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domingo, 6 de março de 2016

JORGE GOULART, 90 ANOS

Se vivo estivesse, o saudoso intérprete completaria nove décadas de existência no último mês de janeiro



Filho do jornalista Iberê Bastos e de Arlete Neves Bastos, foi o primogênito dos quatro filhos do casal. Desde pequeno mostrou interesse pela música, participando de serestas no bairro carioca do Méier. Gostava de cantar os sucessos dos grandes cantores da época: Francisco Alves, Vicente Celestino, Orlando Silva, o seu preferido, e Carlos Galhardo. Foi aluno do Colégio Pedro II, desde os 11 anos. 


Aos 17 anos, ficou conhecendo os compositores Benedito Lacerda, Custódio Mesquita e Orestes Barbosa, apresentados por seu pai, no antigo Café Nice. Com apenas 18 anos, casou-se pela primeira vez e teve uma filha, que 18 anos depois se casaria e faria o cantor tornar-se avô aos 36 anos de idade. Em 1952, iniciou relacionamento afetivo com a cantora Nora Ney, recém-separada, com quem tempos depois passou a viver. Em 1982, depois de 30 anos juntos, os dois casaram-se oficialmente. Teve vários apelidos: César de Alencar o chamava "Gogó de ouro" ou "Boca de caçapa" e os amigos de "Bochecha de alumínio". Em 1983, por conta de um câncer, submeteu-se a operação para a retirada das cordas vocais, tendo que reaprender a falar através do esôfago. Foi ativista político e filiado ao Partido Comunista o que lhe rendeu perseguição e até mesmo o ostracisco artístico durante a ditadura militar. A esse respeito, em sua entrevista ao Pasquim 21, em janeiro de 2004, afirmou: "meti na minha cabeça que tinha que sair bem no fim de tudo. Foi uma fatalidade, estava sendo obrigado a me retirar, não tinha satisfações a dar, e isso ao invés de me prejudicar, me consolou. Ganhei outra vida. Passei a fazer coisas que nunca tinha feito antes: reparar numa árvore, numa flor. Sempre levara aquela vida fechada, em boates, naquela fumaça...Aceitei sair da arena". Faleceu aos 86 anos de idade depois de ficar algum tempo internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.



Uma das figuras mais importantes da música popular brasileira, por sua militância em divulgá-la no exterior e por seu incentivo aos compositores e sambistas das classes mais populares, que dificilmente conseguiam espaço na mídia para divulgarem seus sambas. Começou sua carreira de cantor como crooner, em 1943, apresentando-se em casas noturnas do Rio de Janeiro, os famosos "dancings". Na época, costumava cantar principalmente composições de Custódio Mesquita, quando adotou o nome artístico de Jorge Goulart, sugerido pela então radialista Heloísa Helena, que tirou o sobrenome de um produto muito popular na época, o "elixir de inhame Goulart". Por ser ainda menor de idade, os músicos o ocultavam quando aparecia algum fiscal. Para divulgar as músicas de Custódio, compositor que utilizava desse artifício para ter suas composições conhecidas, recebia Cr$ 10,00 por dia. Começou a participar de programas noturnos na Rádio Tupi em 1943, por intermédio do cantor João Petra de Barros.

Chegou a ter um programa semanal de 15 minutos, antes do encerramento das transmissões da rádio. O seu primeiro êxito foi "Xangô", de Ary Barroso e Fernando Lobo, com orquestração de Guerra-Peixe, que interpretou no programa de Ary e que lhe valeu um contrato exclusivo com a Rádio Tupi. Segundo o próprio cantor, esta música "lançou-me definitivamente no rádio brasileiro". Em 1945, por influência de Custódio Mesquita que na ocasião era diretor da Victor, lançou seu primeiro disco cantando a valsa "A Volta" e o samba "Paciência, Coração", as duas de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu regional. O disco infelizmente não teve a repercussão esperada. Em 14 de março de 1945, estava escalado para gravar, por escolha do seu autor Custódio Mesquita, o samba-canção "Saia do caminho". Na véspera da gravação o compositor faleceu subitamente e a música, para infelicidade do então jovem iniciante, acabou sendo lançada por Aracy de Almeida. Ainda no mesmo ano, gravou outro disco, com o sambas "Nem tudo é possível", de Cícero Nunes e Aldo Cabral e "Feliz ilusão", de Castor Vargas e Aldo Cabral, que também não fez sucesso e acabou dispensado pela gravadora Victor. Em 1946, participou do show organizado por Chianca Garcia, ‘Um Milhão de Mulheres’, que esteve em cartaz no Teatro Carlos Gomes por dois anos consecutivos. Com esse espetáculo excursionou depois a Porto Alegre, RS, onde teve de permanecer um tempo cantando em casas noturnas, justamente porque o empresário Chianca Garcia acabou indo à falência e teve que demitir todo o elenco do espetáculo.


