A pouco mais de um ano o Brasil perdia o cearense Ed Lincoln, considerado por muitos como o Rei dos bailes.
Por Bruno Negromonte
Nascido em Fortaleza, Eduardo Lincoln Barbosa Sabóia, mais conhecido como Ed Lincoln, foi um dos grandes nomes da música brasileira principalmente nos anos de 1960, onde com sua orquestra animava os salões das principais capitais brasileiras. Compositor, arranjador, produtor e multi-instrumentista, Lincoln não começou sua vida profissional já envolto com a música, antes de se dedicar a ela atuou como revisor e redator do jornal O Povo, tradicional noticiário de sua terra natal.
Aos 19 anos segue para a então capital federal, o Rio de Janeiro, para arriscar-se na carreira artística. A primeira oportunidade que lhe surge é para ser contrabaixista em clubes e jam sessions. Posteriormente passou a executar piano e depois Órgão Hammond nestes mesmos espaços, e foi neste ambiente musical que teve a oportunidade de atuar com nomes como Dick Farney.
Ainda na década de 1950 teve o seu primeiro registro fonográfico com o Trio Plaza, que tocava na boate Plaza, localizada no hotel de mesmo nome. Lá Ed tocava tocando baixo e piano com nomes como Luiz Eça e Johnny Alf. Por volta de 1955 resolve formar o seu próprio conjunto ao lado de nomes como Luiz Eça, ao piano, e Paulo Ney, na guitarra, e vem desse período a sua primeira gravação, tocando contrabaixo, no LP "Uma noite no Plaza". Ainda no mesmo ano grava "Amanhã eu vou", de Nilo Sérgio, e "Nunca mais", de sua autoria e Sílvio César. Sem contar ainda seus trabalhos que no conjunto de danças dirigido por Djalma Ferreira; na boate carioca Drink e sua participação nas primeiras gravações de alguns iniciantes que viriam tornar-se grandes nomes do cancioneiro popular brasileiro, como é o caso de Baden Powell e Claudette Soares.
Porém foi a partir da década de 1960 que começou a ganhar projeção nacional criando um estilo todo peculiar ao executar seu órgão, instrumento este que se tornou moda em bailes da época, tornando-o um dos mais requisitados. Vem desse período os LPs "Ao teu ouvido" e "Ed Lincoln boate", "Ed Lincoln - Seu piano e seu órgão espetacular", "A volta", "Órgão espetacular", fazendo sua carreira artística deslanchar e tornando-o um dos mais requisitados animadores de bailes. Nesta década sofreu um grave acidente de carro que o manteve afastado das atividades artísticas por mais de um semestre, época esta que delegou ao então jovem Eumir Deodato suas funções. Além de Deodato, diversos foram os nomes que atuaram em suas orquestras, tais quais os cantores Emílio Santiago, Toni Tornado, Silvio César entre outros. Sem contar com os instrumentistas Wilson Das Neves, Durval Ferreira, Luis Alves, Marcio Montarroyos entre outros conceituados músicos.
Com o advento de novos modismos musicais, Ed a partir dos anos 70 começou a afastar-se dos bailes e passou a atuar mais como músico de estúdio, lançando gingles e coletâneas dançantes de sucessos nacionais e internacionais, assinados com os mais diferentes pseudônimos, nomes como Glória Benson, Orquestra Los Angeles e Orquestra Romance Tropical. Vanguardista, Lincoln foi um dos primeiros músicos brasileiros a dedicar-se a música eletrônica ainda na década de 1970, fazendo experiências através do computador.
A partir dos anos de 1980 manteve-se afastado da vida artística, participando esporadicamente de um ou outro projeto de outros artistas, como foi o caso de seu último registro fonográfico, uma participação no álbum do Marcelinho da Lua, gravando em órgão Hammond no samba "Sem compromisso", de Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro, em 2007. O músico Henrique Cazes, em 2003, concebeu o projeto "Sambalanço - A bossa que correu o mundo", que gerou o espetáculo "Saudade fez um samba", fazendo com que Ed voltasse aos palcos depois de 30 anos afastado.
No último mês de julho completou-se um ano em que o músico não está mais entre nós, Ed morreu aos 80 anos de idade, por insuficiência respiratória e foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Para a grande imprensa a data passou batida.
O cara da foto é o Lincoln Olivetti, não o Eduardo Lincoln. Confundiram os músicos.
ResponderExcluirObrigado pela correção! Foi um lapso de nossa parte realmente. Abraços sonoros!
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