Por Jaquim Macedo Junior
MÚSICAS DE PARTIDAS, CHEGADAS, ACALANTOS, TRILHAS DE VIDA – I
Primeira despedida
Sempre que me vi saído, deslocado de onde nasci pensei, canterolei me aliviei cantarolando canções de partidas e chegadas.
Para mim, obra-prima de narrativa de uma despedida é “No Dia que eu vim me embora”, de Caetano Veloso, contando cada passo, do batente de casa, traduzindo com notas musicais os momentos de choro melódico de seus parentes deixados, até a companhia do pai até o porto, que o levaria do Recôncovo . Mas havia, além de uma tristeza, uma dor, uma determinação – e “eu nem olhava para trás” – e mais – “não teve nada demais”.
No dia que eu vim me embora – Caetano Veloso
Como soube da letra, de cor, desde sua primeira gravação, usei muito esta canção para aliviar minha alma, quando minha alma pedia.
No dia em que eu vim-me embora
Minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui
E eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora
Não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte, brim cáqui
Minha avó já quase morta
Minha mãe até a porta
Minha irmã até a rua
E até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho
Vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo
Nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada
Fedia, cheirava mal
Afora isto ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando, nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Nem chorando nem sorrindo
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
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