Só em 2015 foram lançadas cinco biografias de artistas gaúchos, entre elas o “Almanaque do Lupi”
Por Juarez Fonseca
Em outros tempos, a bibliografia sobre a música do Rio Grande do Sul era muito pobrezinha. Nos anos 2000, felizmente, até acompanhando a efervescência nacional nesse sentido, os títulos começaram a se multiplicar. Em minha estante alinham-se cerca de 70 livros publicados no Estado desde a década de 1960 – e cerca de 40% deles de 2000 para cá. Mas para este comentário fico nos últimos cinco anos, tempo em que chegaram às livrarias pelo menos 18 volumes, que são os que tenho. Desses, separo 10 como sugestão de compra na Feira do Livro, começando com os cinco lançados em 2015, todos biográficos.
Fartamente ilustrado, o Almanaque do Lupi – 100 Anos (Editora da Cidade), de Marcello Campos, é a mais completa reunião de informações e histórias sobre Lupicínio Rodrigues já publicada. Vitor Ramil – Nascer Leva Tempo(Fumproarte), de Luís Rubira, recorta e analisa a trajetória do compositor através de seus discos. Julio Reny – Histórias de Amor & Morte (Artes e Ofícios), de Cristiano Bastos, narra em primeira pessoa a delirante e dolorida vida de um dos mais originais criadores do rock brasileiro. Esse Tal de Borghettinho (Belas Letras), de Márcio Pinheiro, conta como o gaiteiro tornou-se um símbolo do Rio Grande. E Elis Regina – Uma Biografia Musical(Arquipélago), de Arthur de Faria, agrega à história da maior cantora um inédito olhar porto-alegrense.
Nos anos 1980, os jornalistas Kenny Braga e Danilo Ucha começaram a destacar personagens da noite e da boemia da capital gaúcha, publicando pequenas biografias de Plauto Cruz, Jessé Silva e Túlio Piva. Da safra recente, o primeiro foi Darcy Alves – Vida nas Cordas do Violão (Libretos/Fumproarte, 2010), do jornalista Paulo César Teixeira, sobre o lendário músico que tocou com Lupi e acompanhou três gerações de cantores até morrer, em março passado. Paulo forma com Marcello Campos e Arthur de Faria a trindade dos novos pesquisadores do Sul. São de Marcello, igualmente jornalista, as biografias de dois cantores também ligados a Lupicínio: Minha Seresta – Vida e Obra de Alcides Gonçalves (Editora da Cidade, 2011) e Johnson – “O Boxeur Cantor”(Fumproarte, 2014).
Para fechar a lista, indico Na Ponta da Agulha (Editora da Cidade, 2012), saborosas memórias do DJ e radialista Claudinho Pereira, sobre a vida noturna de Porto Alegre dos anos 1960 aos 80, e Suingue, Samba-Rock e Balanço(Medianiz, 2013), em que o músico Mateus Berger Kuschick reconstitui, analisa e amplia a particularíssima cena musical surgida nos anos 1960 no bairro Partenon.
A Nega Lu e o alemão Gessinger
São mais sobre cultura e comportamento do que sobre música, mas têm muita música outros dois livros de Paulo César Teixeira que recomendo sem pestanejar: Esquina Maldita (Libretos/Fumproarte, 2012), que já pode ser considerado um clássico, e o recém-lançado Nega Lu – Uma Dama de Barba Malfeita (Libretos/Fumproarte), sobre esse mitológico personagem da vida mundana da Capital – autógrafos nesta terça-feira, às 18h, na Feira do Livro. De forma direta (Editora da Cidade) ou indireta (Fumproarte), é impressionante a participação da prefeitura de Porto Alegre neste cenário de recuperação de memória: está em oito dos 13 livros mencionados aqui.
E não posso desembarcar deste texto sem sugerir os livros de Humberto Gessinger lançados pela editora Belas Letras a partir de 2009, com memórias, causos e reflexões da estrada, dos palcos, da vida. O quarto, de 2013, chama-seSeis Segundos de Atenção. Ele escreve muito bem.
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