Em mais um tributo, o cantor e compositor Luiz Henrique homenageia um representativo nome do samba que pela primeira vez tem um disco totalmente dedicado à sua obra
Por Bruno Negromonte
Obstinação. Esse talvez seja o adjetivo que melhor se encaixe nos projetos fonográficos do artista em questão. Luiz Henrique chega ao mercado fonográfico com mais um projeto (o terceiro) em homenagem aos compositores que corroboraram para escrever a história da música popular brasileira ao longo do século XX. Depois de apresentar álbuns reverenciando nomes como Sinhô, Noel Rosa e compositores da década de 1930; o cantor e compositor fluminense agora antecipa-se ao centenário do grande sambista Silas de Oliveira a ser comemorado em 2016 e traz ao mercado mais um disco de destaque para o universo do samba. Este álbum, que chega com uma característica bem peculiar: é o primeiro disco totalmente dedicado as composições de Silas de Oliveira como foi possível destacar recentemente em uma de nossas pautas: "EM MOMENTO OPORTUNO, LUIZ HENRIQUE REVERENCIA EM GARBOSO PROJETO SILAS DE OLIVEIRA". Hoje o artista retorna ao nosso espaço e, de modo bastante solícito, concede-nos esta pequena entrevista onde aborda os mais distintos temas, dentre os quais o seu “afronto” a essa cultura vigente e deplorável a qual a música de qualidade está em ampla desvantagem, fala um pouco mais sobre como foi a elaboração do álbum "O Império de Silas - ao grande mestre do samba Silas de Oliveira", seus planos para o segundo semestre e, se dentro do nosso cenário musical atual, existe alguém que merecerá um tributo a altura do que ele fez ao saudoso compositor Sinhô. Vale a pena conferir!
Em um país que preza por um tipo de música descartável você vem com trabalhos de artistas perenes. Quais as consequências mais evidentes desse "Afronto" a tais padrões vigentes?
Luiz Henrique - A conseqüência deste “afronto” é a distância cada vez maior da grande mídia. Até porque o artista que grava as obras que tenho gravado não sonha com o aparecimento constante nos principais veículos de comunicação, tem sim o profundo desejo de ver seus trabalhos reconhecidos por um determinado segmento dentro do qual um dia espera ser respeitado. Se isto acontecer, já me considerarei vitorioso.
Ainda há solução para esse quadro que assola a cultura brasileira?
LH - Acredito que não existam grandes interesses para se reverter esta situação, até porque, muitos outros problemas teriam que ser solucionados antes. O atual quadro cultural do nosso país bem reflete o caos social e econômico pelo qual ele passa. Para termos condições de separar o joio do trigo, nós precisamos de mais informação, maiores esclarecimentos, mais investimento na educação, talvez com uma política governamental de maior incentivo à cultura nas próprias escolas de ensino fundamental e médio. As pessoas só começam a ter interesse por certo assunto quando ele passa a ser apresentado a elas.
Pela lembrança das oito décadas sem Sinhô, considerado por muitos como o Rei do samba, você gravou um belíssimo tributo em 2010 atestando a atemporalidade de sua obra. Em sua opinião, dentre os compositores contemporâneos seus quem merecerá projeto semelhante oito décadas depois de sua partida?
LH - Na verdade, dentre os compositores da minha geração, que são os nascidos na década de 70, e incluindo aí também os mais novos, das décadas de 80 e 90, creio que nenhum deles tenha ainda adquirido bagagem suficiente a ponto de fazer jus a uma homenagem pelos seus oitenta anos de saudade. Pode ser que alguém ainda faça por merecer. Porém, num conceito mais amplo do que seja contemporaneidade, entre os autores mais antigos que ainda alcancei fazendo sucesso, acredito que haja sim algumas figuras merecedoras desta homenagem, não só no samba como também em outros gêneros musicais.
Você poderia falar como se deu o seu contato com a obra de Silas?
