Há exatamente 40 anos falecia Alcebíades Barcelos, o Bide, criador do surdo
Alcebíades Maia Barcelos o Bide, nome inscrito com justiça entre os maiores compositores de samba na história da música popular brasileira, nasceu em Niterói, estado do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1902.
Aos seis anos já estava morando na cidade do Rio de Janeiro, indo a família se fixar no lendário reduto do samba, o bairro de Estácio de Sá. Esse fato deve ter contribuído decisivamente para o futuro musical do menino. Como em geral acontecia com os sambistas, as origens de Bide foram bastante, humildes, sendo desde cedo obrigado a trabalhar. O primeiro emprego foi como aprendiz de sapateiro.
Levado por companheiros de trabalho, passou a freqüentar as rodas de samba do bairro, participando do movimento que promoveu a transição do estilo amaxixado do samba, para sua forma definitiva.
Começou a compor e a qualidade de suas músicas chegou até o cantor Francisco Alves, que costumava comprar produção de qualidade, de compositores populares, e gravá-la em seu próprio nome. Foi o que aconteceu com o samba A malandragem, que Francisco Alves aprendeu com Bide e gravou em seguida pela Odeon. No disco consta apenas o nome do cantor como autor, embora na partitura Bide apareça como parceiro.
Já completamente integrado ao grupo de sambistas do Estácio, fundou - ao lado de Ismael Silva, Mano Edgar, Brancura, Baiaco e outros bambas - a primeira escola de samba, a célebre Deixa Falar. Foi no samba do Estácio, e por conseqüência na Deixa Falar, que Bide introduziu o surdo e o tamborim, abrindo novas perspectivas para compositores e executantes do ainda novo ritmo.
No final da década de 20, abandonou a profissão de sapateiro e passou a viver da carreira artística, na qual se fixou como ritmista, assíduo participante dos estúdios de gravações e orquestras ou conjuntos radiofônicos (viria a ser funcionário da Rádio Nacional anos depois). Como compositor, teve em Armando Marçal o mais constante companheiro, formando com ele uma dupla que garantiu presença permanente na história da música brasileira. Foi com ele que compôs o samba Agora é cinza, considerado pela crítica um dos mais bem-feitos em todos os tempos. Em seu lançamento, no Carnaval de 1934, o samba foi o vencedor do concurso de músicas carnavalescas, e promovido pela prefeitura do então Distrito Federal.
Mas, apesar do sucesso da dupla, vez que outra Bide "traía" Marçal e compunha com outros parceiros. Noel Rosa, Walfrido Silva, Benedito Lacerda, Alberto Ribeiro, João da Baiana, Kid Pepe, João de Barro, Ataulfo Alves, Mano Décio da Viola e Roberto Martins estavam entre eles. É atribuída a Bide a descoberta de Ataulfo Alves como compositor, que, levado em 1934 para a RCA Victor, teve gravado seu primeiro samba. Até a morte de Marçal em 1947, a produção musical de Bide foi intensa, tendo caído bastante depois do falecimento do parceiro favorito.
Em 1955, o compositor chegou a animar-se novamente, ao participar da gravação de O Carnaval da Velha Guarda, LP do selo Sinter, com o conjunto da Guarda Velha, liderado por Pixinguinha. O grupo contava, entre outros, com as presenças de Bide, tocando afoxê, Donga, no violão, e João da Baiana, com sua personalíssima batida de pandeiro.
Em 18 de março de 1975, aos 73 anos, praticamente cego e paralítico, morreu no conjunto residencial para músicos, no Rio de Janeiro.
Fonte: cifrantiga
Fonte: cifrantiga
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