Páginas

domingo, 17 de julho de 2011

SEM DESCANSO, ANDRÉ MASTRO MOSTRA TODA HOMOGENEIDADE DA MÚSICA POPULAR EM SEU ÁLBUM DE ESTREIA

O ator, poeta, cantor e produtor paulista lança seu primeiro álbum intitulado "Sem descanso", trabalho este que traz a boa música popular brasileira em todos os seus nuances, dando destaque ao samba de breque, uma das referências que o influencia.


Por Bruno Negromonte


André Mastro procura fazer jus ao título do seu disco de estreia quando, pela excelência do trabalho, não consegue dar descanso aos ouvidos daqueles que o ouvirem. Quem escuta esse primogênito álbum dificilmente cessará, pois a audição deste trabalho é uma excelente oportunidade de viajar em um repertório coeso e de bom gosto ímpar. As canções foram equilibradamente selecionadas de maneira que há tanto canções inéditas quanto regravações de compositores do quilate de Adoniran Barbosa, Cartola e Itamar Assumpção. A atenção exigida para a apreciação deste trabalho se dá não só pela escolha do primoroso repertório, mas também por trazer exímios músicos na execução das faixas.

André Mastro nasceu no estado de São Paulo, mais precisamente em Olímpia (cidade localizada a cerca de 448 quilômetros da capital do estado) e tem como lembrança mais remota de seu envolvimento com a música a audição de boleros e chorinhos nas vozes dos grandes nomes da nossa música popular. Segundo Mastro, essas canções permeavam sua infância através de sua arvore genealógica paterna, despertando o pequeno André para a excelência ao qual a música brasileira está inserida e moldando o apurado gosto musical de uma criança fazendo com que mais tarde se traduzisse em uma predileção. Talvez o fato do pequeno André interessar-se, apesar da tão pouca idade, substancialmente pelas canções que o cercava fez com que uma de suas primas o observasse e o tenha escolhido para presenteá-lo com uma caixa de compactos simples. Para ela não teria mais serventia alguma, porém para uma criança que tinha por volta dos seus 06 anos descobrir canções interpretadas por nomes como Elis Regina, Renato e seus Blue Caps, Chico Buarque, Carlos Lyra entre outros foi algo indescritível e marcante.

Talvez tenha sido algo tão avassalador que em "Sem descanso" seja perceptível toda essa influência arraigada. Na gênese do disco percebe-se as fortes ascendências exercidas pelos grandes nomes que nortearam a infância do Mastro juntamente com outras influências tais quais nomes como o do cantor Moreira da Silva e do grupo Premeditando o Breque que dão essa unidade perfeita ao álbum. Tudo isso transforma essa integração da poesia, interpretação e música em uma verdadeira celebração em pró do talento de André; talento este que vem sendo lapidado não é de hoje, mas sim a alguns anos atrás.

André Mastro é o tipo de artista que muitos o chamam de multifacetado, pois o ofício de cantar profissionalmente vem acompanhado por outras diversas atividades intrinsecamente relacionadas com o mundo das artes. Formado em artes dramáticas pela Escola Teatro Macunaíma, Mastro também cursou canto popular na Universidade Livre de Música na década de 9o e ao longo do curso, em determinado momento, teve como professoras de canto as cantoras Cida Moreira e Ná Ozzétti. Munido desse conhecimento prático-teórico ele chegou a participar como membro do CoralUSP no naipe dos barítonos sob a regência da maestrina Vera Novack, apresentando-se em diversos palcos do estado de São Paulo (tanto na capital quanto em cidades do interior paulista).

Como ator André participou da montagem de diversas peças teatrais no circuito comercial de São Paulo, dentre as quais “Mowgli, Homeninlobo”, “A Cor de Rosa – A Vida de Noel Rosa”, ambas no Centro Cultural São Paulo; “Salve o Prazer – A Vida de Assis Valente”, no Teatro Cultura Inglesa; “Bella, Ciao”, na sala Guiomar Novaes – Funarte; “Viagem ao Centro da Terra”, no túnel sob o Rio Pinheiros-SP e também chegou a conceber como cantor e intérprete os espetáculos musicais “Mambembe”, composto por canções de Chico Buarque; “Mais uma Boca”, só com músicas de Fátima Guedes e “Olhares”, com composições de diversos autores da MPB.



