Um década depois de sua morte, um dos responsáveis pelos maiores sucessos de Nelson Gonçalves praticamente caiu no limbo do esquecimento.
Adelino Moreira é caso raro na história da música popular brasileira. Um compositor que construiu a carreira com talento e cuidado e conseguiu manter um confortável padrão de vida, principalmente porque nunca parou de receber direitos autorais. “Se qualquer compositor quiser ganhar dinheiro com música no Brasil, tem antes que me consultar. Eu sei vender discos. Eu faço músicas para vender. Eu faço o que o povo quer”, declarava, em meados dos anos 70.
Nascido na cidade do Porto, em Portugal, em 28 de março de 1918, Adelino Moreira de Castro chegou ao Brasil com apenas um ano de idade. O pai, comendador Serafim Sofia, era joalheiro e, em busca de vida melhor, instalou-se com toda a família na praça Mauá, no Rio de Janeiro. Não demorou a prosperar e a mudar-se para Córregos, onde, segundo Adelino, “era dono de quase toda a cidade”.
Ainda criança, o compositor começou a aprender o ofício do pai. Não só se tornou exímio na ourivesaria, mas também se contagiou com o amor paterno pela poesia e pela música. Nessa época, Adelino tinha aulas de violão e guitarra portuguesa e tentava as primeiras composições.
Ainda criança, o compositor começou a aprender o ofício do pai. Não só se tornou exímio na ourivesaria, mas também se contagiou com o amor paterno pela poesia e pela música. Nessa época, Adelino tinha aulas de violão e guitarra portuguesa e tentava as primeiras composições.
Em 1943, o comendador patrocinava o programa Seleções Portuguesas, na Rádio Clube do Brasil. Dirigido pelo maestro Carlos Campos, professor de guitarra de Adelino, o programa logo passou a contar com a presença constante do futuro compositor, que interpretava fados e umas “coisinhas” de sua autoria. Em 1945, convidado por João de Barro, diretor artístico da Continental, gravou os fados Olhos d´Alma e Anita, o samba Mulato Artilheiro e a marcha Nem Cachopa, Nem Comida, todos de sua autoria. Em outro disco, interpretou Manita, de Carlos Campos e Américo Moraes. Já em 1948 grava Adeus, composta por Maurício Jr e Américo Moraes
Consciente de que aquelas 78 rotações ainda não significavam a entrada para o estrelato, Adelino voltou à oficina do pai e, em 1947, montou a própria ourivesaria. Só passou a se interessar pela carreira musical quando conquistou a independência financeira. No ano seguinte, foi para Portugal, onde se apresentou no Teatro Sá de Miranda e gravou, pela Pharlophon portuguesa, vários discos de música brasileira. Retornando ao Brasil, tinha uma certeza: não queria ser cantor. Mas se dedicaria com afinco à composição.
Em 1952, Adelino conheceu Nelson Gonçalves. Impressionado com o estilo do cantor, o compositor lhe entregou Última Seresta para ser gravada. Essa música inaugurava uma parceria que se estenderia por muitos anos e que faria de Nelson o principal intérprete de Adelino. Nos anos seguintes, o cantor lançaria os primeiros dois grandes êxitos do compositor: os sambas-canções Meu Vício é Você, de 1955, e A Volta do Boêmio, de 1956. Na década de 60, Adelino e Nelson passaram também a compor juntos, surgindo, assim, vários sucessos, como o bolero Fica Comigo Esta Noite e os sambas-canções Escultura e Êxtase.
Ainda nos anos 60, vários outros cantores gravaram músicas de Adelino, entre eles, Ângela Maria, Carlos Galhardo, Núbia Lafayette e Orlando Silva. “Eu compunha para todo mundo. Todos os cantores de sucesso gravavam coisas minhas. Eu fazia música de acordo com a necessidade. Se precisava fazer 36 músicas por ano, eu fazia”, lembra o compositor.
Em 1966, alguns desentendimentos separaram Adelino de Nelson Gonçalves. A briga duraria até 1971, quando voltaram a trabalhar juntos. E, em meados da década de 70, além de continuar a compor, tornou-se empresário do cantor.
CARREIRA ARTÍSTICA
MOREIRA Adelino (Adelino Moreira de Castro). Nascido no Porto, Portugal 28/03/1918. Filho de um joalheiro, em 1919 emigrou com a família para o Brasil, fixando residência no subúrbio carioca de Campo Grande. Inicialmente, estudou com um padre numa igreja do morro do Pinto; aos 12 anos, entrou na Escola São Bento, em Niterói RJ. Cursou até o segundo ano científico, que abandonou para trabalhar com o pai.
