Por Lucas Arruda
Colocar um valor no trabalho de alguém não é algo fácil, por isso na hora de uma instituição, seja ela pública ou privada, abrir um edital é necessário avaliar inúmeros critérios. No início do mês, o SESC publicou um edital de contratação de músicos com valores considerados "ridículos" pela classe por serem muito baixos.
A seleção para shows em projetos aqui em Campo Grande, Dourados e Corumbá, remuneram os grupos com os valores de, no máximo, R$ 320,00.
Os cachês começam em R$ 170, para grupos com 3 integrantes. De quatro a seis músicos, são R$ 280 no total a serem pagos. De sete integrantes acima, o valor é de R$ 320. O edital deixa claro que as quantias são pagas para a banda, não por integrante. Pior, avisa que ainda serão descontados os tributos, o que deixaria o pagamento ainda menor.
O guitarrista da banda Beatles Maníacos, Eloy Paulucci, ficou sabendo do edital por meio de uma amiga, que não havia lido. Ele foi atrás e achou os valores "desrespeitosos" com toda a classe dos músicos. “Este cachê (R$ 170) é até aceitável se for para um músico com voz e violão, mas para uma banda com vários integrantes não é”, aponta.
Para shows de outros artistas convidados para eventos maiores, de boa divulgação, o SESC paga em média de R$ 1.500 a R$ 2.000. Já em um edital, o participante precisa passar por um viés burocrático, tendo que conseguir vários documentos para participar. “Tudo isso gera um custo e, além disso, muitas vezes temos que contratar um funcionário para nos ajudar com os equipamentos, um técnico de som e gastamos com o transporte para a realização e alguns outros gastos também. Para uma banda com quatro integrantes ou mais o mínimo seria R$ 1.500 de cachê”, avalia.
O presidente do Simatec/MS (Sindicato dos Músicos, Autores e Técnicos de Mato Grosso do Sul), Beko Santanegra, lembra que ainda não há um piso salarial para os músicos do Estado e que a instituição pode pagar o valor que achar justo.
“Estamos lutando pelo nosso piso, que é de R$ 160 por músico, mas ainda estamos esperando a aprovação do Ministério do Trabalho, mas realmente estes cachês para bandas não está de acordo com o que lutamos. O que podemos fazer é propor à classe que não participe do edital”, afirma.
Quando leu o edital, Eloy até chegou a questionar a instituição se havia algum erro, se estava faltando algum zero, mas recebeu a resposta de que o está correto. “Está sendo imposto um cachê ridículo”, avalia.
Ainda está no edital que caso o contratado não cumpra a obrigação assumida, deverá pagar uma multa correspondente a 10% do valor do cachê, o que nesse caso é até vantagem, porque ficaraia entre R$ 17 e R$ 32. “Seria melhor pagar a multa do que fazer a apresentação, sai mais barato”, brinca indignado o guitarrista.
Depois do questionamento feito pelo Lado B, a assessoria de imprensa do SESC garantiu que o edital de seleção de artistas e grupos de música está cancelado para reavaliação dando maior clareza às cláusulas. O novo edital será publicado em 15 dias.
Simples... basta não se cadastrar para tocar lá.
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