Dentre outras atividades participou, por mais de dois anos, como apresentador e produtor, do evento “Praça do Choro”, realizado pela Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo e como cantor apresentou-se em espaços paulistas como o Café Piu-Piu, Feitiço de Áquila, Vou Vivendo Bar, Teatro Crowne Plaza, Centro Cultural São Paulo, Funarte (Sala Guiomar Novaes), Teatro Crowne Plaza-SP, MAM (evento Grupo Pela Vida), Secr. Mun. Cult. de SP: Proj. Arte nas Ruas, circuito SESC/SP (Itaquera, São Caetano do Sul (três shows), Belenzinho e Ribeirão Preto, Theatro São Pedro- SP, Teatros Municipais de São José do Rio Preto, Olímpia, Jundiaí, São Bernardo do Campo e Salto) dentre outros. Em 2006, participou do DVD "Breve História da Música Caipira de São Paulo" exercendo diversas funções, dentre as quais de pesquisador do elenco e da trilha sonora. Esse espetáculo contou com a participação de nomes como Inezita Barroso, Mário Zan, Irmãs Galvão, Tinoco, José Ramos Tinhorão, Zuza Homem de Melo etc. Não achando pouco, André tem um extenso "Know how" na área de promoção de eventos traz cerca de 250 eventos emm seu exercício de produtor de shows. Nesta função (exercitada desde 2003 através da AM promoções de eventos) traz como experiência cerca de 250 eventos com a participação de nomes como Guinga, Elba Ramalho, Arthur Moreira Lima, Paulinho Nogueira, MPB 4, Wanda Sá, Leny Andrade, Chico César, Danilo e Dori Caymmi, Os Cariocas, Marcos Valle, João Bosco, Johnny Alf, Kleiton e Kledir, Simoninha, Roberto Menescal, Fátima Guedes, Hermeto Pascoal, Paulinho Moska, Zélia Duncan, Miúcha, Altamiro Carrilho, Ney Matogrosso, Mônica Salmaso, Banda Mantiqueira, Jorge Aragão, Eduardo Gudin, Marina Lima, Ademilde Fonseca, Renato Braz, Dominguinhos, Leila Pinheiro entre outros.

Tanta experiência resultou em um álbum muito bem dosado e concebido sob a produção do próprio André, Deni Domenico, Zeca Loreiro de forma independente. Tendo como uma de suas características, o álbum "Sem descanso" traz a divisão exata do repertório entre canções inéditas e regravações de canções em sua maioria pouco conhecidas. São ritmos diversos tendo como eixo norteador o velho e bom samba e suas variantes nas dez faixas presentes no álbum. Dentre as faixas inéditas que o disco possui uma delas é a que abre o álbum e dá nome ao disco, de autoria dos compositores Guca Domênico (pai do músico e produtor Deni Domenico) e do mineiro Irineu de Palmira, “Sem Descanso” foi escolhida por André devido “A densidade da música”, que o impactou-me na hora. A música é executada por um quarteto de cordas, violões e percussão e sua letra traz elementos que a caracteriza dentro da literatura barroca quando em sua densa letra percebe-se o dualismo presente. O álbum segue com um desfile de sambas-de-breques originais e bem humorados como"Sacerdotisa de vodu", de autoria do piauiense Carlos Castelo (fundador do grupo Língua de trapo) , o samba-choro-de-breque "Circular 46" (Guca Domenico e Carlos Mello) e "Menopausa Masculina" (Léo Nogueira e Márcio Policastro) dentre outras canções de gêneros distintos como a salsa "Encrenca e formosura" (Álvaro Cueva).

Dentre as regravações presentes no álbum é encontrado, dentre outras faixas, um clássico da música popular composta por Cartola: "As rosas não falam", a cinquentenária "Prova de carinho" (Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil) e a canção que deu o sub-título do álbum "Sampa midnight" do cantor da vanguarda paulista Itamar Assumpção. Além de uma interpretação muito particular e lancinante da canção "Marinheira" (Fausto Nilo e Fernando Falcão).



A acompanhá-lo neste álbum estão nomes como Zeca Loureiro e Deni Domenico (arranjo, cavaquinho, violão e vocal), Alexandre Cuerva (violão), Edson Tobinaga, Lucas Silva e Douglas Alonso (percussão), Lucas Penteado (cavaquinho), Gabriel Millet (flauta), o quarteto de saxofone formado por Eliazafe Silva, Rogério Albarelli, Kleber Martins, Diego Lisboa entre outros. Além das participações de nomes de peso como o de Toninho Ferragutti (acordeon), Cezar do Acordeon, Ulisses Rocha (violão) e Nailor ‘Proveta’ Azevedo (clarinete). Todos esses nomes dão forma e precisão a um trabalho bastante peculiar não só pelo repertório, mas também por uma interpretação bastante singular, com uma leitura diferenciada de cada canção feita pelo André Mastro, que dá vazão ao lado intérprete sem deixar de lado características de suas experiências teatrais, e são essas peculiaridades que dão o suporte necessário e consistente a todos os nuance e dualidades que os gêneros musicais presentes no disco requer.

"Sem descanso" é sem dúvida alguma um álbum flamejante, que não só faz um trabalho de resgate do samba-de-breque (um sub-gênero do samba que se popularizou no país e teve seu auge nos anos 50 na voz do carioca Moreira da Silva e que nos dias atuais anda meio esquecido) a partir de uma lavra de compositores contemporâneos, mas também traz interpretações singulares o suficiente para chegarmos a acreditar que tamanha originalidade só pode vir dessa miscelânea cultural que não só preencheu o currículo desse paulista como também deu o "know-how" necessário para a primazia ao qual faz jus esse seu álbum de estreia.


Maiores Informações:
Contato para shows - (11) 9822-4892
Clube caiuibi de compositores - http://clubecaiubi.ning.com/profile/AndreMastro

sexta-feira, 15 de julho de 2011

ADRIANA GODOY COMEMORA QUINZE ANOS DE CARREIRA E NOS APRESENTA MARCO, UM ÁLBUM QUE TRAZ POR EXCELÊNCIA O REQUINTE E O BOM GOSTO

"... Na tempestade sou vela, aquela que zela por belas canções..." é com um trecho da faixa que dá título a "Marco", o seu segundo álbum, que Adriana Godoy se auto-define, fazendo dessa sua necessidade vital e urgente que é o canto algo soluto de qualquer gênero, firmando compromisso apenas com a qualidade e estética musical.

