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segunda-feira, 15 de abril de 2013

CASA DE SEU JORGE: PARCERIAS ARTÍSTICAS E UM FINAL (QUASE) FELIZ

Espaço articulador da cena nacional de música independente, a casa recifense fechou as portas no início do mês.


Por Fábio Marques


Foram três anos e mais de 400 shows prestigiados por um público religiosamente atento e silencioso. As quatro últimas apresentações estavam, dias 29, 30, 31 de março e dia 1º de abril, à altura do carinho cativado pela casa ao longo desta curta existência. O local foi tomado por artistas e um público emocionado que dividiu com os organizadores manhãs, tardes e noites. No palco, se revezaram os grupos cearenses Breculê, Chacomdéga, o compositor Daniel Medina, o percussionista Igor Ribeiro e ainda os recifenses Raphael Costa, proprietário do espaço, Rafael Duarte, baixista da banda Rivotrill. Na plateia, figuras como a cantora Nena Queiroga e os compositores Publius e Bráulio Araújo.

Foi incrível. Recebemos pessoas que entenderam a casa, que compreenderam o que aconteceu aqui nos últimos três anos. Agendamos apenas um show, para o dia 29 de março. Foi tão bonito, que ninguém queria que acabasse. Batemos uma foto e fizemos outro show. E mais outro e outro. Não foi nada combinado. O último show foi do Fabrício (da Rocha) e Pedro (Fonseca) no meu quarto. O quarto show. A cama era o palco”, narra Raphael, gestor e criador do espaço.

A casa foi obrigada a encerrar as atividades depois que a proprietária do imóvel triplicou o preço do aluguel. “Ficou inviável mesmo. A gente teria opção de ir para outro lugar, tentar começar de novo, mas acho que preciso de um tempo, que não sei de quanto vai ser, para repensar o projeto”, explica.

A Casa de Seu Jorge, lembra Raphael, foi criada após a venda de um antigo apartamento por seu pai, que procurava um investimento para a quantia recebida. “Era pouco dinheiro, mas não queria acabar sem fazer nada. E lembrei dessa ideia, de ter uma casa onde poderíamos morar e receber os amigos”, conta.

O pai de Raphael, o “Seu” Ricardo Jorge, encampou o empreendimento com ele, que contou ainda com o apoio da mãe, Flor Costa, ajudando na cozinha do bistrô. Entre shows de grande parte da cena autoral de Recife e artistas de todo o País, destaca Raphel, passaram pelo lugar figuras como Zé Renato do Boca Livre, Dominguinhos, Elba Ramalho, Alaíde Costa, Sá & Guarabira e Lula Queiroga. 


Parcerias

O espaço realizava as apresentações em parceria com os músicos, viabilizadas de acordo com as condições de produção de ambos. A casa tinha capacidade para receber 80 pessoas na plateia. Contava com seis funcionários, entre cozinheiro, porteiro, garçons e caixa, além de equipe para divulgação e assessoria de imprensa dos shows. 

A proposta do equipamento cultural, reforça Raphael Costa, era manter a música como elemento central de toda a atividade e estar aberta a todos os gêneros, do regional ao experimental. “O que era legal a gente colocou para tocar na Casa de Seu Jorge”, reforça. A atenção com os músicos na passagem de som, a postura durante o show – quanto o atendimento era reduzido ou mesmo suspenso para que fosse mantido o silêncio – e as parcerias, permitiam uma proximidade do público e dos artistas com o espaço. 

A Casa de Seu Jorge foi adotada pelos músicos da cidade. Tenho certeza ela (a Casa) tem muito mais amigo que eu. Acho que sem isso, ela não existiria”, avalia Raphael.

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