Por José Teles
O ano da graça de 2012 foi um dos mais prolíficos para música pernambucana, ao menos em quantidade de discos lançados. Segundo Fábio Cabral, da loja Passa Discos, especializada em artistas locais, foram 180 títulos de artista de Pernambuco (sem contar com a infindável quantidade de lançamentos de brega, funk e pagode, e qualidade e apresentação canhestras). Discos para todos os gostos, de novos e veteranos. Zé Manoel, estreou com CD que tem seu nome por título, e Otto com The moon 1111, a sequência do bem-sucedido Certa manhã acordei de sonhos intranquilos (2009); A Nação Zumbi lançou CD e DVD com show gravado no Marco Zero, e parte do grupo, o CD do projeto paralelo Los Sebosos Postizos. Mas em 2013? Vem bastante discos por aí. Afinal muito nome de peso não lançou disco este ano.
Um bom exemplo é a Nação Zumbi, que estava gravando álbum de inéditas, deu uma parada, porque Lúcio Maia, Dengue e Pupilo foram incorporados temporàriamente à banda de Marisa Monte. Enquanto isto da Nação Zumbi saíram projetos paralelos. Tocan Ogan e Da Lua uniram a Toca Ogan e Da Lua a André Malê e Marco Axé, da banda de Otto, para formar o Coco Samba de Mazuca. O disco já está pronto (foi gravado no Fábrica), mas Toca Ogan diz que não definiram ainda data de lançamento. Sabe-se apenas que será em 2013. Jorge du Peixe já anunciou seu projeto paralelo, o Afrobombas. Com ele estão Lula (vocal), André Édipo (guitarra), Thiago Duar (Baixo), Pernalonga (bateria), Ramon Lira (percussão), Dalua (percussão) e Guizado (trompete/eletrônicos). A estreia nos palcos acontece dia 10 de janeiro, na Choperia do Sesc Pompeia, em São Paulo.
Enquanto isso, em Peixinhos, mais um integrante da NZ embarca em projeto paralelo, Gilma Bolla 8” Correa, com o Combo X, com disco pronto, embalado, e pronto para consumo. O Combo X vem do Combo Percussivo, que Gilmar já tocava adiante com músicos da periferia de Olinda, porém totalmente turbinado. A produção é assinada por Gilmar Correa, Bidosvski e Bactéria. A lista de participações é extensa: Kassin, Buguinha Dub, Thalma de Freitas, Flávio Renegado, Mc. Marechal, Hugo Hori, Felipe Falcão, Cleiton Barros e Dj Soul Slinger. Uma dos primeiros clipes, uma homenagem a Chico Science, foi da faixa Rei urbano (que tem participação de Kassin): “O grupo surgiu em 2007, a partir de um convite de Naná Vasconcelos para a gente realizar um projeto com ritmos afro-brasileiros”, diz Gilmar Bolla 8.
A já veterana Mombojó vem de 11º aniversário, o grupo já chegou a fazer show do repertório do disco em São Paulo, mas o lançamento oficial acontece no começo de 2013, diz o tecladista Chiquinho: “Só não tem data definida ainda. Sai em CD e digital pela Som Livre, e em vinil pela Joinha Records. Está pronto, com dez faixas, e algumas participações, China, Bruno Ximarú, Cannibal, Vitor Araújo, Igor Medeiros e Nação Zumbi”. Mombojó 11º aniversário, como disco comemorativo de uma data nada redonda, tem repertório foram do por releituras de canções dos discos anteriores da banda, com uma inédita.
De uma geração que chegou logo depois da Mombojó, John Hooker tem engatilhado o disco Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito. O título, esclarece John “Hooker” Donovan, foi tomado emprestado do filme homônimo de Renata Brito: “Então quando chegou a hora de fazer um novo disco esse título voltou a minha mente. Permeando as gravações como uma luz guia. Seriam histórias de amor tendo como pano de fundo o Recife. Bregas, sambas, rocks”, conta ele, que foi produzido por Luigi Anghioni. O disco saí ainda esse ano em parceria com o Joinha Records. Por sua vez Alessandra Leão, ex-integrante da Comadre Florzinha, já começou a trabalha em Alê, como foi batizado o disco que ainda vai começar a gravar: “Quero começar ainda no primeiro semestre. Parte do repertório está pronto. Estou terminando de compor as músicas até fevereiro, aí vamos começar os arranjos”, diz Alessandra.
Mundo Livre S/A e Nação Zumbi, as duas bandas mais icônicas do manguebeat estão regravando-se. Uma gravando música da outra. A Mundo Livre S/A, conta Fred Zeroquatro, cumpriu o dever de casa antes da NZ: “A gente já gravou cinco. já estão pre-mixadas. gravamos no Mr.Mouse. estamos esperando o pessoal da Nação Zumbi. O disco sai pela Deck Disc”. Fred diz que as músicas ainda não estão terminadas. As gravações estão sendo bancadas pela gravadora. O álbum, ainda sem nome, tampouco tem data prevista de lançamento. De certo apenas que acontecerá em 2013.