Por Bruno Negromonte


A cantora Paulistana Adriana Godoy tem na composição de sua árvore genealógica a música em abundância. A família se faz musical por inteira, pois Adriana é filha do Adylson Godoy e da cantora Silvia Maria. Adylson é uma lenda viva da música popular brasileira e tem um currículo musical de fazer inveja a muita gente, pois além de pai da Adriana é maestro, pianista, compositor, apresentador e cantor. Entre suas atividades também foi diretor musical do programa "O fino da Bossa", apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues e, para os mesmos artistas, fez os arranjos do álbum "Dois na bossa". Como compositor tem cerca de 150 canções gravadas por nomes como Clara Nunes (que se lançou no festival da Tv Excelsior com uma composição de Adylson), Elizeth Cardoso, Leni Groves, Joe Pass, Nicolletta, Taiguara, Rosa Maria, Alaíde Costa entre outros como a filha Adriana, que juntos já completaram mais de mil apresentações no formato piano e voz.

Já a mãe Silvia Maria canta desde os 11 anos de idade, atuou em musicais da Tv Tupi e já apresentou-se ao lado de nomes como Chico Buarque, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Baden Powell, Edu Lobo e tantos outros. Dentre suas façanhas está a de ser a vencedora do Festival Mundial Onda Nueva (Venezuela), concorrendo com nomes como Astor Piazzolla e Dave Grousin. Apesar de ter apenas dois LP's gravados - Porte de Rainha (1973) e Coragem (1981) - a sua belíssima voz nunca foi esquecida por seus fãs. Recentemente lançou o seu terceiro álbum depois de 30 anos afastada do mercado fonográfico, Ave rara (título este que abordaremos em nossas próximas pautas). Além de tudo isso em sua família há também os tios Amilton Godoy (pianista e um dos fundadores de um dos grupos instrumentais mais expressivos do Brasil, o Zimbo Trio) e Amilson Godoy, maestro e produtor musical talvez por isso seja natural a propensão de Adriana para a música de qualidade inquestionável.



Ainda criança, quando Adriana tinha por volta dos sete anos, deu-se início seus estudos musicais. Naturalmente ela quis começar pelo piano, onde teve aulas na Escola Magdalena Tagliaferro, em São Paulo, durante sete anos. Em seguida resolveu que seria a vez de ter aulas de canto e foi matriculada então na turma da professora Maria Alvim e posteriormente na Universidade Livre de Música (ULM), onde de 1996 a 2000 dedicou-se ao estudo de técnica e interpretação. Todo esse aprimoramento teórico veio só para embasar aquilo que na prática Adriana já convivia diariamente a partir de seus familiares; toda essa experiência também foi válida como vivência musical e para de fato decidir qual seria a carreira que iria abraçar posteriormente.

Já decidida que iria seguir no mundo musical Adriana iniciou sua carreira em junho de 1996, no bar Vou Vivendo, em São Paulo, um dos portos seguros da música brasileira. Ainda no mesmo ano recebeu “Prêmio Qualidade Brasil" e participou do álbum "Clara Canção" de seu pai.

De 1998 ao ano de 2003, foi produtora musical e por vezes apresentou o programa Vida e Arte - Adylson Godoy, na Rede Vida de Televisão e nessa mesma época deu início junto com o Adylson Godoy Trio ao espetáculo "Canto, piano e canções", que durante sete anos encantou a todos presentes na Confraria da MPB. Foi a partir da aquisição dessa experiência que foi-se começando a moldar e desenvolver a sua personalidade enquanto artista e, mesmo propagando timidamente seu trabalho, muitos perceberam que ali era apenas o embrião de um grande talento que estava galgando o seu lugar ao sol e conquistando cada vez mais fãs ao longo de suas apresentações.

Nesse período, mais precisamente em 2000 chegou a receber o convite do Quinteto de Sopros da Orquestra Filarmônica de Berlim para gravar um CD de composições de clássicos da música brasileira e aceitou. Talvez esse convite tenha sido o estopim para pensar em seu primeiro registro fonográfico no Brasil, que de fato viria acontecer em 2003, quando gravou o CD intitulado "Todos os sentidos" e que traz em suas respectivas faixas aquilo que, de certa forma, a influenciaram em sua formação musical. É um trabalho onde ela enaltece algumas de suas influências e por conta disso, no álbum há nomes como Ivan Lins, Tom Jobim, Lenine entre outros. Ainda em 2003 participa da gravação com a trilha da novela “Jamais te Esquecerei” (no SBT) com a canção de autoria de Cristovão Bastos e Aldir Blanc intitulada “Resposta ao Tempo”. Esses acontecimentos e a gravação do seu álbum de estreia vieram para firmar seu nome entre uma das grandes revelações de sua geração.

