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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

WALDIR AZEVEDO, 90 ANOS

Um dos expoentes máximo da música instrumental brasileira se estivesse vivo estaria completando ao longo deste ano nove décadas de existência.

Por Bruno Negromonte


O gênero Choro surgiu no Rio de Janeiro em meados do século XX e o surgimento do termo é composto por diversas versões, dentre as quais a de que a expressão choro pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e os que a apreciavam passaram a chamá-la de música de fazer chorar, segundo definição dos pesquisadores e jornalistas Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão. Para Câmara Cascudo o termo pode também derivar de "xolo", um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como "xoro" e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com "ch".

Para Ari Vasconcelos, outro pesquisador do gênero, o termo choro seria uma corruptela de choromeleiros, corporações de músicos que tiveram atuação importante no período colonial brasileiro. Os choromeleiros não executavam apenas a charamela, mas outros instrumentos de sopro. O termo passou a designar, popularmente qualquer conjunto instrumental. Depois de já estabelecido o nome choro, o gênero foi apelidado de ‘’chorinho’’. Entretanto, muitos chorões e apreciadores do gênero não gostam dessa denominação.

Diversos foram os artistas que fizeram história executando tal gênero no Brasil, entre eles consta o de Waldir Azevedo, que é sem dúvida, junto com nomes como Pixinguinha, Patápio Silva e Altamiro Carrilho, um dos maiores do gênero. E a sua consagração  não se deu à toa. Em 1947, Waldir Azevedo, já um virtuoso do cavaquinho, compôs "Brasileirinho", um dos maiores sucessos da história do gênero, gravado por Carmen Miranda e, mais tarde, por músicos de todo o mundo. Ele foi pioneiro, quando retirou o cavaquinho do papel de mero acompanhante e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando de forma inédita as potencialidades do instrumento.


A história sobre a composição mais famosa do saudoso Waldir Azevedo é relatada pelo radialista Beni Galter e vale a pena chegar ao conhecimento dos amigos leitores. Conta o comunicador que ao chegar em casa, quando ainda morava no Rio, Waldir encontrou seu sobrinho de aproximadamente cinco anos de idade, que lhe entregou um cavaquinho de plástico quebrado e lhe pediu: - "Tio, toca alguma coisa pra mim ...

- "Eu gostaria, meu filho, mas só tem uma corda."

- "Ah, tio, toca assim mesmo."



Waldir então, tentando contentar o menino, começa a tirar uns acordes do cavaquinho de uma única corda, sem imaginar que aquelas notas musicais depois de "trabalhadas" dariam na sua composição mais famosa: "Brasileirinho", título dado a música em homenagem ao seu sobrinho, um "Brasileirinho" de cinco anos.

João de Barro - Braguinha - grande compositor brasileiro, autor da letra do imortal "Carinhoso" e outros sucessos. Era também diretor artístico da gravadora Continental. Ouvindo Waldir tocar "Brasileirinho", convidou-o a gravar a música.

O sucesso foi arrasador. Tempos depois se encontraram.

- Já foi na gravadora receber? - pergunta Braguinha.

- Será que tem alguma coisa? - responde Waldir. 

Alguns dias depois, aproveitando o horário de almoço na "Light" onde era modesto funcionário, Waldir foi até à Continental.

- Meu nome é Waldir Azevedo.

- E daí? - responde o mal encarado funcionário do balcão.

- É que gravei um disco, e o seu João de Barros me disse que tem um dinheiro...

- Hum...

Passam-se uns 15 minutos. O homem nada simpático estava contando o dinheiro, que naquele tempo era de muitas notas e poucos zeros, mas de muito valor. Waldir estava preocupado em voltar ao trabalho, pois ainda nem tinha almoçado. 
- Desculpe, senhor, mas gostaria que me atendesse por que tenho que trabalhar.

- E o que é que estou fazendo?

Waldir Azevedo desce correndo as escadas, compra um jornal, volta, embrulha tudo, uma pilha enorme de dinheiro, desce de novo, toma um táxi, e vai direto pro subúrbio do Meyer onde morava.

Sua mulher, vendo-o chegar aquela hora, ainda de táxi, corre à porta aflita, querendo saber o que houve. Waldir, sem dizer uma palavra, passa por ela, vai para o quarto, rasga os jornais e joga satisfeito tudo aquilo sobre a cama.

A mulher, vendo tanto dinheiro, ainda mais assustada arregala os olhos e diz:

- Meu filho, o que você fez? Assaltou um banco?



Bibliografia Consultada:
http://pt.wikipedia.org

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