No ano em que completaria 100 anos, também se é lembrado os 35 anos de falecimento do compositor pernambucano
Interessou-se pela música desde criança. Ingressou na carreira militar e foi reformado como General. Considerado um dos expoentes do grupo dos capitães da MPB, jovens oficiais do Exército Brasileiros nos anos 1950 e 1960 dedicados à música popular brasileira, entre os quais figuravam Luis Antônio, Jota Júnior e Klecius Caldas.
Teve sua primeira música gravada em 1948, o samba "Somos dois...", parceria com Klécius Caldas e Luiz Antônio lançado por Dick Farney na Continental. A composição, cujo texto tratava de um casal em lua-de-mel, inspirou a realização de um filme homônimo dirigido por Milton Rodrigues, com argumento de seu irmão Nélson Rodrigues. Nesta produção, de 1950, que teve como protagonista o próprio Dick Farney, o compositor e seus parceiros foram os responsáveis pela trilha sonora. Esta composição iniciou a profícua parceria com Klécius Caldas que rendeu mais de 50 composições.
No mesmo ano de 1948, a marcha "Fígado cá, fígado lá", com Klécius Caldas, uma sátira à ária Fígaro, da Ópera "Barbeiro de Sevilha" foi gravada por Nuno Roland também na Continental. Em 1949, nova parceria com Klécius Caldas foi gravada por Dick Farney, a canção "Feliz natal", uma rara tentativa de se fazer uma réplica natalina da famosa canção americana "White christmas", de I. Berlin. Nesse ano, teve as marchas "Marcha do gago", com Klécius Caldas, maior sucesso carnavalesco daquele ano e "Greve no harém", com Klécius Caldas e David Nasser gravadas pelo ator e comediante Oscarito na Star, e o samba "Palavras amigas", com Klécius Caldas, gravado por Francisco Alves na Odeon, um dos sucessos do ano.
Em 1950, sua "Marcha dos brotinhos", parceria com Klécius Caldas e David Nasser foi lançado por Francisco Alves pela Odeon e a "Marcha do Gago" foi incluída no filme "Carnaval no fogo", enquanto a "Marcha do neném", no filme "Aviso aos navegantes", ambas na interpretação de Oscarito. Nesse ano, vivia-se o apogeu do ciclo do baião e vários compositores passaram a se dedicar ao ritmo nordestino. Fez em parceria com Klécius Caldas várias composições do gênero, dentre as quais as toadas "Sertão de Jequié", gravada por Dalva de Oliveira na Odeon e "Boiadeiro", lançada por Luiz Gonzaga na RCA Victor. Essa última, fez tanto sucesso que Luiz Gonzaga passou a utilizá-la como prefixo de suas apresentações. Ainda em 1950, fez sozinho a marcha "Êta moço" gravada por Gilberto Alves e, com Klécius Caldas e David Nasser, a marcha "Cri-cri" gravada por Bob Nelson e Seus Rancheiros, ambas na RCA Victor. Esse ano de 1950 foi bastante rico em número de gravações de suas obras. Além das já citadas, Dick Farney gravou os sambas-canção "Misterioso interesse"; "Vai meu amor" e "Luzes da cidade", parcerias com Klécius Caldas, e "Viver sem você", com Klécius Caldas e Luiz Antônio; Oscarito lançou o baião "Vingança do Rafaé", com David Nasser, e as marchas "Toureiro de Cascadura", com David Nasser e "Marcha do neném" e "Pouca roupa", com Klécius Caldas e, finalmente, Lírio Panicali e Sua Orquestra regravou o samba-canção "Somos dois", seu primeiro sucesso com Klécius Caldas.
Em 1951, Blecaute gravou na Continental a marcha "Papai Adão", parceria com Klécius Caldas, um dos sucessos carnavalescos do ano e Dora Lopes na Sinter o samba-canção "Inclemência". No final desse ano, o mesmo Blecaute gravou a marcha "Maria Candelária", parceria com Klécius Caldas e grande sucesso no carnaval do ano seguinte. Também no mesmo ano, teve o bolero "Jamais" e o samba "Bahia da primeira missa", parcerias com David Nasser lançadas por Dircinha Batista na Odeon. Também no mesmo ano, fez com Manezinho Araújo o samba "Ó de penacho" lançado por Linda Batista na RCA Victor.
