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sexta-feira, 10 de julho de 2015

60 ANOS SEM GERALDO PEREIRA

Pela passagem da sexta década sem um dos grandes nomes do samba nacional o Musicaria Brasil traz o filme o Rei do Samba



"A gnose do gogó"

O meu cinema é poesia e invenção. 
Um admirador dos sambas de Geraldo Pereira 
Sabe, por suas musicas e letras, cheias de malícia
e de intuição criativa, quais foram os grandes
momentos deste genial compositor.
Traçar um pequeno retrato cinematográfico
de parte da obra e da vida deste mineiro que
foi carioca, mulherengo,malandro, brigão
é que é o xis do problema.

O Rei do Samba é cine-poema musical popular, que leva para ficção o sonho de uma pequena parte da vida e da obra de um compositor brasileiro chamado Geraldo Theodoro Pereira.

O Rei do Samba é viagem de volta, é o novo descobrindo o antigo que foi novo e revelando-o, aos poucos, nas mãos hábeis de cabrochas ocultas e mães de santo alinhadas na encruzilhada dos incrédulos.

O Rei do Samba é o querebetam secreto das divindades africanas, é ioruba-jeje, vodu elegante de malandras linhas cortadas pelo aço do santo guerreiro no sincretismo da raça afro-brasileira.

O Rei do Samba é a ginga de bamba, na composição moderna e inventiva do samba, no ritmo sincopado do breque ligeiro, no sinuoso corte de uma edição 100% brasileira. 

O Rei do Samba é trem de Minas, é bossa nova que leva para o mundo as nossas riquezas, como dizia o poeta Carlos Drumond, "... e ainda dá de pinga a nossa pré-história".

O Rei do Samba é o barroco, é o limite das formas, é o mineiro, é o descobrimento de uma janela mágica no simples vagão de um trem caipira. É o melhor do samba carioca, não é um só, são muitos, mais de duzentos artistas, todos competentes amadores, uma extraordinária gente, personagens lendários que se envolveram até a alma neste filme de vanguarda popular. 

O Rei do Samba é o cinema popular como forma de expressão criativa e cultural. É um filme que dispensou ao povo brasileiro uma atenção única, pois foi feito no nosso seu interior, com ele, por ele e para ele. É o malandro brasileiro sambista Gerson Rosa, que comigo subiu o morro do Santo Antônio, em Minas Gerais, para nunca mais voltar.

O Rei do Samba é ficção, é musical, é sobre a vida e as músicas do genial compositor sobre o Diretor: 

"... o que chama atenção foi a ausência de atores profissionais, ... no filme a vedete é o povo. O filme de José Sette tira leite de pedra, é a ficção da ficção, porque não está baseado em nenhum texto literário, nem tão pouco em letra de música. Nem prosa nem poesia. A imaginação foi a sua única quimera e fonte de filmagem... eis aí diante dos olhos do espectador o específico fílmico, porém alicerçado na memória histórica..."

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