“ONDE VOCÊ ESTAVA QUANDO ELE MORREU?”
Naná, a lenda, desencarna; o gênio criador fica com mil sons
A partida de Naná, por mais que tem sido anunciada – a doença grave já se instalara e havia poucas esperanças de recuperação -, não é menos dolorida.
Mesmo quando há essa anunciação, a morte de alguém tão importante, de um mago, de um gênio, de um dos maiores de seu tempo aparece como premeditada surpresa.
Algo que poderíamos imaginar, mas nos negamos a enxergar, por instinto, defesa e a iminência do vácuo.
Na quarta-feira, 09 de março de 2016, Pernambuco e o mundo perderam um homem que inventou, reinventou a percussão, executando-a com o corpo, em batuques carnais, com a voz, em solfejos melódicos e, claro, em berimbau, atabaques, bongôs, alfaias e bacias de água, panelas, pratos e baterias convencionais.
Rodou o mundo e, como disse Lirinha, “foi o maior de todos e cosmopolita”. Eu sempre estive ouvindo Naná, em dias claros e noites escuras. Sua percussão me acompanha desde cedo. Quando cheguei a São Paulo, o primeiro show que vi foi com ele e Geraldo Azevedo, no início dos anos 80, ali no campus de Matemática da PUC-SP. A última vez que o acompanhei foi em 2012, no ensaio dos maracatus, na rua da Moeda, Recife, preparando a abertura do Carnaval.
Batuque nas Águas – do álbum “Sinfonia e Batuques” (2010)
Fecho minha homenagem, com o depoimento de Antonio Nobrega, sobre o parceiro e ídolo: “Vai-se Naná Vasconcelos e com ele se apaga ainda mais um país que se esvai, que se contorce, que sangra…. e que não consegue se repor”..
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