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sábado, 18 de junho de 2016

AMILSON GODOY, 70 ANOS


Amilson Godoy é filho do casamento de duas famílias absolutamente musicais. “A música fez parte da formação da minha família, tanto do lado paterno como materno. Meu avô paterno tocava violão. Meu pai, músico profissional, tocava trompete e violino. Meu tio João Godoy tocava trompete e foi um excelente professor e músico na época dos cassinos no Brasil. Meu avô materno também tocava violão. Minha mãe tocava piano e era regente de coral. Meu tio Célio Felício, era pianista e foi durante muitos anos maestro da TV Rio”. 


Assim, é fácil deduzir que as primeiras lembranças musicais de Amilson estejam relacionadas ao cotidiano de sua infância. “Quando criança me recordo dos ensaios na igreja do Coral Nossa Senhora da Aparecida, em Bauru, tendo minha mãe como regente. Aos 11 anos comecei a trabalhar nesta mesma igreja tocando em casamentos. Lembro dos ensaios em casa dos conjuntos comandados por meu tio João, tendo meus irmãos Adilson e Amilton Godoy, como acordeonista e pianista do conjunto”.

Amilson começou estudar música antes mesmo de se alfabetizar.

“Aos 5 anos comecei a estudar. Tive uma pequena interrupção aos 6 anos e recomecei aos 7 e nunca mais parei. Minha primeira professora de piano foi Meire Raal. Aos 7 anos passei a estudar com Dona Nida Marchioni, que me indicou aos 11 anos para Ilza Antunes que, por sua vez, me encaminhou para a Escola Magda Tagliaferro, em São Paulo”.

Aos 12 anos, Amilson viajava de trem para São Paulo toda semana para ter aulas com dona Nellie Braga, a assistente chefe da Escola. “Quando dona Magda Tagliaferro vinha ao Brasil, participava de suas aulas públicas”. 

“A Escola Tagliaferro possuía uma metodologia própria desenvolvida pela grande mestra Magda Tagliaferro e ainda hoje é uma escola personalizada. Além de seus próprios exercícios voltados para as diversas possibilidades de execução pianística, tem como grande sustentação técnica a metodologia adaptada para um livro intitulado ‘Exercícios Diários Beringer’ (“Exercícios Técnicos Diários”, Oscar Beringer, Ed. Vitale)”.

A rotina de viagens semanais entre Bauru e São Paulo durou dois anos, até que em 1960, aos 14 anos, Amilson mudou-se definitivamente para a capital. 

Sobre o aspecto mais útil e agradável de seu aprendizado, Amilson é preciso. “Disciplina. Esta é a palavra mágica”.

Disciplina que Amilson herdou daquela que considera a pessoa fundamental em sua formação. “Minha professora Nellie Braga, da Escola Tagliaferro. Pela sua dedicação, paciência e delicadeza. Pelo rigor e austeridade, quando necessários. Pelo amor ao ofício. Por ter me mostrado como o professor é importante na vida de uma pessoa sem precisar proferir nenhuma palavra a respeito”. 

Pela importância que dá ao mestre, Amilson não acredita em autodidatismo. “Ninguém aprende nada sozinho. O aprendizado sempre chega às pessoas por alguma forma de comunicação. Os nossos mestres podem estar presentes, ou mesmo ocultos, mas eles sempre existirão”.

Apesar da afirmação categórica, Amilson reconhece que aprendeu música popular “de ouvido”. “No meu caso, a música popular foi desenvolvida pelas informações recebidas auditivamente, pois na minha época não havia nenhum tipo de ensino voltado a esta vertente musical. O embasamento erudito fez com que eu deduzisse comportamentos musicais extraídos de audições de pianistas e grupos de jazz, de tirar nota a nota o improviso de alguém, analisar o comportamento harmônico e melódico das composições e improvisações, e concluir as observações com experimentos”.

E numa família musical como a sua, Amilson recebia informações constantes e qualificadas. “Devo muito aos meus irmãos, que me ensinaram os primeiros acordes ‘dissonantes’ e me mostraram o ‘depois daqui, vem pra cá...’. O que vim a saber depois e identificar como as primeiras progressões de acordes”.

Artista atento, a dificuldade em encontrar bons cursos de música popular fez com que Amilson direcionasse parte de seu tempo e trabalho para o ensino da música, criando um método pioneiro. ”Esta dificuldade de acesso ao aprendizado me fez desenvolver um processo de ensino com o intuito de buscar uma forma que promovesse a convivência pacífica entre os gêneros popular e erudito. Introduzi esta metodologia como coordenador musical, num ensino pioneiro de música, em uma escola que se tornou referência de ensino, que foi a Fundação das Artes de São Caetano do Sul”.


Fonte: Músicos do Brasil

Um comentário:

  1. Dear Amilson,
    Parabéns pela carreira e pelo piano no Ray Conniff live, no TheAtro Municipal de São Paulo.
    Gostaria de saber uma coisa que sempre me intrigou: A voz Jackie Allen, a Ray ccONNIFF SINGER PARECE SER FORTISSIMA. SOA QUE NEM UM FOLE HUMANO E ACIMA DE TUDO LINDA, COM UM CENTRO BELISSIMO. Era assim mesmo? Não há nada como perguntar alguma coisa para quem participou com ela. Muito obrigado por tudo.
    Claudio Picollo

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