LH - Foi um amigo em comum, entre mim e a família do Silas de Oliveira, que me deu a ideia de gravar a obra deste baluarte da Serrinha. Aí então fui pesquisar sobre ele. Antes disso, sou sincero em dizer que não conhecia muita coisa da obra deste grandioso compositor, apenas “Aquarela Brasileira” e “Meu Drama”. Há também alguns outros sambas que, embora já tivesse ouvido, somente através da obra Silas de Oliveira, do jongo ao samba-enredo, biografia de Silas escrita pela respeitada escritora Marília Trindade Barbosa, tive conhecimento de serem também de sua autoria. Após ler o livro, tomei a decisão de que deveria lançar a obra que faltava ao mundo fonográfico: um disco reunindo apenas composições do grande mestre, inclusive a própria Marília me deu a honra de escrever o texto de apresentação do CD.
Por Bruno Negromonte
Obstinação. Esse talvez seja o adjetivo que melhor se encaixe nos projetos fonográficos do artista em questão. Luiz Henrique chega ao mercado fonográfico com mais um projeto (o terceiro) em homenagem aos compositores que corroboraram para escrever a história da música popular brasileira ao longo do século XX. Depois de apresentar álbuns reverenciando nomes como Sinhô, Noel Rosa e compositores da década de 1930; o cantor e compositor fluminense agora antecipa-se ao centenário do grande sambista Silas de Oliveira a ser comemorado em 2016 e traz ao mercado mais um disco de destaque para o universo do samba. Este álbum, que chega com uma característica bem peculiar: é o primeiro disco totalmente dedicado as composições de Silas de Oliveira como foi possível destacar recentemente em uma de nossas pautas: "EM MOMENTO OPORTUNO, LUIZ HENRIQUE REVERENCIA EM GARBOSO PROJETO SILAS DE OLIVEIRA". Hoje o artista retorna ao nosso espaço e, de modo bastante solícito, concede-nos esta pequena entrevista onde aborda os mais distintos temas, dentre os quais o seu “afronto” a essa cultura vigente e deplorável a qual a música de qualidade está em ampla desvantagem, fala um pouco mais sobre como foi a elaboração do álbum "O Império de Silas - ao grande mestre do samba Silas de Oliveira", seus planos para o segundo semestre e, se dentro do nosso cenário musical atual, existe alguém que merecerá um tributo a altura do que ele fez ao saudoso compositor Sinhô. Vale a pena conferir!
Em um país que preza por um tipo de música descartável você vem com trabalhos de artistas perenes. Quais as consequências mais evidentes desse "Afronto" a tais padrões vigentes?
Luiz Henrique - A conseqüência deste “afronto” é a distância cada vez maior da grande mídia. Até porque o artista que grava as obras que tenho gravado não sonha com o aparecimento constante nos principais veículos de comunicação, tem sim o profundo desejo de ver seus trabalhos reconhecidos por um determinado segmento dentro do qual um dia espera ser respeitado. Se isto acontecer, já me considerarei vitorioso.
Ainda há solução para esse quadro que assola a cultura brasileira?
LH - Acredito que não existam grandes interesses para se reverter esta situação, até porque, muitos outros problemas teriam que ser solucionados antes. O atual quadro cultural do nosso país bem reflete o caos social e econômico pelo qual ele passa. Para termos condições de separar o joio do trigo, nós precisamos de mais informação, maiores esclarecimentos, mais investimento na educação, talvez com uma política governamental de maior incentivo à cultura nas próprias escolas de ensino fundamental e médio. As pessoas só começam a ter interesse por certo assunto quando ele passa a ser apresentado a elas.
Pela lembrança das oito décadas sem Sinhô, considerado por muitos como o Rei do samba, você gravou um belíssimo tributo em 2010 atestando a atemporalidade de sua obra. Em sua opinião, dentre os compositores contemporâneos seus quem merecerá projeto semelhante oito décadas depois de sua partida?
LH - Na verdade, dentre os compositores da minha geração, que são os nascidos na década de 70, e incluindo aí também os mais novos, das décadas de 80 e 90, creio que nenhum deles tenha ainda adquirido bagagem suficiente a ponto de fazer jus a uma homenagem pelos seus oitenta anos de saudade. Pode ser que alguém ainda faça por merecer. Porém, num conceito mais amplo do que seja contemporaneidade, entre os autores mais antigos que ainda alcancei fazendo sucesso, acredito que haja sim algumas figuras merecedoras desta homenagem, não só no samba como também em outros gêneros musicais.
Você poderia falar como se deu o seu contato com a obra de Silas?
