Álbum duplo 'Gilberto Gil e Gal Costa %u2013 Live in London' eterniza momento histórico ocorrido 43 anos atrás
Por Mariana Peixoto
'Gilberto Gil e Gal Costa – Live in London', álbum duplo que traz o registro integral da apresentação ocorrida 43 anos atrás, está sendo lançado agora pelo selo Discobertas. A façanha é obra do pesquisador Marcelo Fróes, produtor executivo do álbum, que conseguiu o tape em 1998, quando arrematou o acervo de um estúdio londrino. Ninguém sabia da existência das fitas e Fróes, que já trabalhou lado a lado com Gil (foi ele quem produziu as caixas lançadas em 1999 e 2002, que reúnem sua discografia) e Gal (também assinou a caixa com a obra dela, lançada há quatro anos), apenas digitalizou o material e aguardou a melhor hora para lançá-lo. Quando houve a concordância de Gil e Gal para que o projeto fosse em frente, o material – nove canções com Gal e outras nove com Gil – foi masterizado.
É Gal quem abre o show com a safra de 'Fa-tal': de Caetano, estão 'Como 2 e 2', 'Coração vagabundo' e 'Maria Bethânia'; há ainda 'Vapor barato' (Jards Macalé e Waly Salomão, 'Dê um rolê' (Luiz Galvão e Moraes Moreira); 'Falsa baiana' (Geraldo Pereira); e 'Bota as mãos nas cadeiras' (domínio público). Para além de 'Fa-tal', estão 'Sai do sereno' (Onildo Almeida), 'Chuva, suor e cerveja' (mais uma de Caetano) e 'Acauã' (Zé Dantas).
Já Gil traz repertório menos conhecido: executa ao vivo canções então nunca gravadas: os clássicos 'Expresso 2222' e 'Oriente', que só seriam registrados em estúdio no ano seguinte, quando ele voltou ao Brasil. A influência da temporada inglesa fica latente na versões para 'Up from the skies' (Jimi Hendrix) e 'Sgt. Pepper's lonely hearts club band' (Beatles), ambas presenças obrigatórias nos shows que Gil fazia na época (registradas, inclusive, no álbum que havia lançado alguns meses antes).
A recuperação do material para o registro em CD não teve nenhuma maquiagem. O áudio contém eventuais ruídos, distorções e cortes (o registro foi feito diretamente da mesa de som). A intenção era manter o espírito do registro ao vivo, e os “defeitos” só vêm ratificar isso. Naquela noite única de 1971, Gal era convidada de Gil, este sim a atração principal. Porém, ele estende suas versões em demasia, o que pode ser interessante in loco, mas um tanto cansativo quando se ouve em casa. Já Gal, com a voz no auge e o melhor repertório que poderia haver, brilhou naquela noite inglesa que só agora é recuperada.
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