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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CARMEN BARBOSA, 100 ANOS

Se viva, a artista que morreu prestes a completar 30 anos estaria, assim como Luiz Gonzaga em plena comemoração do seu centenário.

Por Bruno Negromonte



Nascida no Catumbi, Rio de Janeiro, em 04 de setembro de 1912, a cantora Carmen Barbosa morreu precocemente na véspera do seu aniversário de 30 anos.

Por ser extremamente retraída e avessa a propagandas e divulgações pouco se sabe a respeito de sua vida pessoal, tanto que muitos estudiosos da MPB prendem-se apenas a seus dados artísticos, pois a gama de informação é bem maior.

A sua carreira começou na Victor, como corista de gravações de gravações na RCA Victor e admitia sofrer forte influência da cantora Carmen Miranda, que na época já era uma das grandes estrelas da música brasileira. Em 1938, em entrevista concedida para a revista Carioca, Carmen fala um pouco sobre esse início de carreira: "Foi na Victor que eu comecei. Era corista de gravações. Sempre tive ótimo ouvido e aprendia, com facilidade, os sambas lançados em primeira mão. Passei uma porção de tempo nessa vida. Não me davam nenhuma oportunidade. Aborreci-me lá. Vim para a rua... Vivi a vida amarga dos chômerus" (operários sem trabalho) do rádio. De estúdio em estúdio, cantando em audições experimentais, para diretores apressados e distraídos. Vida de cachorro, sabe?".

Nesse período atuou também na Rádio Cruzeiro do Sul indo posteriormente para a Tupi. Pois terminado o contrato com a emissora da Cinelândia, a Tupi cercou-a com uma proposta bastante vantajosa, quando por volta de 1934, a artista teve a oportunidade de substituir a cantora carioca Madelou Assis, que por motivo de força maior faltara a gravação. Daí então a artista passou a fazer parte do casting da gravadora assinando um contrato para posteriormente passar a gravar.

Cerca de dois anos depois lança o seu primeiro 78 rotações com canções compostas por Pixinguinha e Cícero de Almeida. No disco estavam presentes os sambas "Por você fiz o que pude" e "Você é bamba".



Sua carreira fonográfica foi bastante curta. Deu-se entre os anos de 1935 e 1936 e estendeu-se até 1940, quando gravou seus dois últimos 78 RPM's em junho. Nesse período chegou a atuar em quatro gravadoras distintas: Columbia (1935), RCA Victor (1937), Odeon (1937) e Columbia (1937-1940) sacramentando-se como uma das cantoras mais relevantes do curto período em que atuou. Isso já foi o suficiente, porém, para deixar todos convencidos do seu talento. Foi muito apoiada por Benedito Lacerda, que com sua flauta está presente em quase todas as suas gravações, sendo o compositor da maioria das músicas interpretadas por ela.

Em 1937 a cantora grava dois de seus maiores sucessos: o samba canção "Palmeira triste" (Herivelto Martins) e o samba "No picadeiro da vida" (Benedito Lacerda e Herivelto Martins). No ano seguinte atuou na Odeon, onde dividiu com o "caboclinho do Brasil" um 78 rotações em que de lado havia a sua interpretação, e do outro trazia Sílvio Caldas com o samba "Quem é que não chora", de Zé Pretinho e César Brasil. Posteriormente, em 1939, ainda registrou o samba "Adeus favela", de Nelson Trigueiro e Paulo Pinheiro e a marcha "Quando a Violeta se casou", de João de Barro, Alberto Ribeiro e Alcir Pires Vermelho. Em 1940 aconteceram os seus últimos registros fonográficos, e entre eles estavam a marcha "Sonho de carnaval", de Jerônimo Cabral e Luiz Peixoto e o samba "Parece mentira", de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira. É válido ressaltar que um dos grandes incentivadores da carreira artística de Carmen Barbosa foi o instrumentista e compositor Benedito Lacerda, tanto que chegou a acompanha-la com sua flauta e compondo a maior parte das músicas gravadas por ela.

Vítima de uma prematura morte, a cantora veio a falecer antes de completar 30 anos quando já desfrutava de uma situação de brilhante ascensão.


Discografia Oficial

Por você fiz o que pude/Você é bamba • Columbia • 78 (1936)
Vejo o sol no horizonte/Quando lembrares deste amor • Columbia • 78 (1936)
Palmeira triste/No picadeiro da vida • Victor • 78 (1937)
Carnaval que passou/Sucursal do céu • Victor • 78 (1937)
Liberdade/Meu coração em leilão • Victor • 78 (1937)
Quem é que não chora • Odeon • 78 (1938) 
Se eu lhe roubar um beijo/No fim do nosso amor • Odeon • 78 (1938)
História triste/Quero sorrir...quero mentir • Victor • 78 (1938)

Quando a Violeta se casou/Dança do bole-bole • Columbia • 78 (1939)
Adeus favela/Maior prazer • Columbia • 78 (1939)
Banalidade/Uma mulher e dois amigos • Columbia • 78 (1939)
Teus olhos/Depois que ele partiu • Columbia • 78 (1939)
Sonho de carnaval/Parece mentira • Columbia • 78 (1940)
Saudade da Bahia/Loteria do amor • Columbia • 78 (1940)


Fontes:
Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora;
Revivendo Músicas - Biografias.

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