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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

JULIA BOSCO - ENTREVISTA EXCLUSIVA

A cantora e compositora Julia Bosco esperou o tempo certo para dar vazão a um desejo que veio amadurecendo ao longo dos anos, e nessa sua nova escolha trouxe um repertório bastante confessional e intimista.

Por Bruno Negromonte 


Julia, que aos quatro anos já ouvia Billie Holiday, cresceu envolta a música de excelente qualidade produzida em sua própria casa, pois a cantora e compositora é filha do cantor e compositor mineiro João Bosco, artista com mais de 40 anos de carreira e dono de clássicos da MPB como "Papel maché", "Dois pra lá, dois pra cá", "Corsário", entre outros.

Depois de abandonar uma bem sucedida carreira executiva em uma multinacional para dedicar-se exclusivamente a música, Júlia vem apresentando o seu álbum de estreia intitulado "Tempo", título adequadamente preciso para a artista mostrar-se de maneira plena em sua nova escolha, trazendo consigo um repertório confessional e intimista, onde o amor rege de maneira plena no decorrer das faixas presentes neste debute fonográfico, além de peculiaridades que o público leitor pode conferir na matéria publicada recentemente aqui em nosso espaço intitulada "O TEMPO CERTO DE JULIA BOSCO".

Neste segundo momento, Júlia Bosco atenciosamente nos concede esta entrevista exclusiva onde fala um pouco sobre a receptividade do público com o seu disco de estreia, de sua parceria musical e afetiva com o músico Fabio Santanna, da condição de ser filha do João Bosco, um dos maiores nomes da nossa música entre outras coisas que vocês poderão conferir abaixo! Boa leitura!


Você de um ambiente familiar extremamente propenso ao desenvolvimento de alguma habilidade artística. Seu pai um dos maiores nomes da nossa música, seu irmão compositor, ensaísta e um dos apresentadores da Rádio Batuta, sua mãe artista plástica. Neste contexto é algo até natural um certo espanto por você não está neste contexto desde cedo. Quando houve essa decisão de dar início à sua carreira e você trouxe esse comunicado à família Bosco quais foram as palavras proferidas por eles que mostraram a você que esse era de fato a sua escolha certa?

Julia Bosco - “Até que enfim”. Foi isso que eu ouvi. Não porque existisse a cobrança, mas porque era o que se esperava que eu fizesse: arte. Pois bem, levei o tempo que precisei, e então mergulhei segura.


Há uma estória de que você desde tenra idade ouvia grandes nomes do mundo do jazz, pedindo inclusive para dormir ao som de nomes como Billie Holiday e outras divas da música. Seu interesse por música restringia-se as audições ou você interessou-se em dado momento na aprendizagem de algum instrumento?

JB - Sim, sempre tive um ouvido musical afiado e com forte tendência a morrer de amores por cantoras de jazz. Quando mais nova, criança ainda, fiz aulas de flauta, violão e piano. Na entrada da adolescência, um pouco antes até, fui tomada por uma anarquia absoluta e larguei praticamente todos os hábitos que tinha para me dedicar a conhecer a musica punk! Era uma coisa de criança mesmo, bem inocente, chega a ser melancólico lembrar, pois eu tinha um grande amigo que era de um jovem movimento punk, ainda é meu amigo e é um jornalista querido, mas éramos tão novos e tão cheios de sonhos revolucionários! Sonhos que não davam em nada: acabávamos as noites nas casas de nossos pais ouvindo Sex Pistols e comendo pizza, como se fôssemos mudar o mundo. Nessa época eu interrompi os estudos de instrumentos completamente e nunca mais os retomei, até poucos meses atrás.


O fato de você ter amadurecido esta sua decisão para o momento que achou mais conveniente dar vazão me remeteu ao Honoré de Balzac e a sua publicação "A Mulher de Trinta Anos", onde por coincidência a protagonista salve engano também chamasse Julia. A concepção defendida por Balzac de que a mulher nessa faixa etária está emocionalmente amadurecida para viver suas relações em plenitude condiz também com o seu momento atual? O disco de certo modo é o reflexo dessa plenitude?