Para o carnaval de 1953, lançou na voz de Blecaute a marcha "Dona cegonha", parceria com Klécius Caldas, novo sucesso carnavalesco. Nesse ano, teve o samba "Semana inteira", com Klécius Caldas gravado por Emilinha Borba e Blecaute na Continental. Também no mesmo ano, duas parcerias com Klécius Caldas foram lançadas por Dircinha Batista na Odeon, a "Marcha da touca" e o samba "Máscara da face", um dos grandes sucessos da carreira da cantora. Em 1954, teve quatro composições suas com Klécius Caldas lançadas simultâneamente pelas irmãs Batista, a "Marcha da pinicilina" e o samba "Graças a Deus", por Linda Batista e os sambas "Rugas no meu rosto" e "A mulher que é mulher", por Dircinha Batista. Com o mesmo parceiro fez a marcha "Piada de salão", gravada por Blecaute, marcha que foi classifica em primeiro lugar no concurso de músicas para o carnaval promovido pelo Departamento de Turismo e Certames da Prefeitura do Destrito Federal. Para o chamado repertório de "meio de ano" fez com Klécius Caldas o baião "Ao clarão da fogueira" gravado por Dircinha Batista.
Em 1955, obteve novo êxito carnavalesco na voz de Blecaute com a marcha "Maria escandalosa", uma quase sequência de seu êxito anterior, "Maria Candelária", que foi regravada no mesmo ano em ritmo de tango na Odeon pela Orquestra Típica de Osvaldo Borba, além de ser escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como uma das dez mais marchas mais populares do carnaval de 1955. Nesse ano, Dalva de Oliveira gravou na Odeon a marcha "Caranaval, carnaval" e Linda Batista na RCA Victor o samba "Futebol da vida", com Klécius Caldas e a "Marcha do resfriado", com Klécius Caldas e Brasinha. Ainda em 1955, seu fox-canção "Iremos ao cinema?" foi gravado pelo Trio Nagô na Continental. No ano seguinte, teve o baião "Zé Arigó", com Klécius Caldas, gravado por Dircinha Batista e a marcha "Casamento é loteria", também com Klécius Caldas, por Nelson Gonçalves, ambos na RCA Victor. Ainda em 1956, teve o samba "Sonho desfeito" composto numa inédita parceria com Paulo Soledade e Antônio Carlos Jobim, este, em começo de carreira, gravado na Continental pelo cantor Bill Farr.
Em 1957, sua valsa "Mulher ideal" e a marcha "Aula de amor", com Klécius Caldas, foram gravadas por Bill Farr. Dois anos depois, teve a habanera "O milagre da volta", com Fernando César, gravada por João Dias e a marcha "Umbigo de vedete", com Klécius Caldas, gravada por Grande Otelo, ambas na Columbia. Em 1960, registrou outro êxito carnavalesco com a marcha "Bububu no bobobó", parceria com Ivo Santos e título de uma revista de sucesso apresentada no Teatro Recreio pelo famoso produtor Walter Pinto. Essa marcha foi lançada por Marlene pela pequena gravadora Momo. No ano seguinte, seu samba "História singular", com Esdras Silva, foi gravado na Continental por Carlos José e o samba-canção "De agosto a setembro", com Vitor Freire, foi lançado por Helena de Lima na RGE. Também em 1961, fez sucesso no carnaval com a marcha "A letra Jota", com Ivo Santos, uma sátira ao fato de vários nomes iniciados pela letra jota estarem naquele período estarem ligados a ex-presidentes e a candidatos à presidencia da República como JK, Jânio Quadroe eJoão Goulart. Essa marcha foi lançada na Continental por Bill Farr. Nesse ano, obteve grande êxito carnavalesco com a marcha "A lua é dos namorados", com Klécius Caldas, gravada por Ângela Maria. Em 1962, outra de suas parcerias com Klécius Caldas foi sucesso no carnaval, a "Marcha do paredão" que satirizava os fuzilamentos em Cuba e foi gravada por Linda Batista na Chantecler. Nesse ano, Miltinho gravou na RGE o samba "Chorando, chorando", com Edson Borges. Em 1963, obteve seu último grande êxito carnavalesco com a marcha "A lua é camarada", parceria com Klécius Caldas, lançada na voz de Ângela Maria.
Seus maiores sucessos foram a canção "Feliz natal" e as marchas "Maria Candelária"; "Maria escandalosa"; "A lua é dos namorados"; "A lua é camarada"; "Cigarro de paia"; "Boiadeiro"; "Máscara da face"; "Piada de salão" e "Somos dois".
Fonte: Dicionário da MPB
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