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domingo, 20 de setembro de 2015

TÚLIO BORGES LANÇA ÁLBUM CUJO TÍTULO FAZ ALUSÃO AO REPERTÓRIO DOS REPENTISTAS SEBASTIÃO DIAS E JOÃO PARAÍBANO

Imerso as suas reminiscências, o cantor, instrumentista e compositor brasiliense lança "Batente de Pau de Casarão", fruto de sua admiração pelos poetas e cantadores nordestinos.



"Proponho aos ouvidos atentos prestarem bastante atenção ao trabalho musical de Túlio Borges. Depois a gente conversa." A assertiva é do musicólogo e crítico de música Zuza Homem de Mello, a respeito da produção musical do cantor e compositor brasiliense. Pianista por formação, Túlio Borges já foi premiado em diversos festivais do país por sua criação musical poética e híbrida. Seu álbum de estreia, "Eu venho vagando no ar" (2010), é festejado pela crítica especializada pela profundidade, delicadeza e poesia calorosa, o perfeito domínio de textos e ideias, a cuidadosa feitura e, de acordo com Tárik de Souza, por ser um manifesto de um novo e singular artista. O disco foi nomeado como um dos 50 melhores do ano pela Revista Manuscrita, indicado para o Prêmio da Música Brasileira e rendeu ao autor o prêmio de Melhor Cantor Independente de 2010, concedido pela Rádio Cultura de São Paulo, enquanto o álbum foi escolhido como um dos cinquenta melhores discos do ano e nominado para o Prêmio da Música Brasileira. Este ano, o Túlio Borges apresenta seu novo trabalho, o álbum "Batente de Pau de Casarão". O disco é dedicado à cidade de São José do Egito (PE), conhecido berço da poesia popular nordestina e terras de nomes sagrados do panteão do repente, como Louro do Pajeú, Rogaciano Leite e Antônio Marinho. Em São José, onde diz-se que quem não é poeta é louco e quem é louco faz poesia, nasceu o pai do músico e compositor. Desta forma, aliando sua reconhecida e singular musicalidade brasiliense às raízes nordestinas. Túlio perfaz neste álbum o caminho poético-afetivo deste Sertão do Pajeú pernambucano até a moderna e convergente Brasília, capital onde nasceu e reside, aliando assim a reconhecidamente singular musicalidade brasiliense às suas raízes nordestinas.



A história do disco perfaz o caminho de São José do Egito (PE), terra dos maravilhosos vates do repente, dos nomes quase sagrados na poesia popular nordestina como o de Louro do Pajeú, Rogaciano Leite e Antonio Marinho, até a capital do país, Brasília. O álbum "Batente de Pau de Casarão"  fia cuidadosamente parcerias de Túlio com poetas nordestinos, como o Jessier Quirino (PB) e Climério Ferreira (PI), que se constituem em entoações contemporâneas e citadinas e um novo perfil sonoro para a poética do sertão. Trata-se de um projeto singular, fruto da admiração do cantor e compositor pelos grandes nomes da poesia popular nordestina como pode-se atestar ao ouvir o disco. 

"A história deste disco começa no Sítio dos Grossos, em São José do Egito, Pernambuco. Em 1942, na terra dos maravilhosos vates do repente, onde quem não é poeta é louco e quem é louco faz poesia, nasceu meu pai. De lá vieram os nomes quase sagrados de Pinto do Monteiro e Louro do Pajeú pousar humildes, silenciosos e agigantados na minha infância, trinta e oito anos depois e a mil e quinhentos quilômetros distante, em Brasília. Percebi cedo, como um processo geológico que pede o passar consistente e misterioso de muito tempo para formar uma pedreira e uma jazida, a poesia do improviso no sertão do Pajeú. De modo que na adolescência eu ouvia cassetes de cantoria, me interessava por folhetos e aprendia quem eram os grandes da poesia nordestina.

Em 2012, em viagem para levar meu pai que fazia vinte anos não revia a terra e os familiares, lá voltamos. Fora a emoção dos reencontros, lembranças diversas de todos, o bode com arroz de leite, o bolo de caco de minha tia e as cantorias, houve um pulo à cidade de Patos da Paraíba. Era noite escura e íamos com a estrada iluminada apenas pela Veraneio, quando meu primo Alex pôs no som um CD de Zeto e adiantou que eu ia gostar... Começava ali, de súbito naquela noite feita, uma outra viagem dentro da viagem. Zeto solava na escuridão, do violão arrancava um diamante bruto, recitava, cantava como se houvesse apenas isso no mundo, atitude e poesia assombrosas. Remetia-me à essência mais bonita, atemporal e que mais me emociona no ser humano. Fiquei doido e, com meu juízo, quis aprontar logo um disco.

Anos depois, juntei os queridos parceiros e parcerias e aqui está. Este trabalho é fruto da minha admiração pelos poetas e cantadores nordestinos, uma interpretação e aproximação da minha história.", assim define o projeto o autor.

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