De 2003 em diante Adriana vem procurando galgar o seu espaço dentro da música popular brasileira a partir de seu talento, sensibilidade e bom gosto tão peculiares. Inclusive a musicista vem tendo o reconhecimento de maneira cada vez mais constante nos últimos anos, prova disso tem sido as constantes apresentações onde Adriana divide o palco com importantes nomes da música brasileira e os diversos prêmios ganhos, dentre os quais um certificado de reconhecimento cultural por sua participação no VIII La Paz Fest Jazz Internacional, “Música de Libertad”, prêmio recebido do Governo Municipal de La Paz por ter se se apresentado em terras bolivianas com o Zimbo Trio em 2009. Hoje Adriana além de professora de canto popular no CLAM (escola de música do Zimbo Trio) e professora convidada da Faculdade Santa Marcelina (SP) para “banca de avaliação” dos alunos de bacharelado em canto popular está na trabalhando de maneira intensa na divulgação do seu mais recente trabalho, intitulado “Marco”. Diferentemente do primeiro álbum este foi desenvolvido sem a priorizar as referências musicais dela e sim as expressões rítmicas (a partir da concepção de arranjos e improvisações requintados) e interpretativas (procurando valorizar a postura da Adriana como instrumentista vocal). A base musical do álbum se estrutura na formação do Trio composto por piano, baixo e bateria (com algumas variantes a partir do Grupo Triálogo) - sonoridade fundamental para estética estabelecida pela cantora, onde as participações especiais acontecem de formas pontuais sob direção e arranjos de Debora Gurgel.



O repertório do álbum é constituído por um ecletismo de qualidade inquestionável formado por renomadas figuras de nossa MPB (como Djavan, João Bosco, Fátima Guedes, Elton Medeiros, Aldir Blanc entre outros) e artistas contemporâneos (como Débora e Dani Gurgel, Tó Brandileoni e Vinicius Calderoni). Isso é perceptível em nosso passeio pelas faixas do disco que começamos com a que batiza o registro fonográfico; "Marco" é uma composição do carioca Sérgio Natureza (autor de sucessos como "Frisson") e da conceituada cantora e compositora baiana Rosa Passos. Gravada originalmente em 1999 no CD "Rosa Passos - Morada do samba" a canção procura entrelaçar o mar, alguns fenômenos naturais, a composição e as improvisações de maneira indissociáveis, variantes quase uníssonas. O disco segue com um samba composto por Marcos Paiva e o casal Rafael e Rita Altério intitulado "Abandono". Uma canção que fala de uma relação furtiva e intensa, tanto em seu início quanto em seu término. Essa canção foi registrada na voz do próprio Rafael Altério em seu seu álbum "Pescador da lua" em 2003.

A canção seguinte Adriana define como um presente dado a si mesma e escolheu dentre tantas canções composta por seu pai, a linda canção de amor "É demais sonhar você", salve engano registrada pela primeira vez no álbum "Sou sem paz", do próprio Adylson (na época Adilson) em 1965. Em seguida vem a única faixa instrumental do disco e que conta com a participação do virtuoso músico e compositor paulista Filó Machado. A canção intitulada de "Deixa comigo" (de autoria da Debora Gurgel) teve um de seus primeiros registros em 2004 no álbum "Triálogo".

O álbum segue com "Mea Culpa", um lindo samba-canção inédito de Elton Medeiros e Dino Galvão Bueno onde o arrependimento por um erro cometido é o enredo para a canção, há nessa faixa a participação do dois autores nos vocais; há também "Outras Notícias da Praça Central" (Debora Gurgel, Tó Brandileone e Vinicius Calderoni) registrada em 2008 por Tó Brandileone no álbum que leva seu nome. Em seguida vem as canções "Crescente Fértil" (Aldir Blanc e Ed Motta) registrada em 1996 no álbum "Aldir Blanc 50 anos" pelo próprio Ed e que segundo a cantora foi a canção que norteou aquilo que ela esperava do álbum. Segue-se com "Garrafas ao Mar", canção inédita de Fátima Guedes que descreve uma exímia e experiente navegadora nos mares do amor; "Vento bravo", primeira parceria de Paulo César Pinheiro e Edu Lobo composta em 1973 e "Risco" (Joyce e Léa Freire) também gravada por Joyce no álbum "Gafieira Moderna", de 2002.

A trilogia final do álbum é composta pelas canções "Cordilheira" (Djavan) (essa canção foi gravada originalmente pelo autor em 1996 no álbum "Malásia" e faz parte do vasto repertório digamos "lado B" de qualidade que do cantor e compositor alagoano possui) com uma introdução que nos remete a composição jobiniana "Chovendo na roseira"; "Talvez Humana" (Debora e Dani Gurgel) e a clássica "Preta-porter de tafetá", composição do João Bosco e do Aldir, gravada originalmente pelo Bosco no álbum "Gagabirô" em 1984.

O álbum "Marco" é sem dúvida alguma um trabalho que vem não só registrando a maturidade e precisão musical alcançados ao longo desses anos de profissão (15 comemorados ao longo de 2011), mas também procurando mostrar que dentre os grandes talentos dessa nova geração que vieram se firmando ao longo da primeira década deste século, Adriana Godoy pode ser considerada como um daqueles que tem um futuro promissor dando continuidade ao talento herdado de berço.

