Julio Barroso foi um jornalista, compositor, cantor e DJ carioca. Considerado um grande precursor do rock brasileiro dos anos 80, o líder da lendária banda Gang 90 & Absurdettes influenciou a cultura da época
Por Daniel Vaughan e Luiz Filipe Tavares
Cantor, compositor, poeta, jornalista, ensaísta, beatnik, moderno, DJ... Júlio Barroso foi isso e muito mais. Visionário, o carioca retornou de uma temporada em Nova York no início dos anos 80 para promover uma virada cultural no Brasil. Entre outras coisas, fundou o combo Gang 90 & Absurdettes e antecipou o movimento new wave no país. Ou melhor, uniu a irreverência brasuca ao ritmo rocker estrangeiro. O disco Essa Tal de Gang 90 & Absurdettes (1983) é um clássico instantâneo. No repertório, “Nosso Louco Amor”, “Telefone”, “Perdidos na Selva” e “Noite e Dia” (com Lobão). Muitos desses sucessos foram (e ainda são) regravados por ex-parceiros e bandas contemporâneas. Depois de virar de ponta-cabeça o rock, Barroso faleceu tragicamente, um ano depois de lançar sua obra imortal.
Numa época pré-MTV, o “agitador cultural” Julio Barroso foi quem injetou modernidade no rock n’ roll nacional. Se os discos de vinil importados custavam uma fortuna e demoravam meses para desembarcar por aqui, era ele quem voltava de Nova York com novidades que estreavam nas rádios causando grandes alardes. Talking Heads, Gang of Four e Roxy Music, além de todo os representantes do movimento new wave, foram as suas principais “descobertas”.
Sempre de óculos fundo de garrafa e camisa social, Julio Barroso deu o seu recado, inclusive nos palcos. O Gang 90 fez um enorme sucesso com a música “Perdidos na Selva”, que venceu o festival da Globo em 1981, diante de um Maracanãzinho lotado. “Nunca conheci alguém com seu nível de loucura, criatividade e talento, porque não adianta o cara ser muito louco e não fazer porra nenhuma”, conta Lobão durante o filme.
Após a participação no Festival MPB-Shell, promovido pela Rede Globo em 1981, concorrendo com o lendário hit Perdidos na Selva (posteriormente gravado pelo Barão Vermelho, em 1996), Júlio e seu grupo gravaram o LP Essa tal de Gang 90 e Absurdettes. O grupo é tido até hoje como um dos precursores do rock brasileiro dos anos 80. Como compositor, foi parceiro de Lobão e Ritchie.
Em 1991, sua irmã Denise lançou o livro póstumo "A vida sexual do selvagem", em homenagem ao irmão. Júlio Barroso é considerado junto à crítica musical especializada em rock um dos precursores do BRock surgido na década de 1980. Seu conjunto, ao lado da Blitz, teria tido um papel fundamental na consolidação do gênero nesse período.
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