Músico que trocou Joaíma pelo Rio de Janeiro e fez o Brasil cantar 'O bom' celebra este ano meio século de carreira
Por Ana Clara Brant
Mais do que se dizer integrante da Jovem Guarda, Eduardo Araújo se define como um roqueiro, acima de tudo. Aliás, o primeiro de Belo Horizonte e de Minas Gerais. “O rock’n’ roll embrionou a Jovem Guarda. Ali foi o começo de tudo. Pra falar a verdade, nem no programa deles fui, até porque tinha a minha própria atração, O bom, na TV Excelsior, ao lado da Sylvinha, que se tornaria minha esposa”, afirma. A cantora morreu de câncer aos 56 anos, em 2008.
O cantor e compositor conta que, quando se mudou de Joaíma para Belo Horizonte para estudar, fazia parte de uma juventude “muito alegre e transviada”. Nem pensava em ser artista, queria apenas curtir a vida, namorar e andar de lambreta. No entanto, ele sempre tocou violão e gostava de música – sobretudo de Luiz Gonzaga.
As coisas começaram a mudar quando ele participou do programa de rádio de Aldair Pinto. Eduardo tomou coragem e “fugiu” para o Rio de Janeiro, pois a família desaprovou os planos de ser artista. “Chegando lá, procurei a Rádio Mayrink Veiga e eles acharam curioso eu ser um roqueiro de Minas Gerais. Logo depois, fui contratado pela Philips e, com apenas 16 anos, lancei meu primeiro disco, O garoto do rock”, orgulha-se.
Eduardo participou do Clube do Rock ao lado de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia e Renato e seus Blue Caps. Tinha também ligação especial com o produtor, compositor e apresentador Carlos Imperial. Os dois são parceiros em várias canções – inclusive o hit O bom –, e o mineiro chegou a gravar algumas músicas dele. Até hoje, O bom mobiliza as pistas. “Meu carro é vermelho/Não uso espelho pra me pentear/Botinha sem meia/E só na areia eu sei trabalhar/Cabelo na testa/ Sou o dono da festa”, diz o hino dos rebeldes sessentistas.
Um dos pioneiros do rock nacional, Eduardo Araújo sempre foi um homem ligado ao campo, até porque nasceu em fazenda. “Sempre conciliei a carreira com esse meu lado de criador de cavalo. Já gravei discos de rock progressivo, psicodélico e soul music, produzido inclusive pelo Tim Maia. Pra não fugir do rock, passei a cantar country rock”, conta ele, que lançou cerca de 30 álbuns. O mais recente é Lado a lado, que traz 14 faixas inéditas e clássicos como Um violeiro toca (Almir Sater e Renato Teixeira), além de composições autorais.
Este ano, Eduardo Araújo vai lançar o DVD comemorativo de seus 50 anos de carreira, gravado ao vivo no Grande Teatro do Sesc Palladium, na capital mineira. Sérgio Reis, Renato Teixeira, Tadeu Franco, Landau e a dupla Victor e Leo participaram do projeto. Eduardo afirma que convidou pessoas que fizeram parte de sua história. “Fiz o show no lugar onde tudo começou. Antigamente, o Palladium era um cinema, cheguei a cantar e tocar lá. Foi um momento muito especial”, conclui.
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