Em uma das destas postagem já publicadas sobre as histórias e estórias de nossa música eu trouxe a singular Alaíde Costa e abordei um pouco sobre o início de sua carreira e as dificuldades que a cantora teve para se firmar no mercado fonográfico brasileiro. Hoje trago novamente o nome desta cantora, que sem dúvida alguma foi um dos nomes femininos fundamentais e mais importantes para a divulgação e consolidação do movimento da Bossa Nova a partir de antológicas gravações como "Estrada Branca" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), "Minha Saudade" (João Donato e João Gilberto) e "Lobo Bobo" (Carlos Lyra e Ronaldo Boscoli). A sua relação com o movimento bossa novista é tão intenso que começa a apresentar-se em festivais temáticos Brasil afora. Após se apresentar-se em um desses eventos, o 1º Festival de Bossa Nova realizado na capital de São Paulo, a cantora resolve transferir-se definitivamente para São Paulo. Neste mesmo período conquista ao lado de seu amigo e parceiro Geraldo Vandré o comando do programa “No Balanço do Samba” na televisão Tupy (SP).
Na década de 1960 tem a oportunidade de lançar alguns LP's, dentre eles o “Alaíde, Canta Suavemente” e “Alaíde, Jóia Moderna” (ambos pela RCA Victor). Este segundo álbum, datado de 1961, tem um fato curioso: nele se encontram os primeiros arranjos gravados de Baden Powell. Em 1963 lança o LP “Afinal ... Alaíde Costa” pela gravadora Audio Fidelity , e em 1964, ela lança o seu maior sucesso, o clássico “Onde está Você” (Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini). Esta canção é responsável por momentos inesquecíveis na carreira da artista como uma apresentação ainda na década de 1960 no palco do Teatro Paramount (SP). Lá a artista obteve uma verdadeira consagração popular, sendo delirantemente aplaudida no meio da interpretação desta canção que ainda hoje, meio século depois, é uma das que não pode faltar nas apresentações da artista até os dias atuais. O sucesso da composição de Oscar e Luvercy oportunizou Alaíde assinar um contrato com a TV Record e participar de todos os seus principais programas, Festivais, shows e viagens.
Apesar do estrondoso sucesso, no final dos anos de 1960 a cantora em dado momento distancia-se dos holofotes, só retornando ao lado do cantor e compositor Milton Nascimento em 1972 quando volta a sua antiga gravadora Odeon, para participação especial no antológico álbum “Clube da Esquina”, onde, ambos interpretam em dueto o samba “Me deixa em Paz” (Monsueto e Airton Amorim), que permitiu ao grande público reencontrar-se com a querida intérprete que logo em seguida teve que se retirar novamente da cena artística para se submeter a duas cirurgias, para correção de seus problemas auditivos. Ao retornar a cena artística Alaíde protagoniza alguns antológicos álbuns de sua discografia como o lançado em 1982 ao lado de Hermínio Bello de Carvalho. Batizado de “Águas Vivas - Alaíde Costa, canta Hermínio Bello de Carvalho”, o disco saiu de modo independente. Este mesmo disco anos depois ganharia uma versão em CD lançada na França e só anos depois ganharia uma edição digital também aqui no Brasil pela Warner.
Apesar de sua escassa discografia se comparada a quantidade de anos que tem de carreira, Alaíde traz entre os títulos lançados verdadeiras obras primas da discografia nacional como são os casos dos discos “Amiga de Verdade”, lançado em 1988 e que conta com as participações de grandes nomes da MPB Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Ivan Lins, Paulinho da Viola, MPB4, dentre outros; o álbum “Alaíde Costa & João Carlos Assis Brasil”) que acabou por render dois volumes), o CD “Rasguei a minha Fantasia”, o CD “Bossa Nova Legends”, “Tudo que o Tempo me Deixou” (disco que lhe valeu em 2006 a indicação ao Grammy Latino, na categoria de "Melhor CD Romântico"), "Canções de Alaíde" e agora, recentemente e ao lado do cantor e compositor Gonzaga Leal, o álbum "Porcelana", disco que de certo modo comemora os oitenta anos da cantora e compositora.
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