Trabalho destaca o repertório de músicos que não tiveram a chance de gravar suas músicas. Hoje, dia 7, à noite, eles fazem show na cidade
Por Walter Sebastião
(foto: Herlandes Tinoco e Caio Veloso/Divulgação)
Gente com carreira respeitada no meio musical, mas que só agora está chegando ao disco. É esse o perfil dos compositores e instrumentistas reunidos no CD Sambeiro: trabalhadores do samba, que será lançado hoje à noite, no Teatro Pio XII. Estarão no palco o violonista Airton Cruz, o cavaquinista Pedrinho do Cavaco e os percussionistas João Batera e Silvestre Filho. Todos eles cantam.
“A marca de nosso disco é a diversidade. São quatro caminhos, quatro estilos e quatro modos de pensar”, explica Airton Cruz, que assina a direção musical. O repertório tem samba tradicional e moderno, pagode, bossa-nova e samba-rock.
Os compositores têm entre 44 e 54 anos, além de perfil profissional extenso, pois já se apresentaram com grandes nomes do samba. No show, o quarteto estará acompanhado da banda formada por Eduardo Pio, Geovane Silva, Solange Caetano, Bráulio Mangualde, Rafael Pansica, Eustáquio Batera, Marcelo Umbelino, Leonardo Brasilino, Ângela Franco e Gisele Couto. Ronaldo Coisa Nossa faz participação especial.
“São artistas talentosos. Defendem a música brasileira com honra, o que só traz importância ao cenário musical de Minas. Por isso, era uma injustiça não terem o disco deles”, afirma Dé Lucas, cantor e compositor atuante na cena do samba de Belo Horizonte.
O ineditismo que condena compositores ao anonimato é problema de muitos talentos de Belo Horizonte, afirma Dé. Tal situação, acredita, “está ligada ao fato de muitos se dedicarem à arte pura e genuína, sem agrotóxico”. Aliás, não se trata de algo estranho ao samba. “Cartola só gravou aos 60 anos”, recorda Dé. Para isso, pesa certo comodismo geral – do público, intérpretes, meios de comunicação e artistas –, que preferem apostar apenas no que é sucesso, diz Dé. “É como se a arte, quanto mais apurada, menos valor tivesse. Se a pessoa não tiver força, acaba se desiludindo com a música”, observa.
O CD Sambeiro... faz parte de um projeto que pretende romper com essa situação. Até o início de 2017, serão lançados mais dois discos, explica Leonardo Apparicio, que coordena a iniciativa em parceria com Eduardo Curi.
Na origem da empreitada está o trabalho de João Batera, chamando a atenção para a atuação de sambistas de Belo Horizonte que nunca haviam gravado disco. “Isso mexeu com a gente”, conta Leonardo. “Temos alguns sambistas muito conhecidos, mas a grande maioria permanece inédita e merece oportunidade de registrar o que faz. Temos artistas muito competentes”, avisa o produtor.
OS BAMBAS
Aírton Cruz Gonçalves
De 54 anos. Músico autodidata, toca violão de sete cordas. Seu estilo remete à bossa nova dos anos 1950 e a Paulinho da Viola.
Silvestre dos Santos Ferreira Filho
De 52 anos. Cantor e percussionista. Já se apresentou com Bezerra da Silva, Jovelina Pérola Negra, Leci Brandão e Marquinhos Satã.
João Batera
De 47 anos. Cantor e percussionista. Em BH, trabalha com Ronaldo Coisa Nossa, Goiabada Cascão e Grupo Essência.
Pedrinho do Cavaco
De 44 anos. Cantor e cavaquinista. Toca na noite de BH há mais de 20 anos.
SAMBEIRO
Produção independente
www.sambeiro.com.br
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