Para Maiores informações:
Site Oficial: www.adrianagodoy.com.br
Myspace - www.myspace.com/adrianagodoy
Reverbenation - www.reverbnation.com/adrianagodoy
Facebook - www.facebook.com/profile.php?id=1786556549&ref=ts
Twitter - twitter.com/#!/adrigodoysinger
Youtube - www.youtube.com/AdriGodoyCantoraSP?gl=BR&hl=pt
Blog - www.adrianagodoyvozearte.blogspot.com/


Contato para shows:
Arts produções e espetáculos - contato@adrianagodoy.com.br
Produção - Trícia de Freitas - triciadefreitas@gmail.com


Os álbuns da Adriana podem ser adquiridos através dos seguintes endereços:





quinta-feira, 14 de julho de 2011

MEMÓRIA MUSICAL AFETIVA

Por Aquiles Rique Reis


Ricardo Machado lançou A sombra confia ao vento (independente), onde estão músicas que foram destaque no início e meados do século passado. São canções que fazem parte da memória musical afetiva do cantor; músicas que estão para ele como uma foto pendurada na parede da emoção... Assim como também para cada um de nós há um repertório que nos ampara desde sempre.

Ricardo canta canções que não se imagina um intérprete selecionando para compor o repertório do seu álbum. Assim, soa de forma quase inusitada a regravação de “A Casinha Pequenina” (canção popular tradicional) e “Se Essa Rua Fosse Minha” (modinha tradicional). Mas o que pode parecer num primeiro momento insólito, é, na verdade, uma forma corajosa de reavivar emoções já quase à flor pele. A verdade em forma de sentimentos que não voltam, mas se perpetuam através de melodias e versos longínquos.

A seleção musical de RM segue apontando caminhos que nem de longe se pode achar fácil de ser trilhado. Misturando Chiquinha Gonzaga (“Menina Faceira”); Waldir Azevedo e Miguel Lima (“Pedacinhos do Céu”) e Carlos Gomes e Francisco Leite de Bittencourt Sampaio (“Quem Sabe?”) com Fredera (“Sábado”); Zé Renato, Juca Filho e Cláudio Nucci (“Toada”) com Cartola (“O Mundo é um Moinho”) e Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito (“A Flor e o Espinho”), o álbum adquire o jeitão de um panorama musical popular brasileiro.

Ricardo Machado é afinado e divide com sabedoria as frases melódicas. Embora, por vezes, abuse do vibrato nas notas mais longas, seu timbre é agradável; sua extensão vocal (embora também se saia bem nos agudos) tem como força maior as notas de escala intermediária. Mas o principal é que suas interpretações têm marca registrada, pois ele canta de mãos dadas com a emoção e convicto da beleza de poder dividir com seus ouvintes o chamamento que lhe sai do peito e ganha contorno de história vivenciada através da música.

Com singeleza e contemporaneidade, em “Prece ao Vento” (Gilvan Chaves, Alcyr Pires Vermelho e Luiz Câmara Cascudo) Dirceu Leite brilha na flauta e Afonso Marins, no baixo; “Melodia Sentimental” (Villa-Lobos e Dora Vasconcelos) traz bela participação de Maria Clara Valle no cello; em “Casinha Pequenina”, destaque para o sete de Toni 7 cordas e o bandolim de Ricardo Calafate (arranjador e diretor musical); em “O Trenzinho do Caipira” (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar), o violão, mais o piano acústico de Kiko Horta, dão leveza à levada; em “Serra da Boa Esperança” (Lamartine Babo), Kiko Horta arrasa no acordeom; e em “Castigo” (Dolores Duran) acompanhamento e o solo da guitarra de Ricardo Calafate nos tocam e emocionam pela brandura da lembrança.

Ricardo Machado nos convence definitivamente de que, quando a sombra confia no vento, ambos voam juntos, do passado ao futuro, fazendo do presente o momento mágico de reverenciar as músicas que amamos."

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A GALERIA DO MENESCAL / 50 ANOS DO BARQUINHO

A galeria que traz Wanda Sá e o sexteto vocal Bebossa vem apresentando um espetáculo baseado na obra do cantor e compositor capixaba Roberto Menescal, que por sinal também se faz presente.

Inspirado na Galeria Menescal, onde o próprio compositor morou por um período, que guarda boa parte da história de Copacabana e dos personagens da nascente Bossa Nova, 50 anos atrás, Roberto Menescal se uniu mais uma vez com a parceira Wanda Sá, que foi sua aluna de violão nos primórdios bossanovistas, e ao grupo vocal Bebossa e criou o espetáculo “A Galeria do Menescal”, que entra agora nas comemorações de 50 anos de criação da música mais famosa de Menescal e Ronaldo Boscoli; O Barquinho, que já soma mais de duas mil gravações em todo o mundo e em vários idiomas.

Se a galeria Menescal pode ser considerada um dos primeiros shoppings do Brasil, com uma oferta grande de serviços, dos famosos kibes a consultórios médicos, o repertório de Roberto Menescal também é bem amplo, e vai além de O Barquinho (Menescal e Boscoli), Vagamente (da mesma dupla) e de Bye Bye Brasil (dele e de Chico Buarque). E é exatamente a riqueza deste repertório que o espetáculo tenta colocar a bordo.