JB - Com certeza absoluta. Ganhei este livro aos 29 e o que já vinha dando sinais de acontecer acabou ficando mais evidente: uma grande mudança estava a caminho. Os trinta caíram sobre mim como aquelas bigornas dos desenhos animados, sabe? Direto na testa! E eu fui ao chão na hora, mas me levantei rapidamente pensando nas soluções possíveis para tanta angustia e tanto questionamento. Todas as respostas levavam ao mesmo caminho: a música. O conteúdo do disco Tempo, de uma certa forma, procura passear por estes momentos como um enredo que se desenvolve sobre um tema, que na verdade é a minha própria existência.


Ser filha do João Bosco, artista este que nos últimos 40 anos acabou tornando-se um expoente para toda uma geração de artista da MPB, não acabou fazendo da expectativa (principalmente da imprensa especializada) algo que demandou uma responsabilidade maior na concepção deste seu trabalho?

JB - Não sei que tipo de expectativa isso gera nas pessoas ou na imprensa. A expectativa que gera em mim é a melhor possível, a de estar seguindo passos parecidos com os que meu pai seguiu tantos anos atrás, quando começou a trilhar seu próprio caminho. Onde isso vai me levar, ainda não sei dizer, e nem quero! Prefiro curtir o passeio... Meu pai é um sujeito sensacional, um grande artista, mas é acima de tudo um exemplo de trabalhador disciplinado e entregue ao seu ofício, é nisso que me inspiro, porque nossos estilos não são parecidos para que as comparações sejam possíveis.


Como se deu o seu processo de composição das faixas do disco? 

JB - No que diz respeito à prática da composição, este foi, e ainda é, o exercício mais complexo dessa mudança toda na minha vida. Sempre escrevi, mas sou prolixa, exagerada, e fazer música é realmente um teste à minha capacidade organizacional! Ter um espaço onde as coisas precisam caber para fazer sentido, ter uma divisão, uma melodia, um ritmo, tudo isso foi novidade frente ao que eu compreendia como processo criativo puramente. E neste ponto, aliás, em todos os pontos que envolvem este disco, ter a parceria do Fabio Santanna foi condição fundamental para que as coisas acontecessem. Tudo que compus, foi em parceria com ele. Sem isso, acho que ainda não teria conseguido. Bater cabeça faz parte do processo, e neste ponto também estou amadurecendo. Quero conseguir compor sozinha, apesar de amar compor em parceria... Com relação às musicas, propriamente ditas, todas trazem um tom confessional de propósito, mas ao mesmo tempo em que são pessoais, são facilmente transferíveis., pois falam de relacionamentos, de auto-conhecimento, de vivencias e experimentações... E quem não passa por isso? Todo mundo.


Tempo” é uma das canções de autoria do Fabio Santanna que já estava pronta antes da concepção do disco. Há mais alguma canção que foi elaborada antes da pré-produção do álbum e que no caminho em que o trabalho estava seguindo contextualizou-se com o projeto?

JB - Sim, uma que se chama Confusão, e que o Fabio fez para mim na noite em que me conheceu e achei bacana registrar a primeira percepção que ele teve sobre mim, antes do meu amadurecimento; e outra que se chama Mutantes, que ele já havia trazido para eu conhecer e era a cara de nós dois juntos, então foi incorporada naturalmente ao disco.


Você tem dois grandes compositores na família que é o seu pai e o seu irmão, porém você procurou elaborar um trabalho essencialmente constituído pelo seu universo. No momento em que você estava montando o repertório não cogitou a possibilidade de inserir algo produzido nem por seu pai nem pelo Francisco?

JB - Não foi preciso, as composições brotaram dentro de um sentido mesmo, como se eu quisesse contar uma história e aqueles fossem os capítulos. Mas eu teria pedido ou cogitado sem o menor pudor, se tivesse vontade ou contexto. Isso não é uma questão, é uma oportunidade. Quem sabe no próximo!


Houve uma reviravolta significativa em sua vida, pois você saiu de um emprego de uma empresa conceituada como a Petrobras para dar vazão ao desejo de seguir uma profissão que é preciso matar um leão a cada dia para manter-se nela. Ao decidir abandonar toda a estabilidade ao longo desses últimos oito anos houve algum tipo de receio?

