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sábado, 11 de maio de 2013

JORGE BEN: 50 ANOS DE DISCO

Por Marcus Preto



Samba Esquema Novo”, a obra-prima de Jorge Ben, completa 50 anos. É seu primeiro álbum e também a inauguração de um gênero. Gênero esse que depois se desdobraria em muitos: sambalanço, samba rock, swing, samba soul. O cara queria imitar a batida de violão de João Gilberto, mas, como não tinha destreza técnica para isso, inventou outra onda. Inventou outra roda. E fez o mundo girar com ela, e em torno dela.

Era o caso de comemorar a data: 50 anos. Mas Jorge Ben Jor, como ele se chama desde o final da década de 1980, não quer saber de passado. Entra em pânico.

Ele nem sequer assume seu 70 anos de vida – e só admite os 50 de “Samba Esquema Novo”, porque o número impresso no selo do disco não o deixa mentir.

Entrevistei Jorge três vezes nessa vida. E todas as três renderam boas histórias. Na mais recente, no começo de 2011, eu dividia as perguntas com outros dois jornalistas. E foi nessa que, quando um de nós quis saber se ele comemoraria de alguma maneira os 70 anos, ele respondeu: “Que 70 anos? Não sei do que vocês estão falando. Vamos acabar a entrevista?

O tempo que passa é um tabu para ele. Presenciei outro mal estar em torno desse tema, em 2002. Era a gravação do “Acústico MTV” de Jorge. E ele chegou ao estúdio, no Rio, na véspera. Olhou o cenário sendo montado e fez cara de medo: “Tira já esse negócio daí! Tira! Com isso eu não toco”. O “negócio” eram pôsteres com fotos antigas dele, provavelmente do mesmo período do álbum “Ben” (1972). Não podia. Os produtores tiveram que improvisar novo cenário em 24 horas, sem nada que remetesse ao passado.

Falam muito das manias de Roberto Carlos, mas Jorge é bem parecido com ele nesse quesito. Quando, há dois ou três anos, eu soube que sairia uma caixa reeditando os seus álbuns gravados na Philips (1963-1977), fui tentar uma entrevista. Liguei para o empresário de Jorge com o seguinte argumento: “Poxa, são 13 discos fundamentais para a história da música mundial, ele tem que falar disso”. O empresário ficou apavorado: “São 13? TREZE? Ai, já era!”. Depois, quase chorando, fez o pedido: “Pelo amor de Deus, não fala esse número pro Jorge, senão ele cancela todo o projeto, não tem mais lançamento”.

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