Nesse ano, atuou no filme "Segura esta mulher", de Watson Macedo contracenando com Grande Otelo, Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Bob Nelson e outros. Em 1948, ingressou na gravadora Star e lançou os sambas "Alfredo", de Buci Moreira e Haroldo torres e "Caso perdido", de Henrique de Almeida e Geraldo Gomes. Em seguida, gravou os sambas "Meu amor", de Valdemar de Abreu, o Dunga e "Fiquei louco", de Erasmo Silva e Ciro de Souza. Em 1949, gravou para as festas juninas a marcha "Noites de junho", de Lamartine Babo e o samba "São João", de Alcyr Pires Vermelho e Moreira da Silva. Ainda no mesmo ano, foi contratado pela gravadora Continental e gravou o samba "Miss Mangueira", de Antônio Almeida e Wilson Batista e a marcha "Balzaqueana", de Nássara e Wilson Batista, com acompanhamento de Severino Araújo e sua orquestra Tabajara, lançadas em janeiro do ano seguinte já com vistas ao carnaval. Essa última uma das mais cantadas do carnaval de 1950. Com o sucesso deste disco, foi convidado para trabalhar no cast da Rádio Nacional, lá permanecendo por 15 anos. Também em 1949, atuou no filme "Carnaval no fogo", de Watson Macedo. Em 1950, gravou os sambas "São Paulo", de Haroldo Barbosa e Garoto e "No fim da estrada", de Wilson Batista e Nóbrega de Macedo. Gravou também as marchas dos clubes de futebol do América, do Madureira e do Bonsucesso, todas de Lamartine Babo. Nesse ano, atuou no filme "Aviso aos Navegantes", deWatson Macedo. Em 1951, lançou discos com as marchas "Sereia de Copacabana", um grande sucesso no carnaval, de Nássara e Wilson Batista, e "As grandes mulheres", de Roberto Martins e Roberto Roberti, com acompanhamento de Severino Araújo e Orquestra Tabajara e os sambas "Meu drama", de Wilson Batista e Ataulfo Alves e "Mexe mulher", e Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, com acompanhamento de Canhoto e seu regional.

Nesse ano, foi um dos primeiros a interpretar em shows na noite do Rio de Janeiro o samba-canção "Vingança", de Lupicínio Rodrigues, o qual não pode gravar por motivos contratuais pois era contratado da gravadora Continental e Lupicínio Rodrigues, artista exclusivo da concorrente RCA Victor. Em 1952, obteve grande sucesso com o samba "Mundo de zinco", de Nássara e Wilsonn Batista, gravada em fins do ano anterior. No mesmo ano, gravou com o Trio Madrigal e o Trio Melodia a valsa "Dominó", de Jacques Plante, com versão de Paulo Tapajós, a marcha "Noites de junho", de Alberto Ribeiro e João de Barro e o samba-canção "Mané Fogueteiro", de João de Barro, com o qual fez bastante sucesso. Gravou também para o público infantil, com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra os fox "Canção do gato", de G. Paul e Dan Ray, com versão de João de Barro e Vinícius de Moraes e "Alice no país das maravilhas", de S. Fain e Bob Hilliard, com versão de João de Barro. Ainda nesse ano, participou dos filmes "É fogo na roupa", de Watson Macedo, e "Tudo azul", de Moacir Fenelon. No mesmo período, gravou na Todamérica as marchas "A mulher do diabo", de Antônio Almeida e "Salve a mulata", de Antônio Almeida e João de Barro. Em 1953, lançou a marcha "O cinzeiro da Zazá" e o samba "História da favela", de Nássara e Wilson Batista com acompanhamento de Severino Araújo e seu conjunto. Gravou ainda, da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira a marcha "Na China" e o samba "Reza por nosso amor", com acompanhamento de Astor e seu conjunto, este último considerado um dos mais belos sambas do ano. Nesse ano, voltou a gravar com os trios Madrigal e Melodia registrando a fantasia "Festa canora", de Humberto Teixeira e a toada "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Gravou ainda o samba "Cais do porto", de Capiba, considerado um das obras-primas do compositor pernambucano. Em 1954, fez sucesso com o samba "Couro de gato", de Grande Otelo, Rubens Silva e Popó.