LH - Foi um amigo em comum, entre mim e a família do Silas de Oliveira, que me deu a ideia de gravar a obra deste baluarte da Serrinha. Aí então fui pesquisar sobre ele. Antes disso, sou sincero em dizer que não conhecia muita coisa da obra deste grandioso compositor, apenas “Aquarela Brasileira” e “Meu Drama”. Há também alguns outros sambas que, embora já tivesse ouvido, somente através da obra Silas de Oliveira, do jongo ao samba-enredo, biografia de Silas escrita pela respeitada escritora Marília Trindade Barbosa, tive conhecimento de serem também de sua autoria. Após ler o livro, tomei a decisão de que deveria lançar a obra que faltava ao mundo fonográfico: um disco reunindo apenas composições do grande mestre, inclusive a própria Marília me deu a honra de escrever o texto de apresentação do CD.
O álbum "O Império de Silas - ao grande mestre do samba Silas de Oliveira" tem suas faixas muito bem divididas entre clássicos da lavra do compositor e canções menos conhecidas. Quais foram os critérios para a escolha do repertório?
LH - Realmente a escolha do repertório foi uma tarefa bem difícil, até porque não ouvi um único samba de Silas que pudesse ser considerado mais ou menos, gostei muito de todos. Acabei dando prioridade aos sambas de quadra, escolhendo obras mais conhecidas como “Meu Drama”, que foi tema da novela “Pai Herói” (da Rede Globo - 1979) na maravilhosa voz de Roberto Ribeiro e “Me Leva”, um grande sucesso do cantor Anísio Silva, mas, claro, não pude deixar de gravar também os sambas de enredo, visto que foi com este gênero que Silas de Oliveira triunfou. Dentre eles, escolhi os que se destacaram mais no cenário carnavalesco, como, por exemplo, o clássico “Aquarela Brasileira”, e o já tão esquecido “Caçador de Esmeraldas”, uma parceria de Silas com Mano Décio que levou o Império Serrano a conquistar o título em 1956.Há, porém, no disco, algumas composições como “Calamidade” e “Amor Aventureiro”, que não tiveram o destaque merecido ao serem lançadas originalmente. Observo ainda que a variedade de temas também foi critério usado na seleção do repertório e confesso que, quando procurei os produtores do disco, o Thiago da Serrinha e o Julio Florindo, eu já estava com as músicas praticamente escolhidas, faltando apenas decidir entre duas, tendo nisso acatado a sugestão do Thiago, favorável à inclusão de “Pernambuco, Leão do Norte”.
Você apresenta ao público sedento por música de qualidade pela primeira vez um álbum dedicado inteiramente a obra de Silas de Oliveira. Você como também pesquisador do nosso cancioneiro tem conhecimento de algum outro artista também neste contexto?
LH - Gosto sempre de esclarecer que não sou propriamente um pesquisador, mas sim um cantor que tem a necessidade de pesquisar para poder elaborar seus projetos musicais. Existem sim alguns outros autores neste contexto, mas eu citaria aqui Caninha, compositor que, tal como Sinhô, também se destacou nos anos 20, tendo sido o único que de fato conseguiu ameaçar a hegemonia do Rei do Samba, tanto que foi considerado Imperador do Samba. Caninha pertencia ainda àquela leva de compositores do samba amaxixado e teria sido o mais antigo sambista brasileiro, o que nasceu primeiro. Muitas de suas letras servem para retratar a sociedade de então.
Depois de homenagear Sinhô (compositor dos anos 1920), Noel Rosa e seus contemporâneos (autores dos anos de 1930), agora vem Silas de Oliveira (autor das décadas de 1950 e 1960). E os anos de 1940? Você pretende ainda abordá-los?
LH - Penso que os anos 40 tenham sido uma fase de transição entre o dito período áureo da música brasileira, que durou de 1930 até mais ou menos 1945, e a Era dos Auditórios que teve seu ápice nos anos 50. De fato, eu pulei a década de 40, mas foi por uma boa causa, homenagear Silas de Oliveira nas proximidades de seu centenário. Embora não acredite que meu próximo CD possa ser de obras deste período, não descarto tal possibilidade para projetos futuros, até porque foi uma época de produção musical bastante diversificada.