Reconhecidamente, um dos principais compositores da Bossa Nova, Roberto Menescal é das figuras mais atuantes do movimento que ainda navega com desenvoltura pelos sete mares. Ele pode estar no palco com Leila Pinheiro, Andy Summer, Bossacucanova, Cris Delano ou Danilo Caymmi, entre outros contemporâneos ou não de tempos de Bossa Nova.



Como compositor, Menescal tem parcerias além de Boscoli e Chico Buarque, com Costa Neto, Paulo Coelho, Paulo Feital, Nelson Motta, Paulinho Pinheiro, Carlos Lyra e até mesmo Carlos Drummond de Andrade.

A estréia oficial do espetáculo está completando dois anos ao longo deste mês de julho, fato que ocorreu no Centro de Referência da Música Carioca com casa lotada. A pré-estréia aconteceu no dia 3 de julho de 2009, no palco do Liceu Franco-Brasileiro, onde no início da Bossa Nova o próprio Menescal e um certo Roberto Carlos cantaram. Em 2010 foram várias apresentações, algumas dentro do Circuito de Teatros do SESC do Rio de Janeiro.

No palco, Menescal, Wanda, o sexteto e dois violões. E, muita bossa. A intenção é que em cena impere o prazer de navegar no repertório de Menescal.

As músicas são apresentadas em diversas formações: Menescal e Wanda ; apenas o Bebossa a capella, Wanda e o Bebossa, Menescal e o Bebossa e todos juntos.

O BeBossa é formado por Marcela Velon, Carol Assad, Marcela Mangabeira, Cauê Nardi, Matias Corrêa e Zeca Rodrigues (direção musical e arranjos).

Em breve, mais precisamente em meados de setembro, o projeto finalmente ganhará um registro em cd (fruto da parceria entre a Sala de som e a gravadora de propriedade do Menescal, a Albatroz).


Maiores informações

Célio Albuquerque - (21) 8340 8990

MEMÓRIA MUSICAL BRASILEIRA

A Voz, o Violão, a Música de Djavan (1976)




















35 anos do primeiro álbum do então desconhecido cantor e compositor alagoano.

Por Bruno Negromonte


Depois de uma pequena passagem por Recife, Djavan volta a Alagoas decidido que havia encontrado o seu caminho profissional: a música. Esse caminho ele começou a trilhar ainda em Maceió quando decidiu participar do grupo LSD (Luz, Som e Dimensão) e tocar por diversos bailes da cidade e do interior das Alagoas.

Porém o cantor e compositor alagoano queria mais, e decidiu partir para um lugar onde o seu trabalho tivesse uma visibilidade maior. Foi quando resolveu ir ao Rio de Janeiro tendo como única opção procurar o conterrâneo e radialista Edson Mauro. Chegando lá Edson apresentou Djavan a Adelzon Alves e este, por sua vez, o apresentou a João Mello, produtor da Som Livre, que deu ao cantor sua primeira grande oportunidade.

Enttre 1973 e 1975, Djavan basicamente apenas gravou músicas (de outros compositores) incluídas em trilhas sonoras de novelas da Rede Globo. Foram canções como “Alegre Menina” (Jorge Amado e Dorival Caymmi) da novela “Gabriela” e “Calmaria e Vendaval” (Toquinho e Vinícius de Moraes), da novela “Fogo sobre Terra”. O que ganhava, entretanto, não era o bastante para poder se sustentar e Djavan precisava completar sua renda. Foi quando surgiu também a oportunidade de ser “crooner” de algumas boates cariocas como a Number One (em Ipanema) e a 706 (no Leblon).

Em 1975, em comemoração aos seus 10 anos de fundação, a TV Globo resolve promover um festival de música ao qual deu o nome de “Festival Abertura”. Djavan viu esse espaço como a mais importante oportunidade de mostrar seu talento como compositor, que tanto era ofuscado por conta de suas interpretações de outros artistas. Sob a apresentação de nomes como Márcia Mendes, José Wilker, Miele e Marília Gabriela o festival teve 4 eliminatórias e uma final, trazendo ao conhecimento do grande público nomes como Alceu Valença, Luiz Melodia, Lecy Brandão, Burnier e Cartier, Ednardo, Tom e Dito entre outros.

Djavan conquistou o segundo lugar com a música “Fato Consumado”, que virou compacto e, segundo o próprio autor costuma dizer, consumou o artista alagoano como fato novo na MPB. Daí veio, em 1976, “A voz, o Violão e a Arte de Djavan”, seu primeiro LP que continha a canção “Flor de Lis”, música que colocou Djavan, efetivamente, no cenário nacional.

Faixas:
01 - Flor de Lis
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho.
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

02 - Na Boca Do Beco
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

03 - Maca Do Rosto
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

04 - Pára Raio
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

05 - E Que Dues Ajude
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

06 - Quantas Voltas Dá Meu Mundo
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

07 - Maria das Mercedes
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

08 - Muito Obrigado
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

09 - Embola a Bola
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

10 - Fato Consumado
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

11 - Magia
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

12 - Ventos Do Norte
Violão: Djavan
Teclado: Edison
Guitarra: Helinho
Baixo: Luizão
Bateria: Paulinho.
Flauta e flautim: Altamiro Carrilho.
Ritmo: Marçal, Luna, Hermes

01 ANO SEM PAULO MOURA

A exatamente um ano fechavam-se as cortinas para o saxofonista, arranjador e clarinetista Paulo Moura, sem dúvida alguma um dos mais atuantes e importantes instrumentista brasileiro de todos os tempos.