Gravou também os sambas "Quem ainda não pecou", de Marino Pinto e Mário Rossi, "Dinheiro de pobre", de Rutinaldo e Norival Reis e "Fulana de tal" e "Minha amada dormiu", de Antônio Maria. Nesse mesmo ano, gravou com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra os sambas "Maria das Dores", de Ary Barroso e "Graças a Deus ela não veio", de Alcyr Pires Vermelho e João de Barro. Em 1955, gravou com Radamés Gnattali e sua orquestra os sambas "Ninguém tem pena", de Haroldo lobo e Milton de Oliveira, e "Você não quer, nem eu", de Ataulfo Alves, e com Astor e sua orquestra, a marcha-rancho "Lenço branco", de Roberto Martins e Jair Amorim. Nesse ano, fez sucesso com o "Samba fantástico", de José Toledo, Jean Manzon, Leônidas Autuori e o poeta Paulo Mendes Campos. Gravou também o LP "Brasil em ritmo de samba", intrerpretando entre outros "Brasil moreno", de Ary Barroso e Luiz Peixoto, "Canta Brasil", de David Nasser e Alcyr Pires Vermelho, "Isso aqui o que é?" e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. Numa época em que a maioria dos sambistas de morro era vista com certa indiferença, destacou-se como um dos grandes divulgadores das músicas de sambistas de escolas de samba, como Zé Kéti, Candeia, Silas de Oliveira e Elton Medeiros. "Essa gente não tinha oportunidade no rádio e nos discos", declarou ele em entrevista. O primeiro desses sambas a lhe render grande sucesso foi "A voz o morro", de Zé Kéti gravado em 1955 com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra. Em 1956, gravou os sambas "O samba não morreu", de Zé Kéti e Urgel de Castro, "O morro canta assim", de Norival Reis e José Batista, e "Meu passado em Mangueira", de Raul Sampaio e Ivo Santos. Regravou no mesmo ano os sambas "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, e "Onde o céu azul é mais azul", de João de Barro, Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho. Em 1957, gravou os sambas "Brasil", do maestro Lindolfo Gaya, "Mês de Maria", de Ary Barroso, "Sempre Mangueira", de Nássara, Wilson Batista e Jorge de Castro, e "Descendo o morro", de Billy Blanco e Antônio Carlos Jobim, e fez grande sucesso com o samba-canção "Laura", de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho.

Em 1958, gravou os sambas "Tudo é Brasil", de Vicente Paiva e Sá Roris, e "Isso é Brasil", de José Maria de Abreu e Luiz Peixoto. No mesmo ano, passou a gravar na RCA Victor estreando com o samba "Ave Maria no Salgueiro", de Jorge Morais e Rufino Gonçalves, e o samba-canção "Além do céu", de Sidney Morais e Edson Borges. Em seguida, gravou a valsa "Palhaço", de Ivon Curi, e o samba canção "Flor do lôdo", de Zé Kéti. Nesse ano, participou do filme "Rio 40 Graus", de Nélson Pereira dos Santos, no qual cantou o samba "A voz do morro". Ainda em 1958, foi agraciado com o troféu Microfone de Ouro instituído pela revista Radiolândia depois de escolhido por um júri de críticos especializados e representantes de agências de propaganda como o "Melhor cantor do ano" no Rádio. Na segunda metade dos anos 1950, junto com a companheira Nora Ney, esteve em diversos países do Leste europeu, fazendo shows, incentivado pela política do então presidente Juscelino Kubitschek de aproximação entre o Brasil e aqueles países da então ainda chamada "cortina de ferro". Na primeira viagem cultural ao Leste Europeu que organizou dirigiu um espetáculo com Paulo Moura, Conjunto Farroupilha, Dolores Duran, Nora Ney, Carmélia Alves e a soprano Maria Helena Raposo.



