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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CASCABULHO ENGROSSA O CALDO EM NOVO ÁLBUM

Após hiato de inéditas, Cascabulho mergulha no universo pop e lança O dia em que o samba perdeu pra feijoada

Por Alef Pontes



Após um hiato de seis anos sem lançar disco de inéditas, os meninos da Cascabulho engrossaram o caldo e lançaram o 4º álbum de carreira, O dia em que o samba perdeu pra feijoada. Com uma pegada mais pop, o novo trabalho retrata uma nova fase mais universal do grupo, resultado de estudo e um maior diálogo com outras vertentes musicais. No período em que passou sem lançar novas músicas, a banda aprimorou suas referências, flertou com novas sonoridades e trocou figurinhas com outros artistas. O resultado disso é um trabalho recifense, mas com a cabeça no mundo.


“Esse é um álbum que nos deixa muito feliz, porque o Cascabulho é uma banda que se permite o desafio de se reinventar. É um disco em que a banda flertou com outras sonoridades, em que a música ganhou um outro caminho, dentro da vivência de quem já está há quase 20 anos na estrada”, afirma o vocalista da banda, Kleber Magrão.

O dia em que o samba perdeu pra feijoada traz dez músicas, sendo nove autorais e uma regravação: O retratista, de Otto, presente no álbum Condom black, de 2001. O toque regional nas músicas da Cascabulho ficou mais sutil, mas não deixa de estar presente, seja na cozinha percussiva de Junior do Jarro e Oroska ou nas letras, que falam, muitas vezes, sobre o samba de terreiro, como nos versos de Negra beleza, >segunda faixa do álbum: “Quando ela canta seu enredo pronto/ carência exata de um batuque bom/ primeiro estrela, melodia e versos/ desvendando mistérios na grandeza da cor/ negra beleza nesse samba/ por aqui passou/ negra rainha nesse samba santo/ por aqui passou”. “A brasilidade está presente nas influências de tudo o que a gente escuta”, revela Magrão.

A aquisição de Júnior Tostoi na produção e mixagem do álbum – que segundo o guitarrista Leo Lira, foi fruto de uma conversa de camarim durante um show de Lenine – é um ponto forte para o caráter mais universal do resultado. Nas palavras do vocalista, este “é um disco feito por amigos”. A afirmação se justifica desde a arte gráfica do álbum, pintura realizada pelo artista plástico e músico Neilton Carvalho, da Devotos e Altovolts, até a composição de algumas letras, como São Jorge, realizada em parceria com Públius, e a faixa título, assinada com Juliano Holanda.

Aliás, no samba-rock dançante de São Jorge está um dos trunfos do álbum. “Mas eu tava lá no alto da colina/ samba eu, samba menina/ samba o povo de lá/ lembrei do vento que assobia meu recado/ que esse mundo é um terreiro/ pra seu povo sambar”, diz o refrão.

Segundo Leo Lira, o voo para outras sonoridades não foi algo planejado, mas surgiu naturalmente devido a própria história da banda. “Essa ideia de se reinventar aconteceu pela formação das pessoas e pela introdução dos instrumentos. Fomos caminhando naturalmente para o resultado que se tem hoje”.

“Você chegar nesse equilíbrio, nessa alquimia que nós chegamos. Esse disco demorou o tempo necessário para ter o resultado que ele tem”, completa Kleber. E são exatamente essas as palavras que traduzem O dia em que o samba perdeu pra feijoada, uma verdadeira alquimia de influências, um diálogo equilibrado entre o samba, rock e o pop.

O álbum pode ser conferido através do soundcloud.

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