominguinhos", versa a letra, uma conversa entre um rapaz e a mulher amada interpretada com sanfona, zambumba, triângulo, baixo e banjo.

A música surgiu a partir de uma conversa com um amigo totalmente contrário ao forró eletrônico. "As coisas têm que ser relativizadas nesse território da cultura. O próprio Gonzaga, quando surgiu, não foi entendido, não foi reconhecido, e só tempos depois vieram reconhecer o gênio que ele é. Então vai que um cara desses aí se descobre, daqui a 20 anos, que é um gênio? Quem sou eu? A história é escrita com o tempo", considerou Zeca, em tom irônico. Admirador do pé-de-serra, ele revelou ter interesse em fazer um disco de forró.

Em tempos conturbados na política brasileira, Zeca Baleiro fez, já no bis, uma reflexão sobre o momento atual. "Sou consciente – é o que eu penso – que a nossa maior conquista ainda é esta farta democracia que a gente conseguiu nestes últimos anos e não é qualquer um que vai chegar e retirar isso da gente", disse ele. "Não vamos deixar roubar isso da gente não", pediu. Ele também deu uma alfinetada ao apresentar a banda, "que sempre muda de nome": neste sábado, foi batizada de Assembleia de Deus.

Antes de se despedir novamente, o maranhense ainda fez uma paródia improvisada com o filho do presidente em exercício, Michel Temer, em cujo nome estão imóveis no valor de R$ 2 milhões. "Filhinho, filhinho, olha pro exemplo do Michelzinho/ Dois milhões em imóveis no Itaim Bibi e você aqui", versou ele, aplaudido pela plateia. Após a saída dos artistas do palco, alguns presentes puxaram o coro de "Fora Temer".

Em Pernambuco, Zeca fez o quinto show da turnê, cuja estreia foi em Natal (RN), ainda marcada por improvisos e experimentações. Em Tatoo, ele errou a introdução instrumental do novo arranjo. "Máquinas e mulheres são muito perigosas", brincou, pouco após propor o que ele chamou de experimento à plateia – um canto em conjunto. Ao pinçar The man who sold the world, ele introduziu a canção como "o dia em que David Bowie encontrou Reginaldo Rossi num inferninho".

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