Numa dessas excursões, divulgou a música brasileira na China e na URSS, onde chegou a participar de 10 documentários para a TV e 5 para o cinema, além de outros países da Europa Oriental. Esta aproximação com países socialistas seria motivo de muitas perseguições sofridas durante a ditadura militar instaurada no Brasil em 1964, especialmente a inclusão de seu nome na primeira relação de personalidades da Rádio Nacional, demitidas por serem acusadas de comunistas. A esse respeito declarou ao Pasquim 21: "Quando saiu o golpe, 36 colegas nossos foram parar no Dops. Agora, vou dizer meu ponto de vista. César de Alencar não nos traiu. Foi uma luta política que nós perdemos. A sacanagem foi feita com ele também, que perdeu sua nomeação. (...) E independente dessa história toda de César de Alencar, no nosso meio havia também dois espiões da CIA". Em 1959, em seu terceiro disco na RCA Victor, lançou o samba "O último", de Wilson Batista e Jorge de Castro, que obteve razoável sucesso no carnaval, e a marcha "Vai tudo bem", de Antônio Almeida e José Batista. Ainda nesse ano, gravou o LP "Em tempo de samba", com, entre outras canções, "O samba não morreu", de Zé Kéti e Urgel de Castro e "O morro canta assim", deNorival Reis e José Batista. Ainda nesse ano, o jornal O Globo publicou nota com a seguinte notícia: "Jorge Goulart gravou "Trágica mentira", tema musical da novela homônima, de Ilza Silveira, transmitida pela TV Tupi. Em 1960, gravou na Continental as marchas "Pia cotovia", de João de Barro e "Fim do mundo", de Jorge de Castro, Wilson Batista e José Utrini. Nesse mesmo ano, lançou pela RCA Victor dois boleros de Antônio Almeida, "Feiticeira" e "Sonho cor de rosa".

Gravou em janeiro do mesmo ano o samba "Brasília, capital da esperança", de Cid Magalhães e Ivo Santos alusiva à nova capital brasileira que seria inaugura três meses depois. Logo depois gravou mais um samba de Zé Kéti, "Não sou feliz", parceria com Nelson Luiz. Também em 1960, gravou pela RCA Victor o LP "Eu sou o samba" no qual interpretou os sambas "A voz do morro" e "Lamento de um sambista", de Zé Keti; "Não sou feliz", de Zé Keti e Nelson Luis; "Eu nasci no morro", de Ary Barroso; "Meu samba", de Lúcio Alves e Armando Louzada; "Se o mal pensa é pecado", de Inara Simões de Irajá; "Brasília Capital da esperança", de Cid Magalhães e Ivo santos; "Samba fantástico", de Zezinho, Jean Manzon, Leônidas Autuori e Paulo Mendes Campos; "João Cachaça", de Vitor Dagô; "É luxo só", de Ary Barro e Luiz Peixoto; "É manhã no morro", de Mário Lago e Oldemar Magalhães, e "O Rei do samba", de Hervê Cordovil e Vicente Leporace. Também em 1960, participou, juntamente com Dercy Gonçalves, Zezé Macedo, Norma Blum e Wilson Grey, do filme "Mineirinha vem aí", com direção de Eurípedes Ramos e Hélio Barroso, interpretando o sambac "O Samba Mandou me Chamar". Em 1961, voltou para a gravadora Continental e lançou o tango "Tu vais passar", de Britinho e Fernando César, o samba "Atualidades francesas", de Nonato Buzar e as marchas "Foguete à lua", de Antônio Almeida e Nilo Barbosa, registrando a crescente corrida espacial entre estados Unidos e União Soviética e "Linda cubana", de Wilson Batista e Jorge de Castro, que também aludia a outra situação mundial bastante presente naqueles anos, a socialista ilha de Cuba, de Fidel Castro e Che Guevara.




 Em 1962, gravou as marchas "Greve das mulheres" e "Entra pelo cano", as duas de Haroldo Lobo, Silvino Neto e Milton de Oliveira. Nesse ano, gravou duas composições de Silvino Neto, o tango "Lágrimas de amor" e o bolero "Pergunte ao coração". Em 1963, gravou na Copacabana a balada "O prisioneiro", e Elmer Bernstein e Mack David, com versão de Fred Jorge e a famosíssima marcha-rancho "Marcha da quarta-feira de cinzas", de Vinícius de Moraes e Carlos Lira, a qual foi o primeiro a gravar. No mesmo ano, gravou na Mocambo de Pernambuco os sambas "Deus lhe dê em dobro", de Bastos Neves e Jorge de Castro e "Promessa", de Jujuba e Castrinho.e as marchas-rancho "Noites de gala", de Alcyr Pires Vermelho e Lamartine Babo e "Carnaval azul", de Jota Júnior. Em 1964, gravou as marchas "Na mulher não se bate", de Brasinha e David Raw e "A cabeleira do Zezé", de Roberto Faissal e João Roberto Kelly, sucesso absoluto do carnaval do ano do golpe militar e que se tornaria um clássico do carnaval carioca. Em 1965, obteve outro grande sucesso carnavalesco com a marcha "Joga a Chave, Meu Amor", de João Roberto Kelly e J. Rui. Por essa época cantou o samba-enredo "O último baile da monarquia", de Silas de Oliveira. Segundo o cantor, "Silas fez um samba-enredo chamado "Último baile da monarquia", contando em cinco partes o final do Império com o baile da Ilha Fiscal. Era um samba difícil de cantar, a terceira parte era muito alta, daí o Silas mandou me chamar. Era a primeira vez que um cantor de Rádio puxou uma Escola de Samba." Em 1971, realizou com sua companheira Nora Ney uma temporada na boate Feitiço da Vila, em Belo Horizonte, MG. Em 1974, fez o show "Brazillian Follies", no teatro do Hotel Nacional do Rio de Janeiro. Em 1977, lançou com Nora Ney o LP "Jubileu de prata" no qual interpretou "Alô pandeiro (Não é economia)", de Haroldo Lobo e Wilson Batista, "A timidez me devora", de Walter Rosa e Jorginho, "Os cinco bailes da história do Rio", de Ivone Lara, Bacalhau e Silas de Oliveira, "Fim de semana em Paquetá", de Alberto Ribeiro e João de Barro, e "Divina dama", de Cartola, além de cantar em dueto com Nora Ney a cançao "Provei", de Vadico e Noel Rosa. 

