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domingo, 10 de novembro de 2013

O LADO MUSICAL DE GRANDE OTELO

No ano em que completa-se 02 décadas sem o saudoso Grande Otelo, o Musicaria Brasil aborda o lado musical deste artista que consagrou-se em tudo o que fez




Com ou sem h?

O ator Jardel Jércolis criou para o amigo o apelido The Great Othelo, que acabou pegando na versão traduzida pela metade. A língua portuguesa dispensaria o h do Othelo, como prefere Sérgio Cabral, o biógrafo convidado para assinar o livro "Grande Otelo uma biografia".


Uberabinha

Grande Otelo nunca soube em que dia exato ele nasceu. Escolheu a data de 18 de outubro de 1917 porque foi a do seu batizado. Sabia, sim, que nasceu na cidade de Uberlândia, que na época se chamava São Pedro do Uberabinha - ou simplesmente Uberabinha - e que era filho de Maria Abadia de Souza, empregada doméstica, e de Francisco Bernardo da Costa, conhecido na cidade como Chico dos Prata por ser empregado da fazenda da família Prata. Otelo nunca viu o pai, mas sabia que sua mãe ainda teria mais um filho de Chico, também chamado de Francisco, que morreria no início da década de 1970, em Brasília.

Seu nome também foi escolhido por ele. Primeiramente, foi Sebastião Bernardo da Costa, mas quando procurou o cartório para ter a certidão de idade, já na década de 1930, não só escolheu uma nova data de nascimento como o próprio nome. Manteve o Sebastião original, que a mãe lhe dera em homenagem ao filho da patroa, Sebastião, nascido dois meses antes dele, mudou o Bernardo para Bernardes em homenagem ao ex-presidente Artur Bernardes, de quem era admirador, manteve o Souza da mãe e acrescentou o Prata: Sebastião Bernardes de Souza Prata.



Grande Otelo foi alimentado pelos seios da patroa, Augusta Maia de Freitas, porque Maria Abadia não tinha leite. Considerava sua infância igual à de qualquer garoto: começou a estudar na escola Bueno Brandão, soltava papagaio, jogava bola, catava gabiroba e tinha medo de passar em frente ao cemitério. E, desde cedo, revelava a desinibição que abriria caminho para a carreira de artista: metia-se na conversa dos mais velhos e cantava para eles - principalmente para os hóspedes do Grande Hotel de Uberabinha- mediante o pagamento de um tostão por música.

Aos oito anos de idade, três fatos não deixaram dúvidas sobre sua vocação: viu o filme O garoto, de Charles Chaplin, e ficou fascinado com a atuação do menino Jacques Cougan; a passagem do circo Serrano na cidade, quando foi convidado a representar a mulher do palhaço numa pantomina, e ao fazer o papel de um filho de alemão numa peça apresentada por uma companhia de comédias vinda de São Paulo. Isabel e Abigail Parecis, mãe e filha e responsáveis pela companhia, gostaram tanto dele que pediram à Maria Abadia para adotá-lo. E Otelo foi entregue a elas, com papel passado, e levado para São Paulo.




No início da década de 40, Grande Otelo, fascinado pelo samba, começou a compor. Naquela década ele criou vários clássicos, como o samba Praça Onze, uma inspiração que desenvolveu com seu compadre e principal parceiro Herivelto Martins. Assim como Espírito - o compositor popular que interpretou genialmente no filme Rio - Zona Norte, ele tinha muito orgulho de ser sambista. Orgulho testemunhado pelo cineasta Roberto Moura no seu livro sobre o artista: - "Ser sambista, para ele, era mesmo uma coisa tão maravilhosa como ser artista de cinema".

Sua primeira composição, Vou pra Orgia, foi gravada na Odeon por Nuno Roland, em 1940. Daí até o final dos anos 70, ele compôs dezenas de sambas, fazendo parcerias também com Haroldo Lobo, Alvarenga, Wilson Moreira, Blecaute, e outros mais. Muitos desses sambas foram cantados no cinema e gravados na sua voz - ou por grandes intérpretes como Linda e Dircinha Batista, Trio de Ouro, Chico Alves e Jorge Goulart. Grande Otelo atuou também como intérprete e gravou composições de Ary Barroso, Carvalhinho, Carlos Gardel, entre outros artistas populares de seu tempo. 


Atuação como compositor:
Vou pra orgia (1940)
Cidade velha (1942)

Desperta Brasil (1942)

Praça Onze (1942)
Rosalina mudou (1942)
Vitória amarga (1942)
A pátria está te chamando (1943)
Abaixo o chope (1943)
Pixaim (1943)
Bom dia avenida (1944)
Mangueira, não! (1944)
Meu boi morreu (1944)
Os direitos são iguais (1944)
São João do Barro Preto (1944)
A guerra acaba amanhã (1945)
Bate o sino juvenal (1945)
Botafogo (1945)
O outro palpite (1945)
Campeão de peteca (1946)
Fala Claudionor (1946)
Rainha da Lapa (1950)
Eh! Eh! Paisano (1953)
Couro de Gato (1954)
Vida vazia (1954)
Batuque de Salvador  (1955)
Adeus Mangueira (1958)
Carnaval com quem? (1959)
Mulheres à vista (1959)
Tá certo, sim (1961)
A mulher da gente (1969)
Congada pra sinhô rei (1970)
Rainha da gafieira (1971)
O último rancho (1973)
A vida não vale nada  (1979)
A canção da formiguinha (1979) 
A morte da porta-estandarte (1979) 
Arigó no metrô (1979) 
Chora trombone (1979) 
Dona Formiguinha (1979) 
O negócio é pechinchar (1979) 
Obrigado Noel (1979) 
Por mim, Rosa (1979)
Reza por mim meu irmão (1979)
Saudades da gafieira (1979)
Saudades do Elite (1979)


Atuação como intérprete:
1939 - Rosinha e Tico-Tico
1940 - Maria Bonita (marcha)
1944 - Já tenho compromisso
1946 - Avec vous madame!
1946 - Mano a mano
1954 - Marcha do tatu
1957 - Samba Comunicado
1959 - Co-co-co-ró!
1959 - Umbigo de vedete
1961 - Nenén transviado
1965 - Risoleta
1971 - O barão Otelo no barato dos bilhões – Trilha Original do Filme
1985 -  Cansei de implorar
1985 - Boneca de pixe
1985 - Cineangiocoronariografia
1985 - Negrinho da Casa Grande
1985 - No tabuleiro da baiana


Fonte:
http://www.ctac.gov.br

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