Ao todo, 40 mil imagens de manuscritos de obras de expoentes da música erudita dos séculos 18 e 19 vão ser digitalizadas
Por Carlos Herculano Lopes
Os documentos valiosos e os instrumentos musicais do Museu de Mariana começaram a ser colecionados na década de 1960 pelos músicos marianenses Vicente Ângelo da Mercês e Aníbal Pedro WalterConhecer o Museu da Música faz justiça à fama de Mariana como uma das cidades que mais cultivam a cultura no Brasil. A visita é imperdível, seja para quem for dar um passeio por lá, seja para quem quiser assistir aos tradicionais concertos de órgão na Catedral da Sé, realizados às sextas-feiras e domingos, ou para turistas interessados em conhecer as igrejas barrocas. Patrimônio do povo mineiro, nele está guardado um dos maiores acervos do repertório sacro colonial brasileiro, sobretudo aquele produzido em Minas, de onde saíram alguns dos melhores compositores do gênero.
Criado em meados da década de 1960, quando o bispo dom Oscar de Oliveira deu início à restauração de manuscritos até então depositados no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese, o Museu da Música de Mariana funciona desde 2007 no antigo Palácio dos Bispos. A instituição prepara uma novidade para 2015: a partir de janeiro, vai disponibilizar na internet o Primeiro Fundo da Coleção Dom Oscar de Oliveira, formada com doações de 31 localidades do estado. A organização desse vastíssimo material foi iniciada nos anos 1960 pelos músicos marianenses Vicente Ângelo da Mercês e Aníbal Pedro Walter.
Paulo Castagna, coordenador musicológico do projeto, que é financiado pela Prefeitura de Mariana, está entusiasmado. “Trata-se de um megainvestimento, com previsão de que sejam disponibilizadas, no primeiro momento, 40 mil imagens na página on-line do museu. Todas pertencem à Coleção Dom Oscar, tombada pela Unesco como Memória do Mundo da América Latina e do Caribe”, informa.
A coleção reúne obras de expoentes da música erudita nos séculos 18 e 19, como José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, João de Deus de Castro Lobo, José Maurício Nunes Garcia, Manuel Dias de Oliveira, Jerônimo de Souza, Francisco Manuel da Silva, Emílio S. Horta Júnior, Francisco da Luz Pinto, C.G. de Moura, Bento Pereira e Joaquim de Paula Souza, entre outros. Nove CDs, que podem ser adquiridos por R$ 25 cada, registram a música desses mestres.
O acervo reúne documentos valiosos. Vários deles remontam aos primeiros tempos da capitania de Minas e do bispado de Mariana. Há livros de cantochão e manuscritos de compositores consagrados. Uma das funções mais importantes do museu, explica o curador e pesquisador Vitor Gomes, é restabelecer a relação do povo com a história de sua cultura.
“Quando voltamos ao passado musical brasileiro, as fontes que encontramos são principalmente relacionadas à música sacra, danças de salão e música de banda. O acesso a essa obra só é possível se ela vier à tona, e é isso que estamos tentando fazer”, diz Gomes.
Arte-educação Vitor Gomes conta que o museu mantém projeto de arte-educação que atinge 30 cidades no entorno de Mariana. “Nessas localidades, incentivamos grupos e corais a incluírem a música antiga em seus repertórios, o que tem dado resultados bastante positivos”, revela.
Entre os serviços prestados à população está o projeto Mediação digital pedagógica. Diariamente, é postado no Facebook material que tem o objetivo de facilitar a compreensão e o acesso ao acervo do museu. É muito importante divulgar esse patrimônio, reforça Gomes.
NOVOS JARDINS
O Museu da Música de Mariana está vinculado à Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (Fundarq). Roque Camelo, presidente da entidade, diz que entre os projetos para 2015 está a reconstrução do jardim histórico do antigo Palácio dos Bispos. O trabalho se baseará em iconografias do fim do século 18, produzidas pelo padre Viega de Menezes, e no estudo Uma quinta portuguesa no interior do Brasil, do historiador Moacir de Castro Maia. “O projeto vai tornar o jardim um local de visitação pública, integrando-o às ações culturais do museu. Para começarmos as obras, só falta receber o laudo de recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pois se trata de área de conservação arqueológica”, Informa Camelo.
MUSEU DA MÚSICA DE MARIANA
Rua Cônego Amando, 161, Centro Histórico de Mariana, (31) 3557-2778.
Informações: mmmariana2009@gmail.com.
Aberto de terça a sábado, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 18h; domingos e feriados, das 8h30 às 12h.
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