Por Isabela Sales
Ele sempre foi um ícone Exagerado, cheio de Ideologias, que amava e odiava o Brasil, mas tudoFaz Parte do Seu Show. Emblemático, polêmico, questionador. Assim era Agenor Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza. O cantor que completaria 58 anos nesta segunda-feira (4), teve a sua carreira interrompida pela AIDS e deixou o mundo ainda jovem, aos 32 anos. Para saudar o dia, o Google decidiu lembrar a data e estampou o astro no Doodle da página.
Quem já viu uma apresentação do artista sabe: ao cantar apresentava muito mais que pequenos versos simbólicos. Para Frejat, que cantou com Cazuza no Barão Vermelho,ele promoveu uma revolução na música brasileira que se estende até os dias de hoje. “Eu acho que Cazuza conseguiu promover uma verdadeira renovação ao ser capaz de transformar a tradição da música brasileira, a poesia beat, o tropicalismo, os anos 70, Paulo Leminsky…tudo isso com uma atitude catártica no palco”. “Veja a influência poética do artista nas novas gerações”, afirmou ao Estadão.
“Cazuza era exagerado principalmente na personalidade ariana, signo de fogo. Era extrovertido, falava com qualquer um, com mendigo, sentava no chão. Não podia ver a Arlete Salles! Toda vez que eles se encontravam, ele se jogava no chão para beijar os pés dela, na calçada imunda”, conta Angela Ro Ro no filme sobre a vida do astro.
Que país é esse?
Após febres, a confirmação veio dois anos depois: Cazuza era soropositivo. Os sintomas se agravaram, e foi preciso recorrer a um tratamento mais adequado nos Estados Unidos.”Um dia ele me disse: ‘Eu falava tão mal do dinheiro do meu pai, mas é graças a esse dinheiro que eu estou vivo’. Precisava ter poder de fogo pra fazer o que o João [Araújo, pai de Cazuza] fazia”, lembra Ney Matogrosso.
“Estou com a maldita”. Abatido, decidiu assumir publicamente, em fevereiro de 1989, numa entrevista ao jornalista Zeca Camargo, da Folha de S.Paulo, que havia contraído o HIV. “Ele disse: ‘Estou com a maldita, é Aids’. ‘Uma pessoa que canta ‘Brasil, mostra a sua cara’ não pode esconder a sua’, completou.
Uma das apresentações mais emocionantes do cantor foi durante o Rock In Rio de 1985, quando o Brasil tinha acabado com a ditadura militar, colocando Tancredo Neves no poder, e, claro, que Cazuza não podia ficar de fora. “Que o dia nasça lindo para todo mundo amanhã, com um Brasil novo, com a rapaziada esperta”, disse.
Ou 8 ou 80, assim era o cantor. “Ele não tinha limite em droga, em álcool. O que o deixava mais agressivo era a bebida. Na intimidade, ele era outra pessoa. Eu dizia: ‘O seu melhor você esconde, as pessoas ficam com o que é pior’. Ele tinha, acho, medo de mostrar o sensível, porque achava que ficaria exposto”, disse Ney Matogrosso.
Que país é esse?
E se Cazuza estivesse vivo hoje, como seriam as suas letras? Qual seria o seu questionamento?
Se com Ideologia e Brasil, músicas que eram “contra tudo que está ai”, a corrupção, os negócios escusos, a enganação política, a passividade da população, Cazuza já causava, como imaginar ele agora? Para Lucia Araujo, mãe do interprete, ele seria moderno e contestador. “Ele estaria traduzindo esse circo de horrores que a gente vive hoje em dia”, afirmou o baixista e produtor do cantor, Nilo Romero.
A Maldita
Cazuza na capa da revista Veja. Foto: Reprodução
Após febres, a confirmação veio dois anos depois: Cazuza era soropositivo. Os sintomas se agravaram, e foi preciso recorrer a um tratamento mais adequado nos Estados Unidos.”Um dia ele me disse: ‘Eu falava tão mal do dinheiro do meu pai, mas é graças a esse dinheiro que eu estou vivo’. Precisava ter poder de fogo pra fazer o que o João [Araújo, pai de Cazuza] fazia”, lembra Ney Matogrosso.
“Estou com a maldita”. Abatido, decidiu assumir publicamente, em fevereiro de 1989, numa entrevista ao jornalista Zeca Camargo, da Folha de S.Paulo, que havia contraído o HIV. “Ele disse: ‘Estou com a maldita, é Aids’. ‘Uma pessoa que canta ‘Brasil, mostra a sua cara’ não pode esconder a sua’, completou.
“Você está vivo. Esse é o seu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho” lembra o eterno Cazuza.
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