Em 1936, casou com Maria da Conceição Barbosa (da qual se separaria em 1951). Em 1938, em Campo grande, começou a aprender bandolim, passando depois para guitarra portuguesa.
Por volta de 1940, o pai era o patrocinador do programa Seleções Portuguesas, na Rádio Clube do Brasil, dirigido pelo Maestro Carlos Campos, seu professor de guitarra. Foi através dele que passou a se apresentar na rádio como cantor.
Em 1945, convidado por João de Barro, diretor artístico da Continental, gravou seis discos; o primeiro deles incluía duas composições de sua autoria, Mulato artilheiro e Nem cachopa, nem comida (com Carlos Campos), e um outro trazia Manita e Adeus (ambas de Carlos Campos e Américo Morais). Ainda em 1945 começou a aprender violão. Em 1948 foi para Portugal, onde gravou, como intérprete, diversas músicas brasileiras, na Parlophon portuguesa, além de haver participado, também como cantor, da revista musicada Os Vereiros. De volta ao Brasil, deixou de cantar, e continuou a trabalhar com o pai e a compor. Em 1951 compôs a marcha Parafuso (com Zé da Zilda e Zilda do Zé), gravada pela dupla, em 1953. Em 1952, foi apresentado a Nelson Gonçalves a quem entregou sua composição Última Seresta (com Sebastião Santana) para ser gravada. Essa gravação, realizada na Victor a 8 de maio de 1952, foi a primeira de uma série feitas pelo cantor, que se tornaria seu principal intérprete. De 1953 são os primeiros grandes sucessos gravados por Nelson Gonçalves os samba-canções Meu vício é você, gravado em 1955, e A Volta do boêmio, gravado em 1956.
Entre várias músicas que compões em parceria com Nelson Gonçalves, na década de 1960, algumas fizeram sucesso, como o bolero Fica comigo esta noite e os sambas-canções Escultura e Êxtase. No início da década de 1960, a cantora Núbia Lafaiete gravou com êxito algumas composições suas, entre as quais os sambas-canções Devolvi e Solidão. Em 1966 Ângela Maria lançou um samba-toada Cinderela, um dos maiores sucessos do compositor. Em 1967, por desentendimentos deixou de compor para Nelson Gonçalves. De 1967 a 1969, atuou de disc-jockey na Rádio Mauá, do Rio de Janeiro. Em 1970 abriu uma churrascaria em Campo Grande, onde se apresentaram muitos cantores famosos. Em 1975 tornou-se empresário de Nelson Gonçalves, de quem voltou a ser amigo. Adelino Moreira faleceu no dia 07 de maio de 2002, de infarto do miocárdio em sua residência em Campo Grande, no Rio de Janeiro. À época do falecimento era Vice-presidente da SBACEM, associação em que foi várias vezes Presidente, como também do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD).
Algumas de suas composições:
Argumento
Calendário
Ciclone
Cinderela
Deusa do asfalto
Devolvi
Escultura
Fantoche
Fica comigo esta noite
Flor do meu bairro
Mariposa
Meu dilema
Meu vício é você
Negue
Pecado ambulante
Queixas
Regresso
Renúncia
Sábado sem graça
Silêncio da seresta
Sinfonia da mata
Solidão
Tenho desejo
Vitrine
A volta do boêmio
Fontes:
Dicionário da Música Brasileira
Editora Globo
http://www.adelinomoreira.com.br/
Algumas de suas composições:
Argumento
Calendário
Ciclone
Cinderela
Deusa do asfalto
Devolvi
Escultura
Fantoche
Fica comigo esta noite
Flor do meu bairro
Mariposa
Meu dilema
Meu vício é você
Negue
Pecado ambulante
Queixas
Regresso
Renúncia
Sábado sem graça
Silêncio da seresta
Sinfonia da mata
Solidão
Tenho desejo
Vitrine
A volta do boêmio
Fontes:
Dicionário da Música Brasileira
Editora Globo
http://www.adelinomoreira.com.br/
Amigo Bruno,
ResponderExcluirFaz uma retificação na descrição de ADEUS, tanto na data quanto em relação a um dos compositores, ok?
Forte abraço do luciano
https://www.youtube.com/watch?v=5eLhee4Sl6c
Está difícil saber qual música de Adelino Moreira que Orlando Silva gravou. Pode me ajudar. Agradeço .
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