Uma das mais surpreendentes homenagens que Luiz Gonzaga recebeu em vida lhe foi prestada pelo cantor romântico Fernando Mendes. Ele, tal qual Luiz Gonzaga, veio do interior (Conselheiro Pena/MG), aonde nasceu em 07/05/1950.
Menino estudioso, para prosseguir nos estudos ganhou uma bolsa num concurso de redação, cujo tema era a música “Construção”, de Chico Buarque. Talentoso, ingressou numa universidade e se formou em Administração de Empresas aos 22 anos.
Resolveu ser artista quando recebeu um violão de presente do pai por ocasião dos seus quinze anos. Aos dezessete anos junto com alguns amigos fundou o conjunto “Blue Boys”. Já nesse tempo era fã de um cantor chamado Luiz Gonzaga que viria a conhecer mais tarde e este também se tornou seu fã.
Em 1970, aos 20 anos, se mandou para o Rio de Janeiro para tentar vencer como cantor e compositor. Cantou por um bom período na Boite Plaza. Em 1971, conheceu o diretor de promoções da gravadora Copacabana que o indicou para um diretor da rival Odeon. Lá gravou seu primeiro disco em 1972 e “estourou” com a música “A Desconhecida” em 1973. Em 1973 ainda, conheceu Luiz Gonzaga no famoso programa de Haroldo de Andrade, ocasião em que este lhe disse que “A Desconhecida” já ocupava o segundo lugar no programa de Samir Abou Hana em Recife. Na verdade, o compacto com a música vendeu mais de 400 mil cópias e o LP mais de 60 mil.
Em 1973, fez muito sucesso com “Recordações” e “Caminho Incerto” e em 1974 com “Ontem, Hoje e Amanhã”. Nesse mesmo ano teve uma música censurada pela ditadura, “Meu Pequeno Amigo”, que fazia alusão ao seqüestro do menino “Carlinhos”, me parece que até hoje não esclarecido pelas autoridades competentes.
Em 1975, foi a vez de fazer um sucesso estrondoso com a música “Cadeira de Rodas”, música que fez o LP que a continha vender 250 mil cópias em poucos dias de lançado. Em 1976, seus sucessos foram “Sorte Tem Quem Acredita Nela” e “A Menina da Calçada”. De gosto musical sofisticado, gravou “Valsinha”, de Chico Buarque e Vinícius de Moraes, e uma seleção de vários sucessos de nomes famosos da MPB.
Em 1978, suas músicas “Sádico Poeta” e “Eu Vim da Roça” foram destaques do lançamento daquele ano. Esta última agradou muito a Luiz Gonzaga, em cujo estúdio compareceu para gravar com Fernando Mendes aquela que seria uma das homenagens mais inesperadas que recebeu: o “Baião Collection”.
Luiz Gonzaga, que era amigo de Fernando Mendes e mais do que isso, incentivador da sua carreira, jamais esperaria que ele aprontasse daquele jeito, “obrigando-o” a gravar em parceria, não no gênero forró, mas em ritmo de discoteca, ano em que essa moda começou a vingar no Brasil. O que se percebe dessa gravação são dois artistas de muito talento em um registro que além de musical contém muita coisa de humor.
Esse registro fonográfico de Luiz Gonzaga com Fernando Mendes prova que o Rei do Baião não era careta coisíssima nenhuma. Alguns preciosistas e puritanos do forró condenam essa parceria, porém devo dizer que adoro. Se antes eu já gostava do Fernando Mendes, depois que ele se juntou a seu Luiz, eu achei isso um barato. Grande Fernando!
Depois disso, em 1979, Fernando gravou aquela página sonora que o “eternizaria” no seio da música romântica brasileira: “Você Não Me Ensinou A Te Esquecer”, regravada inclusive por Caetano Veloso para a trilha sonora do filme “Lisbela E O Prisioneiro”.
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