Por Bruno Negromonte


O tempo passou voando, mas a lembrança de um dos maiores instrumentistas brasileiro não. Há exato um ano falecia no Rio de janeiro o músico Paulo Moura, este que nasceu na cidade paulista de São José do Rio Preto e talvez por ser filho de um clarinetista e mestre de bandas, o músico tenha preferido (assim como os irmãos) ter seguido a mesma trilha feita pelo pai.

Ainda criança começou a estudar piano e tão rápido foi seu envolvimento e desenvoltura com a música que ainda na adolescência já tocava no conjunto do seu pai. Nessa época já percebia-se que Moura seria um exímio músico se desse continuidade aos estudos musicais. Pouco tempo depois, ao mudar-se junto com a família para o Rio de janeiro ingressou na Escola Nacional de Música, onde obteve o diploma de clarinetista. Dentre seus professores figuraram nomes como Moacir Santos, Guerra Peixe entre outros.
Quando deu início a sua carreira de músico profissional começou em gafieiras e nos cafés da Praça Tiradentes; porém logo em seguida começou a participar da orquestra de Osvaldo Borba e, em seguida, da Zacharias e Sua Orquestra.

Ainda na primeira metade década de 50 vieram importantes fatos que marcaram sua carreira, dentre alguns podemos citar o seu primeiro registro fonográfico, que aconteceu com a orquestra que acompanhou Dalva de Oliveira na gravação de "Palhaço" (composição de Nelson Cavaquinho) e em 1953, acompanhou Ary Barroso no México.

Ainda na década de 50 fez parte do Conjunto Guio de Moraes; gravou seu primeiro disco como artista solista, um 78 rpm contendo o "Moto perpetuo", de Paganini; formou uma orquestra para bailes; gravou o LP "Paulo Moura e sua Orquestra para Bailes"; assinou a direção musical de um espetáculo apresentado em países socialistas, com Dolores Duran, Nora Ney, Jorge Goulart, Maria Helena Raposo e o Conjunto Farroupilha; trabalhou como arranjador e orquestrador na Rádio Nacional e entrou para a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, como clarinetista, Talém de gravar o LP "Paulo Moura interpreta Radamés Gnattali".

As décadas seguintes vieram só para sacramentar o nome de Moura como um dos maiores de nossa MPB, com registros fenomenais em diversos álbuns dos mais variados ritmos musicais e participação em diversos projetos (tanto solos quanto em parcerias). Na década de 60 o mundo conheceu o talento de Moura através de dois fatos: o primeiro a partir de sua participação na Orquestra de Severino Araújo em turnê pela Argentina e a segunda, como saxofonista, fez parte do conjunto Bossa Rio, com o qual se apresentou, em 1962, no Festival de Bossa Nova, realizado em Nova York.

Na década de 70 apresentou-se pela primeira vez na Grécia, voltou aos Estados Unidos e saiu em turnê pelo mundo a fora com o LP "Confusão urbana, suburbana e rural", DE 1976. No ano seguinte, gravou os discos "O fino da música", com Canhoto e seu Regional, Fina Flor do Samba, Raul de Barros e Conjunto Atlântico, "Choro na Praça", com Waldir Azevedo, Zé da Velha, Abel Ferreira, Copinha e Joel Nascimento, e "Altamiro Carrilho, Abel Ferreira, Formiga e Paulo Moura interpretam Vivaldi, Weber, Puncell e Villa-Lobos".

Na década de 80, lançou diversos discos como "Quarteto Negro" (1987), com Zezé Motta, Djalma Correia e Jorge Degas, "Encontro" (1984), com Clara Sverner (piano), "Consertão" (1982), com Elomar, Arthur Moreira Lima e Heraldo do Monte entre outros; além de ter participado de diversos outros álbuns dos mais conceituados nomes de nossa mpb, dentre suas participações podemos destacar a do álbum Djavan (1989), onde o cantor teve uma das vendagens mais expressivas de sua discografia devido a canção "Oceano".

Ainda na década de 80, mais precisamente em 13 de maio de 1988, junto com a Orquestra Sinfônica de Brasília apresentou uma composição para percussão e orquestra, de sua autoria, no "Concerto da Abolição", espetáculo em comemoração ao Centenário da Abolição da Escravatura, seguindo para apresentações na Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, interpretando exclusivamente músicas de compositores brasileiros negros.



Na década de 90 vieram importantes prêmios em reconhecimento a sua obra, como o prêmio Sharp, na categoria Melhor Instrumentista Popular; com o CD "Pixinguinha", recebeu o Prêmio Sharp, nas categorias Melhor CD Instrumental e Melhor Grupo Instrumental e também o prêmio de Melhor Solista no Festival Mozart, em Moscou.