"O Império de Silas" tem como uma de suas principais características a congregação de relevantes nomes do samba e a participação de diversos nomes do gênero. Muitos desses mesmo nomes encontram-se intrinsecamente ligados ao homenageado. Como aconteceram as adesões desses artistas que abrilhantam o projeto junto a você?
LH - Em relação às músicas de Silas com parcerias, optei por dar um destaque maior a seu principal parceiro Mano Décio da Viola, tanto que o CD possui seis composições de autoria da dupla. Também não poderia me esquecer da Dona Yvonne Lara que, ao lado de Bacalhau, compôs com Silas “Os Cinco Bailes da História do Rio”, nem do Mestre Fuleiro, tendo escolhido a interessantíssima parceria “A Lei do Morro”. Quanto aos artistas convidados, foram muitos gentis em aceitar participar da gravação. E cada um foi escolhido por representar algo. O grande e querido Jorginho do Império, por todo o carinho que sempre teve com a obra do Silas, cantando e gravando suas músicas, e também por ser filho do fabuloso Mano Décio da Viola, razão pela qual escolhemos o samba “Heróis da Liberdade” para gravarmos juntos. O fera Alex Ribeiro, representando muito bem no disco o seu saudoso e brilhante papai Roberto Ribeiro, que, através de suas gravações, divulgou bastante as composições do mestre Silas. O Silas Júnior, para que pudéssemos sentir um pouquinho da alma da família Oliveira na pessoa do filho do homenageado. E ainda os maravilhosos integrantes de Velha Guarda Show do Império Serrano, representando esta grandiosa escola. A Velha Guarda gravou comigo “Apoteose ao Samba”, faixa em que tivemos também a participação de Júnior de Oliveira tocando percussão no samba do avô.
Os espetáculos onde você vem apresentando "O Império de Silas - ao grande mestre do samba Silas de Oliveira" tem sido sucesso de crítica e de público. O que podemos esperar para este segundo semestre quanto a essas apresentações?
LH - Quero aproveitar este espaço para agradecer a todos os profissionais que têm nos dado apoio e nos ajudado na divulgação desta que é uma produção independente, mas que obviamente acaba dependendo da ajuda de todos. A tarefa de divulgação não é fácil, está sendo árdua, mas felizmente temos conseguido algum êxito. Aos radialistas e jornalistas, à administração do Império Serrano, aos queridos amigos imperianos e aos amantes do samba de qualidade, o meu muitíssimo obrigado. A direção deste show é do imperiano Mateus Carvalho e procuramos, na medida do possível, manter a formação da banda com músicos da própria Serrinha. Temos feito shows de lançamento do CD como também participação em Rodas de Samba. Estamos satisfeitos, pois embora não sejam tantas as portas que se abrem, os caminhos a que elas nos conduzem têm sido sempre iluminados. E onde houver espaço para que divulguemos este importante baluarte do nosso samba Silas de Oliveira, lá estaremos firmes e fortes, com as bênçãos de São Jorge, o padroeiro do glorioso Império Serrano. O nosso próximo show será no sábado, dia 08 de agosto no Botequim do Império que acontece a partir das 18 horas na quadra imperiana que fica na Av. Ministro Edgar Romero nº 114 – Madureira – RJ.
Por fim não poderia deixar de abordar também o seu lado compositor. Já não é hora de dar vazão a esse seu lado em disco?
LH - Na verdade, penso não ser tão necessário um trabalho inteiro com obras minhas, pois, atualmente, com o mundo digital, basta que se produza uma única faixa e a divulgue computador afora, como fiz com o samba “Amélia que não era mulher de verdade”. Gravei esta composição faz uns sete anos, nunca a lancei em disco, mas desde que a postei na internet, tem sido bem acessada. Prefiro continuar priorizando meu trabalho de intérprete das obras dos autores que precisam ser resgatados. Óbvio que não nego a vontade de gravar um trabalho autoral, mas tudo no seu tempo. E aproveito o ensejo para informar aos cantores que podem me procurar caso se interessem por gravar composições minhas. A maior alegria de um compositor é ouvir sua música na voz de outro artista.
Maiores Informações:
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Contato para shows:
cantorluizhemrique@uol.com.br (21) 99175-2794 // (21) 98329-5887
Para aquisição do álbum: soniamonteproducoes@gmail.com
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