Originário do funk americano, o ritmo advindo das periferias vem ganhando adeptos nas mais distintas classes sociais ao redor do mundo e no Brasil não é diferente.
Por Bruno Negromonte
Por Bruno Negromonte
O termo Hip Hop tem na sua etmologia as danças da década de setenta, em que se saltava (hop) e movimentava os quadris (hip). Dito como movimento cultural, o Hip Hop ganhou projeção ao redor do mundo (em particular nas periferias das grandes cidades) a partir da década de 1970 e chegou ao nosso país advindo da Florida (EUA), pelo ritmo batizado por “Miami Bass”, um sub-gênero do electro. Em cada local ao qual desembarcou o ritmo aglutinou as mais distintas peculiaridades dos diversos locais nos quais desembarcou, inclusive aqui no Brasil, quando aportou a partir do final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980. Com o advento da redemocratização do país, a sociedade brasileira eclode com movimentos políticos e sociais que passam a incorporar as mais diversas questões, tais como algumas referentes a gênero e raça no processo de constituição de um novo modelo de sociedade. Um tipo de contexto social que preza pelo pluralismo, pela democracia e a participação cidadã, características estas que acabaram sendo suprimidas ao longo de regime considerado por muitos como opressor e fascista; e tal desejo social acabou por refletir-se também em algumas manifestações artísticas. Com esse fértil terreno para a propagação de ideologias e reivindicações, o Hip Hop acabou ganhando espaço a partir de distintas vertentes, dentre as quais uma que atende às comunidades de baixa renda a partir de músicas que propõem uma ação de protesto político e social para o exercício da cidadania, levando em consideração que dentro da música negra produzida no Brasil a partir do final dos anos de 1960 e 1970 a consciência racial e orgulho negro já vinham sendo difundidos via soul music, onde começaram a gerar uma nova ação comportamental, em especial na camada mais jovem da população afro-descendente.
Hoje o movimento Hip Hop perdeu muito dos estigmas pejorativos aos quais estava intrinsecamente ligados e neste novo e favorável contexto, o Z’África Brasil destaca-se como um dos principais grupos de hip-hop na cena musical existente no Brasil, condição esta que foi sendo solidificada ao longo das duas décadas de existência do grupo. Vale ressaltar que a letra “Z” na assinatura do nome do grupo simboliza Zumbi dos Palmares, líder e ícone da resistência negra no Brasil. Nesta estrada, o quarteto já conta com cinco álbuns. O primeiro, lançado no início dos anos 2000, tem por título “Conceitos de Rua”, e trata-se de uma coletânea que contou com vários grupos e artistas do rap italiano. Daí em diante forma firmando-se não apenas em apresentações que estendem-se para além das periferias paulistas (estado de origem do grupo). Caracterizado pela independência fonográfica, o Z’África Brasil já enumera cinco títulos em sua discografia e atualmente MCs Gaspar, Pitchô, Funk Buia e DJ Tano vem apresentando “Ritual I – A Vida Segundo os Elementos do Hip-hop”, trabalho considerado o pontapé inicial de uma trilogia que traz como proposta a difusão da cultura ancestral dos povos Afro e que conta com autores como o ex-integrante Fernandinho Beat Box presente na autoria de duas composições das treze que constituem o disco. Vale ressaltar que o projeto procura prestar uma homenagem ao ídolo norte-americano MC KRS One, um pioneiro da cultura hip-hop, que foi reverenciado pela ONU e a Universidade de Harvard entre outras peculiaridades, dentre elas a conscientização e o engajamento político-social a partir de letras contundentes que buscam um posicionamento ideológico e político do grupo.
Com vozes de Mc Gaspar, Funk Buia e Pitchô Z'África Brasil o grupo ainda conta com os vocais de Karina Santos e Roberta Oliveira, as guitarras e violões de Leandro Kintê, os teclados e baixos de Edy Ricardo, a bateria de Eric Silva, percussões de João Nascimento e Raphael Coelho e as colagens e scrattch's do Dj Tano. Somando forças ao projeto o disco ainda conta com participações especiais como João Nascimento, Raphael Coelho, Lou Piensa, Marcos Rosa e Fernandinho Beat Box. A ficha técnica ainda conta com a produção de todas as faixas assinadas por Pitchô Z'África Brasil e Banda Z'ÁfricanoZ e Edy Ricardo e a masterização a cargo de Maurício Gargel. Vale ressaltar uma curiosidade a respeito do projeto gráfico do disco: a arte da capa foi elaborada sob inspiração do calendário da cultura Inca com símbolos Adinkras do oeste da África e os símbolos que representam a cultura hip hop.
Desse modo pode-se afirmar que Z'África Brasil e todas as sementes plantadas ao longo dessas duas décadas de estrada vem rendendo significativos resultados a partir de um compromisso talvez assumido de modo espontâneo. Se em dado momento evidencia-se o engajamento a partir de oficinas de formação de novos rappers e DJs , em outros a produção musical exposta a partir dos projetos como Ancestrais – “Antigamente Quilombos, Hoje Periferia”, segundo projeto fonográfico do quarteto, atestam o porquê do hip hop ter tornado-se um dos principais porta vozes das periferias ao redor do mundo. Desse modo, aqui em nosso país, não seria diferente. De Norte ao Sul, de Leste a Oeste, gêneros como o Hip Hop, o Funk e o Rap refletem em letras e ritmos as agruras das periferias das principais cidades do nosso país (em especial os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais) a partir de ritmos ora dançantes, ora densos; mas que de modo geral trazem em suas respectivas letras, de modo verossímil, muitas da chagas que assolam a realidade de tais contextos sociais. São características como estas que, de certo modo, vem angariando admiradores e novos adeptos a este movimento a partir de trabalhos como este produzido pelo quarteto Z'África Brasil, que busca de modo sério e transparente comprometer-se com aquilo que defendem como verdade sempre em pró de um alvorecer mais justo a todos, e é tal característica que os condicionam e estimulam a produzir trabalhos como este recém lançado e que acaba por caracterizar em tal projeto um compromisso que vai além da arte e que ocasiona o ganho do respeito das novas gerações que acreditam no ofício da música como a melhor das alternativas para a fuga da realidade nua e crua existente em algumas comunidades.
Desse modo pode-se afirmar que Z'África Brasil e todas as sementes plantadas ao longo dessas duas décadas de estrada vem rendendo significativos resultados a partir de um compromisso talvez assumido de modo espontâneo. Se em dado momento evidencia-se o engajamento a partir de oficinas de formação de novos rappers e DJs , em outros a produção musical exposta a partir dos projetos como Ancestrais – “Antigamente Quilombos, Hoje Periferia”, segundo projeto fonográfico do quarteto, atestam o porquê do hip hop ter tornado-se um dos principais porta vozes das periferias ao redor do mundo. Desse modo, aqui em nosso país, não seria diferente. De Norte ao Sul, de Leste a Oeste, gêneros como o Hip Hop, o Funk e o Rap refletem em letras e ritmos as agruras das periferias das principais cidades do nosso país (em especial os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais) a partir de ritmos ora dançantes, ora densos; mas que de modo geral trazem em suas respectivas letras, de modo verossímil, muitas da chagas que assolam a realidade de tais contextos sociais. São características como estas que, de certo modo, vem angariando admiradores e novos adeptos a este movimento a partir de trabalhos como este produzido pelo quarteto Z'África Brasil, que busca de modo sério e transparente comprometer-se com aquilo que defendem como verdade sempre em pró de um alvorecer mais justo a todos, e é tal característica que os condicionam e estimulam a produzir trabalhos como este recém lançado e que acaba por caracterizar em tal projeto um compromisso que vai além da arte e que ocasiona o ganho do respeito das novas gerações que acreditam no ofício da música como a melhor das alternativas para a fuga da realidade nua e crua existente em algumas comunidades.
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