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sexta-feira, 1 de maio de 2015

DISCOS DE VINIL VOLTAM COM NOVOS FORMATOS E CORES

Bolachões podem ser encontrados quadrados e até transparentes




O velho vinil tem experimentado o lado B de seu próprio formato. O revival dos bolachões nos últimos anos tem muito a ver com a busca, por parte dos ouvintes, de uma nova forma de se relacionar com a música. Isso envolve todo o trabalho em torno da estética de cada uma das obras.

“Quando o vinil acabou, esse contato físico do ouvinte com a música se tornou mais descartável. Primeiro, com o CD, com a sua capa e encarte pequenos; e depois, com o MP3, quando veio o desapego total. O vinil não é melhor nem pior, mas oferece outro tipo de experiência. Além de funcionar como suporte para a música, o LP pode ser uma verdadeira obra de arte”, argumenta Arthur Joly, responsável, ao lado de Bruno Borges, o DJ Niggas, pelo Vinyl Lab, um serviço especializado em pequenas tiragens de vinis.

Músico, produtor, dono do selo Reco-Head e mestre dos sintetizadores, Joly nunca havia pensado em produzir os seus próprios vinis, até que, em 2013, recebeu uma ligação de Niggas, dizendo que havia comprado um torno de corte dos anos 1960, que estava completamente destruído. “Imediatamente, pensei: temos que fazer essa máquina funcionar. Só tem duas delas no Brasil. É uma relíquia. Mas não encontramos ninguém que soubesse. Até que, no carnaval de 2014, eu viajei para um estúdio em Nashvillle e aprendi a mexer nela”, relata.

Com o torno, a dupla começou a fabricar os dubplates, vinis cortados em PVC, que garantem maior durabilidade e são ideias para scratch. “Como fazemos em plástico, não existe um número mínimo de cópias. É um serviço artesanal. Os vinis podem vir em 12”ou 7” e em diversas cores. Somos muito procurados por DJs, pessoas que querem presentear alguém ou artistas que desejam divulgar um trabalho em pequena escala”, explica Joly.

Desde o fim de 2014, o Vinyl Lab vem chamando a atenção com um novo lançamento: as bolachinhas quadradas. “A ideia era criar uma maneira de baratear o serviço de produção de vinis e fazer com que mais artistas tenham acesso. Pesquisamos novos materiais e o produto que encontramos é difícil de ser cortado no formato redondo, então a solução foi fazer o disco quadrado. Com os lathe-cut lo-fi, o preço cai de R$ 200 para R$ 25 por unidade”, conta.

Nomes como Guizado, Curumin e Burro Morto apostaram no formato e se deram bem. “As 30 cópias que fizemos para o Guizado foram vendidas em um único show. Algumas pessoas nem têm vitrola, mas levam o vinil pelo glamour, pela recordação de um momento especial”, comenta Joly. Para João Augusto, consultor da Polysom, esses diferenciais nem sempre fazem o vinil vender mais. “São apenas projetos que agregam charme a um produto que já é charmoso por si só”, enfatiza.

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