Apesar de só agora ter gravado o primeiro disco solo, Ylana Queiroga é uma veterana. Estreou em estúdio com seis anos, fazendo coro para uma música gravada por Xuxa. Ela vem de uma família com talento musical que não é normal. É irmã de Yuri Queiroga, filha de Nena Queiroga, sobrinha de Lula Queiroga, e obviamente, neta do compositor Luiz Queiroga (de entre várias outras, A hora do adeus, com Onildo Almeida, feita para Luiz Gonzaga) e da cantora Mêves Gama. Sem esquecer que praticamente todos os tios estão no ramo da música. O disco de estreia de Ylana, no entanto, foi finalizado em 2010, e engavetado à espera de patrocínio, que demorou a aparecer. Graças ao produtor paulista Thiago Marques Luiz, Ylana chegou à Joia Moderna, pequena gravadora de São Paulo. Thiago ouviu uma cópia do CD, entusiamou-se, e convenceu o DJ Zé Pedro a Joia Moderna a lançá-lo : “O apoio da jóia moderna foi fundamental para conseguirmos fabricar o disco. A demora, porque quando a gente achava que só estava precisando de dinheiro para resolver tudo, nos enganamos. Ainda precisamos de algumas assinaturas, e de rever a documentação da música de Capiba (Sem gostar de mais ninguém). Mas o disco não vai sair realmente pela gravadora. Ela está dando o apoio. O trabalho já tem este tempo todo de pronto, musicalmente eu já estou em outra”, diz Ylana.
Ela participou este ano de dois tributos, ambos lançados pela Lua Music, e produzidos por Thiago Marques Luiz: Gonzagão 100 anos, e Hervelto Martins 100 anos. Gravado no Muzak, o primeiro disco de Ylana Queiroga é um verdadeiro mutirão musical. Tem participações de boa parte dos melhores instrumentistas em atividade no Recife (a produção é de Yuri Queiroga). O repertório de 12 faixas, é eclético. Vai do citado Capiba, até China (Overlock), Siba (O tempo), Lula Queiroga (Loa da lagoa), e Alceu Valença (Pedras de sal).
Quem apronta o primeiro DVD é Zeh Rocha. Transfinito, o nome, com 12 faixas, dez delas, inéditas: “ Tem uma música chamada Radiiopirateando, uma parceiria com Juliano Holanda, e mais duas parcerias com Xico Bizerra, Ciranda do mar de candeias, e estrada molhada de suor”, adianta Rocha. A direção musical é de Juliano Holanda, e direção de vídeo de Wilson Freire. O DVD é registro de um show apresentado, em 4 de maio, deste ano no teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. Gravado com o estúdio móvel do Fábrica, Transfinito terá uma tiragem de mil cópias (projeto aprovado pelo Funcultura). No entanto, Zeh Rocha não tem pressa, o lançamento vai esperar um pouco: “Só no fim do ano, em dezembro, na torre Malakoff, um domingo a tarde, com projeção do DVD. Até vamos fazer algumas ações nas livrarias do Paço Alfândega e Shopping Rio Mar, na Passa Disco”.
Geraldo Maia, que lançou recentemente, em aprceria com a revista Continente, o CD Estradas, tira do forno mais um álbum. Este tem por título o nome dele e do violonista. Na base de voz e violão, a dupla encara um repertório pinçado da obra de Chico Buarque: “Não é temático, nem de fases, nada. São apenas músicas de Chico Buarque, a maioria sem parceiros”, diz Geraldo Maia. Ele e Vinicius gravaram Mambembe, Deus lhe pague, Rios dos ventos, Sobre todas as coisas, de Chico e Edu Lobo), E Xote da navegação, parceria com Dominguinhos. Falando em Dominguinhos, ele tem um disco de inéditas praticamente pronto.
Um luar de Garanhuns no céu do Grato, é como foi batizado o disco formado por doze parcerias do sanfoneiro com o letrista Xico Bizerra. Ele conta que no dia 11 de fevereiro de 2012, recebeu uma ligação de Dominguinhos. Ele queria saber se Xico botaria letra numa melodia para uma canção que ia entregar para uma cantora gravar. Em lugar de uma melodia, o generoso garanhuense repassou onze a ao poeta cearense (do Crato). Acrescente-se a estas uma chamada No tempo de meu pai, de Dominguinhos e Anastácia.
Em seguida Xico Bizerra convidou amigos e amigs para gravá-las. O próprio Dominguinhos, com Waldonys está em uma das faixas, Senhora de minha alegria, um baião. O disco terá ainda Elba Ramalho, Chris Nolasco, Xangai, Geraldo Maia, Irah Caldeira, Maria Da Paz, Guadalupe, André Rio, Maciel Melo, Adelson Viana, e Tonfil. Xico Bizerra diz que espera apenas Dominguinhos se recuperar para mandar o disco à fábrica.
Por fim, mas não menos importante, a Spok frevo Orquestra finalmente está finalizando a sequência de Passo de Anjo, seu primeiro disco de estúdio. "Ninho de vespa", o novo álbum da SFO traz frevos compostos por nomes como Dori Caymmi e Sivuca: "A intenção foi gravar frevos compostos por autores que não são necessariamente de Pernambuco", adianta o maestro Spok. Ninho de vespa contará também com várias participações especiais.
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