Primeiro, em 1984, vieram as meninas do Leblon que não olhavam mais para Herbert Vianna devido aos óculos. Até aí tudo bem, tratava-se de um contexto pueril e até aceitável para uma época em que tudo era festa pela redemocratização do país. Três anos depois, Marina Lima afirma que os inocentes do Leblon são desinformados, pois “Esses nem sabem de você...” como diz a letra de Virgem.
Pois bem, Chico... Quase duas décadas após esta afirmação da Marina, ainda há um nicho significativo do Leblon que continua inocente... e o pior: nem sabem de você, da sua história e nem tão pouco o quanto você representa para a música popular brasileira. Vale ressaltar que não é obrigação de ninguém reconhecê-lo, mas respeitar a sua história sim! Uma história construída ao longo das últimas cinco décadas e que, de certo modo, se estes tais jovens desligassem os seus respectivos aparelhos de TV e fossem consultar alguns livros (até sugiro a coleção do Elio Gaspari sobre a ditadura), talvez reconhecessem que você é um dos maiores compositores da história de nossa música e agiriam de outro modo. O pior de tudo é que essa pseudo “fúria” da elite branca brasileira é caricata e engraçada. Mas por aparentar-se tão ingênua e sem valor vem somando vítimas ao longo de nossa história e que, em muitas situações, nada tem a ver com questões partidárias. Mas tudo bem... levemos em consideração só o contexto político. Soma-se aí: Getúlio, Jango, Marighella, Gregório Bezerra, Rubens Paiva entre outros.
Fato inegável é que as elites brasileiras jamais aceitaram ser governadas por alguém que foge do seu clã, do seu nicho. Quando elas se viram ameaçadas pela preferência popular, expuseram um implacável ódio que acabou direcionado a um partido político, seus membros e simpatizantes. No entanto esqueceram que a conjuntura política existente em nosso país não restringe-se a uma determinada sigla partidária. Longe de mim defender partido A nem B, mas convenhamos, se são os inocentes do Leblon um dos referenciais da elite nacional, eles continuam desinformados conforme havia dito Marina há dezoito anos atrás... e o pior: acabaram, ao longo destes anos, enquadrando-se, de modo caricato, nos mesmos moldes midiáticos que cultivam uma programação que ao invés de entreter acaba por programar sujeitos a uma espécie de subserviência tolhida de qualquer reação cognitiva.
Caro Chico, a melhor resposta que poderias ter dado ao raivoso jovem que expunha suas ideias fundamentadas em alienantes revistas semanais e afins seria um trecho, por coincidência de sua lavra, da canção Hino de Duran: “Se pensas que pensas estás redondamente enganado...”. Já que não houve uma resposta de imediato de sua parte eu me atrevo a responder por você ao jovem que chamou de merda. Como diria Caetano: “Merda, merda pra você, desejo merda... merda pra você também, diga merda e tudo bem... merda toda noite e sempre, amém.” Siga o seu caminho enquanto artista brasileiro. Amanhã vai ser outro dia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário