HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS – 08
FARELIM DE NADA
Sentados à mesa, eu, Dulce, Maria Dapaz e Jô, numa tardinha de sexta-feira. Após o cuscus, o café, o pão, os bolinhos, Dulce insistia para que Dapaz comesse mais um pouco, ainda que fosse um farelim de nada, para atestar a qualidade daquele queijo chegado do Crato. O pedido não surtiu efeito, mas o termo ‘ farelim de nada’ chamou-me a atenção, saio dali direto pro computador e, mais tarde, inspirou o xote que foi gravado originalmente por Maciel Melo e, depois, por Aracílio Araújo, Irah Caldeira, Antônio Paulino (CD e DVD), Osmando Silva (de Monteiro) e Kelly Rosa.
FARELIM DE NADA
de Xico Bizerra
eu gosto tanto de tu e tu de mim um farelim de nada,
eu quero tanto bem a tu e tu não pisa na minha calçada,
o que é que eu vou fazer? quero um pedaço de felicidade,
mais um tiquinho de tua amizade,
é só o que me resta pra eu ser feliz
se adoro xote, tua alpercata só dança bolero,
se o meu lero-lero, cheio de ô-xente não te encanta mais,
se uso chita e tu prefere paletó de linho,
se pelo meu caminho tu arrodeia e passa por trás,
se quando eu canto pras tuas ‘oiça’ eu sou um cabra mudo,
pra mim tu és um farelim de tudo, é só o que me falta pra eu ser feliz
na tua orquestra eu não consigo ler a partitura,
tua pedra é dura e minha água mole não tem jeito de furar,
tu és o grito e eu sou cabrito desses que não berra,
tu és um pé de guerra, eu sou um lenço branco pra te acenar,
és onça braba, sou bicho manso, passarim miúdo,
pra mim tu és um farelim de tudo, é só o que me falta pra eu ser feliz
se dou um cheiro, tu me devolve zero de afeto,
meu caminho é reto, nas tuas curvas não posso passar,
sois do azul e eu sou do partido encarnado,
tu fecha o cadeado, sou porta escancarada a te esperar,
tu não me quer, mas mesmo assim de ti eu não desgrudo,
pra mim tu és um farelim de tudo, é só o que me falta pra eu ser feliz
eu gosto tanto de tu …
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