Artista que começou acompanhando sua irmã mais nova ao violão durante suas apresentações, precisou de apenas um ano para se consagrar como cantora.
Por Bruno Negromonte - @brunonegromonte
A artista hoje em questão teve um papel fundamental na história da música brasileira do século XX não apenas devido a sua meteórica subida ao panteão das grande cantoras e intérpretes nacionais, mas principalmente por seu carisma junto a um público cativo que a adorava como detentora do maior e mais expressivo título do rádio brasileiro ao longo de mais de uma década ininterruptamente. Sob o epíteto de "a maioral do samba", a filha de Batista Júnior (considerado por muitos como o maior ventríloquo existente no Brasil e que também era cantor e compositor) acabou por tornar-se um dos nomes mais expressivos da história da música brasileira de todos os tempos uma vez que o seu nome está intrinsecamente ligado a história do rádio em uma época em que este era a principal ferramenta de divulgação cultural existente no país. Era através das ondas dos rádios e programas de calouros que a boa música brasileira ganhava as devidas projeções e transformava em ídolos nomes como Orlando Silva, Francisco Alves, Silvio Caldas e tantos outros que submetiam-se aos testes radiofônicos na esperança de alcançar o estrelato. Dentre as figuras femininas destaque para nomes como Aurora e Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Carmen Barbosa, Dalva de Oliveira entre outros expressivos e talentosíssimos nomes. Convenhamos que não era de se esperar que no meio de tanto talento viesse repentinamente a surgir uma artista que ganharia em poucos meses a relevância que Linda viria a ganhar. Contexto só explicado através de muito talento.
Nascida em São Paulo, Florinda Grandino de Oliveira, ficou conhecida nacionalmente como Linda Batista, uma artista que trazia características que a diferenciava de muitas pretensas artistas da época: compunha e cantava. Homônima ao seu nome, a sua voz só veio a ser conhecida do grande público casualmente, devido a ausência da irmã Dircinha no programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti. Foi quando sugeriram que a instrumentista substituísse a irmã na apresentação. Linda acatou a ideia e isso acabou rendendo uma boa aceitação por parte do público presente naquela data fazendo com que a até então instrumentista decidisse investir na carreira artística como cantora. Estava ali plantada a semente para que a música florescesse em sua vida. Ainda no mesmo ano, em 1936, o destino acabou mostrando-a que a sua decisão havia sido a mais correta pois em poucos meses já estava participando, ao lado da irmã Dircinha, do filme "Alô, Alô, Carnaval". Sua participação no cinema era o que faltava para que a artista engrenasse de vez a sua carreira. Em apenas um ano, aquela que acompanhava a irmã em apresentações nos programas de auditórios, trocou o papel de instrumentista figurante para consagrar-se como a cantora protagonista. Seu sucesso aconteceu de modo tão meteórico que no ano seguinte Linda já encontrava-se apta a disputar o recém-criado concurso para Rainha do Rádio ao lado de algumas das mais expressivas artistas da época.
Organizado a princípio por um vespertino dos Diários Associados, o concurso para Rainha do Rádio teve em sua primeira edição em 1936 e não possuía o glamour e popularidade que viria a ter tempos depois, uma vez que pois tinha como eleitores apenas gente do meio radiofônico, artistas e jornalistas. Só no final da década seguinte, com a Associação Brasileira do Rádio tomando a frente a organização do evento, foi que o grande público pode participar do pleito. Nesta primeira edição realizada na década de 1930 no Iate dos Laranjas, barco carnavalesco atracado na Esplanada do Castelo, no centro do Rio de Janeiro, a vencedora foi, com seus dezoito anos incompletos, Linda Batista. Tal título a cantora obteve-o três vezes ao longo de mais de uma década. Em 1948, quando houve uma reorganização do evento por parte da ABR - Associação Brasileira do Rádio a artista resolveu abdicar para favorecer a sua irmã caçula. O título oportunizou a artista, como contratada da então recente Rádio Nacional, fazer uma excursão de enorme sucesso no Norte e Nordeste que durou seis meses, começando por Recife, PE. Foi ali que teve a oportunidade de interpretar Capiba, o conceituado compositor de frevos pernambucanos, na terra natal do compositor ao lado a Jazz-Band Acadêmica no Teatro Santa Isabel
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