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terça-feira, 18 de março de 2014

70 ANOS SEM ZÉ ESPINGUELA

O carnaval começou com uma idéia do compositor da Mangueira. Em 1929, ele decidiu fazer um concurso para escolher o melhor samba dos compositores da Portela, Mangueira e Estácio de Sá


Por Marcos Uchôa


Imagine você compor um samba de despedida da vida e anunciar a própria morte para tanta gente. Subindo o Morro da Mangueira, um dos fundadores da escola de samba fez exatamente isso, em 1944. “Ele acordou o morro todo praticamente anunciando que ele iria falecer. Ele fez essa música só para isso. Ele morreu dois dias depois”, conta Raymundo de Castro, baluarte da Mangueira.

Mas Zé Espinguela foi muito mais do que uma das raízes dessa mangueira. Um dos filhos dele conta que a casa era sempre uma festa. Vinham sambistas e artistas como Villa Lobos. Mas, com medo da mulher, Zé Espinguela não falava muito da escola. “Ele tinha lá os casos dele na Mangueira e, para falar da Mangueira, ia abrir os olhos da velha. Aí, ia ter problema. Ele era muito discreto, era estivador”, relembra Hilson Gomes da Costa, filho de Zé Espinguela. 

Era principalmente sambista e pai-de-santo, uma atividade que influenciava a outra com muita criatividade. O que hoje é um dos maiores espetáculos do mundo começou com uma idéia dele. Algo modesto, de fundo de quintal. 

Era no fundo da casa que Zé Espinguela recebia os amigos e onde rolava o samba. Em 1929, ele decidiu fazer um concurso para os compositores do que viriam a ser três grandes escolas de samba: Portela, Mangueira e Estácio de Sá. 

Cada escola apresentava dois sambas e Zé Espinguela, apesar de ser mais ligado ao grupo da Mangueira, teve a grandeza de escolher um samba da Portela como o melhor do ano. O samba vencedor tinha um ritmo muito diferente dos sambas enredos atuais. “A única coisa parecida com o de hoje é que deu confusão. Zé Espinguela teve que distribuir troféu para todos porque senão ia sair uma pancadaria”, afirma o compositor Heitor dos Prazeres. 

E confusão era uma marca do inicio da história do samba. Problemas com a polícia eram constantes. Zeca Pagodinho até gravou um samba sobre isso. “Eu escutava história desse delegado e a história é que ele era um cara que perseguia sambista, macumba”, disse Zeca Pagodinho. 

Hoje, a alegria do samba é um símbolo do Brasil. Zé Espinguela se despediu da vida de maneira original e deixou gravado o nome dele na história do carnaval.

2 comentários:





  1. https://www.youtube.com/watch?v=EkUwyJsaMD4




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  2. Grande Zé Espinguela!
    Deixo aqui Dona Neuma cantando ADEUS MANGUEIRA: https://www.youtube.com/watch?v=EkUwyJsaMD4

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