JB - Houve e ainda há. Mas a gente tem que fazer as coisas mesmo quando não tem certeza, pelo menos quando se trata de tentar ser aquilo que a gente acredita que é. Abri mão de um estilo de vida em detrimento de um outro, que ainda não me deu o mesmo retorno financeiro, mas já me faz muito mais feliz e realizada.


Sua relação com o Fabio nos remete a um exemplo clássico dentro de nossa música que é o casal Rita Lee e Roberto de Carvalho. Ele se fez a essência deste álbum participando da concepção nas diversas fases existentes. Você estaria hoje nesta condição de cantora se o Fabio não tivesse surgido em sua vida?

JB - O Fabio diz que cantora nasce cantora, e que ele sempre soube o que eu era e tudo que eu ainda posso ser. Diz ele que no dia em que eu descobrir, ninguém me segura! Acho bacana ter um parceiro assim, que me dá tanta força, e nem quero pensar em como seria se ele não tivesse surgido, quero aproveitar que ele surgiu e colher os frutos que estamos plantando juntos. Quanto ao casal mencionado, somos muito fãs dos dois e os temos como exemplos, chega a dar orgulho estar numa questão como essa junto a eles...


Como tem sido a receptividade nos locais que você tem levado “Tempo” e quais as expectativas para esse segundo semestre em relação a sua carreira? 

JB - A receptividade com o disco foi bacana, mas o que tem me surpreendido é a receptividade com os shows. As pessoas adoram o show, chegam a se emocionar em alguns momentos e eu fico sempre me perguntando: de onde é que isso vem? Depois quando elas chegam para falar comigo, eu entendo! Sempre me dizem que eu faço o show com um jeito de quem sempre quis tanto estar ali, fazer aquilo, que chega a ser libertador para quem assiste. Que bom, porque eu mesma entro num transe e quase nem me lembro depois... 

Para o segundo semestre a expectativa, aliás, a grande esperança, é de que este disco, projeto independente, consiga levar seu show a outros estados brasileiros fora do eixo Rio-São Paulo. Esse é o meu maior desejo.



Maiores Informações:

Twitter - @Julia_Bosco 


Contato:
Agenciamento - Flávia Souza Lima | Planetário Produções:
mailto:planetarioproducoes@gmail.com?Subject=Julia%20Bosco - Tel.: (21) 9139.0777 - (21)8017.0000 

Assessoria de Imprensa - Fabiane Pereira | Valentina Assessoria de Comunicação e Marketing:


O álbum pode ser adquirido através dos seguintes endereços:


Livraria Cultura:

Saraiva:



Manaus (AM):
Saraiva Shopping Manauara

Salvador (BA):
Livraria Cultura
Pérola Negra - nova - Tel: 71 3336-6997

Fortaleza (CE):
Livraria Cultura

Brasília (DF):
Livraria Cultura - Brasilia - Tel: 0 XX (61) 3410-4033
Livraria Cultura - Brasilia / Lago Norte

Belo Horizonte (MG):
Discomania - Edu - Tel: 31 3227-6696
Discoplay - Tel: 31 3222-0046

Belém (PA):
Ná Figueredo-Estação - Tel: 91 32123421

Recife (PE):
Passadisco - Tel: 81 3268 0888

Curitiba (PR):
Livraria Cultura Curitiba
Só Música - Tel: (41) 3222-4339

Rio de Janeiro (RJ):
FNAC Barra - Tel: 21 2109-2000
Livraria Cultura - Rio de Janeiro
Livraria da Travessa - Leblon - Tel: 21 3138-9600
Marimba - Tel: 21 2205-7739

Porto Alegre (RS):
Liv. Cultura RS - Tel: 51 3028-4033

São Bernardo do Campo (SP):
Merci Discos II - Tel: 11 4368-8569

São Paulo (Capital) (SP):
Banana Music - Tel: 11 3085-8877
Baratos Afins - Tel: 11 3223-3629
Compact Blue - Tel:
Discoteka Cultural - Multishop Vila Mari - Tel: 11 5906-0456
FNAC - Tel: 11 4501-3000
Laserland - Tel: 11 3082-0922
Liv.Cultura - Market Place - Tel: 11 3474-4033
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Livraria Cultura - Villa-Lobos - Tel: 11 3024-3599
Livraria do Espaço Unibanco SP - Tel: 11 3141-2610
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