Em 1979 fez um show no Projeto Seis e Meia, da Sala Funarte, também no Rio, intitulado "Casal Vinte", ao lado de Nora Ney e onde ambos falavam de sua vida em comum, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin. O espetáculo obteve grande sucesso, a ponto de ser prorrogado na Sala Sidney Miller, a pedido do público. Em 1980, esteve à frente, junto com Nora, do show em homenagem a Lupicínio Rodrigues, "Roteiro de um boêmio", ainda realizado na Sala Funarte. Em 1981, também na Sala Funarte, participou do espetáculo "Oh! As marchinhas", também escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin, onde atuou ao lado de Emilinha Borba. O show rendeu um LP com o mesmo título lançado pela Phonodisc com clássicos do gênero como "As pastorinhas", de João de Barro e Noel Rosa, "História do Brasil", de Lamartine Babo, "Chiquita bacana", de Alberto Ribeiro e João de Barro, "O teu cabelo não nega", de Irmãos Valença e Lamartine Babo e "Pirata da perna de pau", de João de Barro e que seria seu último disco devido ao problema na garganta. Em 1982, realizou um show em comemoração aos 30 anos de casamento com Nora Ney, intitulado "De coração a coração", no Teatro Gonzaga, em Marechal Hermes, RJ. No ano de 2000, participou da homenagem prestada a Nora Ney (em cadeira de rodas) no Canecão, Rio de Janeiro por Elymar Santos, quando foi ovacionada pelo público no momento em que dublou (em mímica) a gravação de seu sucesso "Laura", de João de Barro e Alcir Pires Vermelho. Nesse ano, o selo Revivendo lançou o CD "Amor, meu grande amor - Nora Ney e Jorge Goulart", com músicas dos dois. Em 2003, participou do espetáculo "Canto para Nora Ney", apresentao pelas Cantoras do Rádio com roteiro, direção e apresentação em cena de R. C. Albin contando histórias dos bastidores do Ráio brasileiro.

Em janeiro de 2004, o jornal O Pasquim 21 publicou entrevista sua na qual contou detalhes de sua vida e carreira. Em 2009, foi homenageado por ocasião dos seus 83 anos de nascimento com um show realizado no Fluminense Futebol Clube e que contou com as presenças da o grupo Cantoras do Rádio formado por Carmélia Alves, Ademilde Fonseca, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima, além das cantoras Eymar Fonseca e Mariúza. Em 2010 , também no salão do Fluminense Futebol Clube, foi homenageado com o show "Por Quem Fez Por Mim eu Faço Agora", produzido por Paulo Bhártolo, que contou com as participações de Jorge Goulart, Luiz Vieira, Adelaide Chiozzo, Elymar Santos, e Ademilde Fonseca. Em 2012, por ocasião de seus 86 anos de nascimento, foi homenageado com um show realizado no Teatro Mário Lago, do Colégio Pedro II em São Cristóvão, que contou com as particpações de Luiz Vieira, Jerry Adriani, Zezé Motta, Ataulpho Alves Jr., Beto Caratori, Mariúza e Ademilde Fonseca, além do Maestro Agostinho Silva e seu conjunto e Hilton Abi-Rian.


Fonte: Dicionário da MPB

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