A notícia saiu ao longo dos primeiros dias deste mês de maio, na página do Facebook da Nação Zumbi. A banda não entrará em estúdio este ano e não sabe se voltará aos palcos em 2014. Ou seja, uma forma paliativa de anunciar sua aposentadoria. Alguns músicos da Nação atualmente se viram acompanhando Marisa Monte em turnê nacional e mundo afora. Outros seguem com projetos paralelos.
A grande questão é: a banda parou por conta de problemas de relacionamento entre os integrantes ou por que não consegue mais sobreviver no mercado? Se a principal banda pernambucana em atividade não suportou as atuais condições do mercado (aliás, existe um mercado hoje?), fico imaginando como anda a cena independente então.
Recentenmente li uma entrevista bastante pertinente que o produtor Paulo André concedeu a Rodrigo Edipo, do site mionline. Ainda que o discurso seja velho conhecido, ele não deixa de ter razão em vários aspectos. Um deles: a iniciativa privada está pouco se lixando para a produção cultural pernambucana. A não ser que você considere cultura o São João da Capitá. Pois este evento, com aqueles nomes deprimentes que fazem uma musiquinha ordinária que têm a coragem de chamar de forró, tem o patrocínio de cinco grandes marcas e parceria com a Rede Globo Nordeste. Não é à toa que lota todo ano. É o que Paulo André chama de “público alienado”. Mas como seria de outra forma? Existe algum espaço tão grande na mídia para artistas que façam algo realmente relevante? O que mais ouvi de pessoas que acompanham de longe (o tal público alienado) o que se produz aqui foi frases do tipo “não tem nenhuma banda boa (conhecida) na programação do Abril pro Rock”. E como é que vou culpar um sujeito que trabalha 12 horas por dia e só tem tempo de se informar via Rede Globo ou rádios jabazeiras de tamanha ignorância? É como disse Paulo André: uma programação com nomes como Volver, Television, Silva, Marcelo Jeneci e Móveis Coloniais de Acaju é para poucos no Recife.
Tenho medo dessa ignorância disseminada pela grande mídia. A Globo, em suas chamadas comemorativas, ainda se lembra de Maestro Forró e Spock. Mas onde estão Silvério Pessoa, Siba e a própria Nação Zumbi? Para a maior rede de televisão do país, eles simplesmente não existem, a não ser quando desfilam no Galo da Madrugada. Ou seja, uma vez por ano.
Com uma produção musical tão rica e reconhecida internacionalmente, é absurdo imaginar que rádio alguma toque os artistas locais. Atenção, estou me referindo a artistas, e não a coisas do gênero “Musa Do Calypso”.
Na grande maioria dos shows independentes locais, o público é sempre composto das mesmas vinte ou trinta pessoas. E, na maior parte das vezes, são produtores, jornalistas especializados e alguns amigos pingados. Ou seja, não existe público. E é fácil saber o motivo. Como existirá público se não existe mídia para divulgar?
Se nem a Nação Zumbi sobreviveu, fico imaginando um terrível efeito dominó que terminará com a carreira de todas as bandas locais. A verdade é uma só: o Recife é absolutamente ingrato com os talentos da sua terra. Basta ver os lambe-lambes da cidade para constatar a triste realidade cultural a qual estamos cercados.
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