Estandarte do Maracatu Nação Elefante fundado em 15/11/1800
Algumas pessoas contam os anos de vida em janeiros ou carnavais. É uma maneira bem nordestina dizer, tenho “tantos” janeiros, ou “tantos” carnavais, se referindo à idade.
No meu caso ficou fácil, nasci em janeiro e já brincava carnaval no útero da minha mãe, portanto são 68 carnavais, ou janeiros. Fiz e faço tudo que tenho direito e atualmente o que a idade permite, mas, passar em branco não faz parte dos meus planos, pelo menos a curto e médio prazo. Carnaval de rua, bailes nos clubes sociais, e o corso onde conheci minha mulher há 48 anos. Pra ela dediquei um frevo que diz: Perdido em plena folia / ao sol do meio-dia / encontrei você.
Nos anos cinquenta meus avós paternos moravam na Rua da Concórdia, próximo ao centro do Recife, foco da folia, onde além do corso desfilavam clubes e blocos carnavalescos. Toda a família participava ativamente dos festejos, minhas duas irmãs eram excelentes passistas, e sempre convidadas para “fazer o passo” sob os aplausos da plateia.
Tínhamos lugar reservado na arquibancada da Pracinha do Diário, para ver de perto o desfile das agremiações, todas, nunca me esqueço do malabarismo do porta estandarte da Troça Carnavalesca Mista Cachorro do Homem do Miúdo, que apesar do peso escalava o camarote dos juízes, equilibrava na testa, se agachava e levantava sem nunca perder o equilíbrio. Na noite dos Maracatus o mais esperado era o Nação Elefante com sua majestosa rainha Dona Santa e seu séquito.
Já idosa desfilava num jeep willys fazendo alguns movimentos com os braços saudando os seus súditos. Por lá vi passar: Vassourinhas, Prato Misterioso, Batutas de São José, Clube das Pás Douradas, Madeira do Rosarinho, Lenhadores, e tantos outros. Nos alto-falantes pendurados nos postes por toda cidade ouvia-se FREVO em suas várias modalidades e nada mais. Era o suficiente para os passistas mostrarem seus dotes em qualquer canto e a qualquer hora. Não sou saudosista apenas me reservo o direito de só participar do carnaval autêntico e verdadeiro. Gosto de ver os Blocos Líricos, Clubes e Troças, Maracatu Nação e de baque solto, este também conhecido como Maracatu Rural, Caboclinhos e Ursos. Orquestra pra mim tem que estar no chão, onde eu possa sentir a vibração dos instrumentos, de preferência sem amplificação. Nunca tive problemas com segurança pessoal, tudo que aqui citei ocorre durante o dia, em alguns casos como os Blocos, desfilam até no máximo ás vinte e duas horas. Depois disso estou recolhendo o barco e deixo as ruas para os afoitos e corajosos.
O Frevo de Bloco Ritual Encantado de minha autoria e Talis Ribeiro, faz parte da Coletânea de Frevos Pernambuco Frevando Para O Mundo Volume Dois lançado pela Passa Disco.
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