Por Delma Medeiros
A gravadora Kuarup acaba de relançar seis discos de seu acervo valioso de música popular brasileira (cantada e instrumental), dando continuidade ao projeto que coloca nas lojas obras disputadas por fãs e colecionadores e difíceis de ser encontradas. Os relançamentos incluem trabalhos de Cida Moreira, Baden Powell, Raphael Rabello e Dino 7 Cordas, Cartola, Chico Lobo, e Sivuca. Em paralelo, a Kuarup lança sete álbuns de novos talentos da MPB: Bruna Moraes, Léo Versolato, Projeto Vinagrete, Giovana Farias, Bárbara Leite, Marcel Powell (filho de Baden) e o mais recente álbum de Chico Lobo. “Este conjunto de álbuns nos coloca entre as principais gravadoras independentes do País em lançamentos”, afirma o diretor-artístico da Kuarup, Rodolfo Zanke.
E novos projetos já estão no forno. Zanke adianta que em 2014 a empresa deve aumentar sua atuação na área cultural, investindo na edição de livros, projetos audiovisuais e lançamentos de DVDs de documentários, além de ampliar seu negócio de curadoria de obras de artistas renomados, como fez no caso do cantor e compositor Taiguara, que resultou no lançamento do clássico 'Imyra, Tayra, Ipy'. Lançado em 1976, o disco foi retirado do mercado dias depois por determinação da censura do regime militar. Em 2004, foi lançado no Japão, mas às prateleiras brasileiras chegou somente em agosto deste ano pelo selo Kuarup, no terceiro lote de reposições da gravadora.
“No ano passado lançamos um álbum do Lenine Guarani, filho do Taiguara, e isso criou uma aproximação com a família que concordou em deixar a Kuarup administrar parte da obra. Percebemos um descaso com a obra do Taiguara, há pouca coisa disponível. O 'Emyra, Tayra, Ipy' estava guardado na gravadora EMI-Odeon, que nos cedeu os direitos. A primeira tiragem já esgotou”, informa Zanke.
“Estamos realizando também experiências com a comercialização de apresentações através de novas ferramentas nas redes sociais, enxergando a música como um negócio, que serve para material publicitário, sonorização de filmes, sistema de streaming (em que se paga um valor mensal para baixar as músicas). A gestão hoje tem que ser mais diversificada”, explica o diretor.
Segundo Zanke, desde 2011 a gravadora passou a escolher títulos clássicos de seu catálogo e soltar como relançamentos, em paralelo aos lançamentos. “A escolha dos títulos leva em conta a relevância da obra e seu histórico de vendas. Este é o quarto lote de relançamentos e todos são discos há tempos fora de catálogo, mas muito disputados em sebos, sites e outros”, explica. Entre os relançamentos anteriores, ele cita discos em homenagem a Jacó do Bandolin, Paulo Moura e Renato Teixeira, além de obras de Villa-Lobos.
Novo pacote
'Baden Powell ao Vivo no Rio Jazz Club', cultuado como um dos melhores álbuns solo do violonista, faz parte do lote de relançamentos. O disco traz composições de Powell e de outros artistas parceiros como Vinicius de Moraes, Pixinguinha, Tom Jobim, Dorival Caymmi e Paulo César Pinheiro, entre outros. O catálogo traz ainda 'Raphael Rabello e Dino 7 Cordas', obra-prima da dupla, incluída como um dos álbuns mais representativos da música brasileira, segundo o livro '300 Discos Importantes da Música Brasileira', de Charles Gavin, Tárik de Souza, Carlos Calado e Arthur Dapieve. “Esse disco estava há 15, 20 anos fora do catálogo e sempre procurado, como os outros”, informa Rodolfo Zanke.
'Sivuca e Quinteto Uirapuru' mostra o encontro inusitado da sanfona do compositor de 'Feira de Mangaio' com um quinteto de cordas, com um resultado surpreendente para os clássicos do multi-instrumentista, maestro e arranjador paraibano.
Outra preciosidade que sai do acervo para as prateleiras é 'Cartola ao Vivo', álbum produzido por J. C. Botezelli, o Pelão, também responsável pelo lançamento do primeiro disco do compositor da Mangueira. Trata-se de um registro histórico do último show de Cartola, em 1978, em que ele canta seus grandes sucessos como 'Alvorada', 'As Rosas não Falam' e 'O Mundo é um Moinho', gravação tida como sua melhor interpretação para o clássico.
O lote de relançamentos tem ainda 'Cida Moreyra Canta Chico Buarque', de 1991, um dos principais trabalhos da cantora (que grafava seu sobrenome com “y”), que começou sua carreira como atriz de teatro e faz desse disco um recital da obra de um dos maiores compositores brasileiros. “Foi um disco marcante, que recebeu muita crítica positiva e grande aceitação do público. Ela mesma o considera o terceiro álbum mais importante de sua carreira”, diz Zanke.
Completa o lote o álbum 'Viola Caipira - Tradição, Causos e Crenças', do violeiro Chico Lobo, de 2002, que mostra a atuação do artista nas fontes de tradição que foram suas principais influências. O disco é um mergulho na cultura popular de raiz e conta com participações especiais do Grupo de Catira Pedro Pedrinho, da Folia de São Gonçalo do Mestre Nelson Jacó e da Orquestra Mineira de Viola.
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