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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MORRE JOÃO SILVA, UM DOS COMPOSITORES MAIS GRAVADO POR LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO

Parceiro do velho Lua em diversos sucessos de sua carreira, o arcoverdense João Silva foi encontrado morto em seu apartamento na capital pernambucana



Precoce, o pequeno João antecipou-se bastante objetivando mostrar a sua arte. Aos sete anos de idade já tocava pandeiro. Aos nove anos apresentou-se como cantor e venceu o concurso disputado. Aos dez, vindo de Arcoverde, apresentou-se na Rádio Clube de Pernambuco, mais no programa Ademar Paiva, nessa apresentação mostrava mais uma vez a sua versalidade tocando acordeom.


Alguns anos depois resolve mudar-se para o Rio de Janeiro. acompanhado por uma carta de recomendação chegou a apresentar-se em alguns programas como o "Domingueira" apresentado por Arnaldo Amaral na Rádio Mayrink Veriga. Nesta oportunidade apresentou "Crepúsculo sertanejo", uma canção de sua autoria.

Por volta de 1964 tem início a profícua parceria com aquele que seria um de seus maiores intérpretes e sem sombra de dúvidas o mais importante: Luiz Gonzaga. Luiz Gonzaga gravou no disco "A sanfona do povo" o baião "Não foi surpresa", de sua parceria com João do Vale. Em 1965, o Rei do Baião gravou dele e Albuquerque a marcha junina "Piriri". Em 1966 gravou "Crepúsculo sertanejo", dele e Rangel. No mesmo disco, "Óia eu aqui de novo", aparece sua primeira parceria com Luiz Gonzaga, "Garota Todeschini". Em 1968, no LP "São João do Araripe", aparecem duas composições da parceria entre os dois, "Lenha verde" e "Meu Araripe", que se tornou um enorme sucesso. 

Em 1973, no LP "Nova Jerusalém", Luiz Gonzaga gravou "O vovô do baião" dele e Severino Ramos. Em 1978 compôs com Gonzaga "Umbuzeiro da saudade". Em 1979 compôs com Pedro Maranguape "Adeus a Januário", em homenagem ao pai de Luiz Gonzaga recentemente falecido. Em 1980, compôs com P. Maranguape a composição "Cego Aderaldo", gravada por Luis Gonzaga. Em 1983, no disco "70 anos de sanfona e simpatia", Luiz Gonzaga gravou três de suas parcerias, "Cidadão sertanejo", "Forró de Ouricuri" e "Sequei os olhos", esta uma pungente canção sobre a seca que assolou a região nordestina entre 1979 e 1983.


Em 1984 compôs com Luiz Gonzaga o forró "Pagode russo", regravado nos anos 1990 pelo grupo Mastruz com Leite. Em 1984, no LP "Luiz Gonzaga e Fagner", a composição de abertura do disco é "Sangue nordestino", outra parceria de suas parcerias com Gonzaga. Em 1985 no LP "Sanfoneiro macho", o Rei do Baião gravou seis composições de parceria com João Silva, entre as quais "A mulher do sanfoneiro", além de "Maria baiana" de sua parceria com Zé Mocó e "Amei à toa" com Joquinha Gonzaga. Em 1986 compôs em parceria com Luiz Gonzaga "Forró de cabo a rabo", que deu nome ao disco de Gonzaga daquele ano e no qual aparecem mais duas parcerias entre os dois e ainda "Xote machucador", parceria com Dominguinhos, e "Passo fome mas não deixo", em parceria com Zé Mocó. No mesmo ano, Marinês em seu LP "Tô chegando" gravou dele e Luiz Gonzaga "Tá virando emprego", e dele e Zé Mocó "Amigo velho tocador". Em 1987, mais uma de suas composições, "De fia pavi", feita em parceria com Oseinha, deu nome a um disco de Luiz Gonzaga, no qual aparecem ainda "Doutor do baião", "Pobre do sanfoneiro" e "Toca pai", três parcerias suas com o Rei do Baião. No mesmo ano, Marinês gravou no LP "Balaio de paixão" sua parceria com Chico Xavier "Danação de gamação" e dele, Maranguape e Iranilson, "Olhos duidinhos". Em 1988 compôs com Luiz Gonzaga "Pra que mais mulher", "Fruta madura" e "Outro amanhã será", todas gravadas no LP "Aí tem Gonzagão". 

Em 1989, uma composição de sua parceria com Luiz Gonzaga, "Vou te matar de cheiro", deu título ao último disco do Rei do Baião, no qual João Silva participou da gravação de três faixas, "Um pra mim, um pra tu" e "Arcoverde meu", em parceria com Gonzaga, e "Ladrão de bode", com Rui Moraes e Silva. Ao todo compôs mais de 30 músicas com Luiz Gonzaga, todas gravadas pelo Rei do Baião. Teve ainda composições gravadas com sucesso pelo Trio Nordestino, entre as quais "Estou roendo sim", em parceria com Anatalício, "No galpão da bulandeira" com K-boclinho, "Intupidinho de amor" com J. B. de Aquino e "Gamado até demais" com Sebastião Rodrigues. Dominguinhos gravou, "Pode morrer nessa janela", "O galo já miudou" e "Cintura de abelha".

Tem cerca de 2000 composições. Entre seus parceiros estãoJoão do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Severino Ramos, Bastinho Calixto, Pedro Maranguape, Zé Mocó, Pedro Cruz, Dominguinhos, Sebastião Rodrigues e outros. Entre seus principais sucessos estão "A mulher do sanfoneiro", "Danado de bom", "Pagode russo", "Nem se despediu de mim", "Meu Araripe", "Uma pra mim outra pra tu" e "Pra não morrer de tristeza", que já teve cerca de 40 gravações. Como produtor, produziu discos de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson do Pandeiro entre outros. Atuou também como arranjador. Em 2006, o coco "Como tudo começou", de sua autoria, foi gravado por Dominguinhos, no CD "Conterrâneos". Em 2012, participou da coleção tripla de CDs "Pernambuco forrozando para o mundo - Viva Dominguinhos!!!", produzida por Fábio Cabral, cantando a música "Bodo bodocó", de sua autoria com José Maria Marques. A coletânea trouxe forrós diversos interpretados por 48 artistas, e que fazem referência aos 50 anos de carreira do seu inspirador: Dominguinhos. Interpretando músicas de compositores em sua grande maioria pernambucanos, fizeram parte do projeto também artistas como Acioly Neto, Adelzon Viana, Dudu do Acordeon, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Irah Caldeira, Liv Moraes, Hebert Lucena, Geraldo Maia, Sandro Haick, Spok, Jefferson Gonçalves, Chambinho, Joquinha Gonzaga, Maciel Melo, Luizinho Calixto, Silvério Pessoa, Walmir Silva, entre outros, além do próprio Dominguinhos.

Fonte: Dicionário da MPB

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