Em 2000, sua "Fantasia Urbana para Saxofone e Orquestra Sinfônica" foi apresentada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, recebeu o Grammy Latino, na categoria Melhor Disco de Música Regional (ou de Raízes Brasileiras), pelo disco "Pixinguinha", gravado com o grupo Os Batutas. Lançado no exterior pela Blue Jackel Records.

Na década seguinte participou do projeto Rio Sesc Instrumental juntamente com Yamandú Costa e talvez tenha sido uma das décadas que mais gravou, pois entre os álbuns lançados estão cd's como "Estação Leopoldina", "El negro del blanco" (com Yamandú Costa) e “Gafieira Jazz” (com o pianista americano Cliff Korman).



Em 2006, lançou, com João Donato, o CD "Dois Panos para Manga", concebido em uma reunião na casa do diretor de TV Mario Manga. Nesta oportunidade, foi sugerida aos dois artistas a gravação de um disco que registrasse alguns dos temas degustados pelos freqüentadores do Sinatra-Farney Fã Club na década de 1950. Os últimos trabalhos lançados em CD's foram "Samba de latada" (2007), em parceria com Josildo Sá, "Pra cá e pra lá – Paulo Moura trlha Jobim e Gerschwin" (2008), e "AfroBossaNova" (2009), em parceria com Armandinho. Ao longo de 2011 foi lançado o álbum póstumo "Alento - Paulo Moura e Teatro do Som".

Nos cerca de 60 ano de carreira Moura participou de significativos momentos de nossa música, seja em espetáculos (como por exemplo "Homenagem a Tom Jobim", ao lado de Armandinho, Yamandú Costa e Marcos Suzano, que seguiu em turnê tanto no Brasil quanto no exterior) ou em discos (ao longo de sua carreira, assinou arranjos para orquestras sinfônicas e para artistas da área popular, como Milton Nascimento, João Bosco, Ney Matogrosso e Marisa Monte, entre outros). Sua importância dentro da MPB o fez um dos nomes mais conceituados no cenário musical mundial até dia em que veio a falecer em 12 de julho de 2010. Mas fale enfatizar que morreu o homem, mas ficou o inestimável legado deixado por ele a partir de capítulo na história da música popular brasileira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

PAULO CÉSAR FEITAL, 60 ANOS

No último mês de fevereiro o compositor carioca completou 60 anos de vida, destes mais de quarenta dedicados ao árduo e prazeroso ofício de compositor.


Com um leque de atividades culturais tal como a poesia e o teatro, o também autor e teatrólogo Paulo César Feital está com mais de 40 anos de composição e hoje é considerado como um dos autores mais atuantes da música popular ao longo destes últimos anos.

Aos 14 anos Feital compôs a primeira sua que seria gravada por alguém. E esse alguém nada mais era que o conceituado sambista Moreira da Silva. Depois dessa composição percorreu os caminhos comuns aos jovens compositores da época: Festivais estudantis e universitários.

Inspirado por nomes como Noel Rosa e Orestes Barbosa deu continuidade em sua carreira de compositor, e por volta do ano de 1973, iniciou uma parceria extremamente prolífera com o também compositor e violonista Cláudio Cartier. Dessa parceria nasceu clássicos do cancioneiro popular brasileiro como: "Saigon"; "Perfume Siamês"; "Dias de Lua"; "Cinelândia"; "No Analices"; "Meu Louco" e "Bolero de Neblina". Outros sucessos de Feital são as canções "40 anos", "O pleito" e "300 anos" (com Altay Veloso), "Flamboyant" (com Jota Maranhão) entre outros.

"Francisco não era de Assis mas criava seus sabiás,
E o som brasileiro pra mim era Tom pra Jobim cantar,
Poeta tinha moral,
E o povo tinha Moraes e outros tantos pluraes,
Esperança de paz,
Tão singular...".
(Paulo César Feital e Elton Medeiros)

Seu currículo é vasto. No Cinema, assinou as trilhas musicais, do curta metragem “Colônia Juliano Moreira”, e a incidental do longa “Lucio Flávio o Passageiro da Agonia”. Já no teatro, as trilhas de “Subo nesse Palco” e “Temporal”. Ainda no teatro, é autor das peças “Lua com Limão”, “O Primo do Presidente”, “Beto, filho de Mayra” e o infantil “Chorinho de Pelúcia”

Como diretor, esteve à frente de grandes espetáculos: “50 anos de Elizeth Cardoso”, “De amor é Bom” , “Xingu” e Farmacopéia” com João Nogueira,” 40 anos de Elis”, “Viva Clara” com Fagner, Chico Buarque, Beth Carvalho e João Nogueira, “15 anos de Carlinhos Vergueiro”, “Corrente de Aço” com Roberto Ribeiro,”... entre outros.

Feital foi incluído no livro “Antologia dos 50 Maiores Poetas Cariocas do Século” de Olga Savari; Antologia da Música Brasileira de Haroldo Costa no Dicionário da MPB de Ricardo Cravo Albim, e ganhou vários prêmios, como o “Sharp” de música, “Prêmio Castro Alves de Sonetos” Festival Internacional Latino Americano,etc.,

Com o compositor e instrumentista Jorge Simas, gravou seu 3º CD “Carta ao Rei”, com participações especiais de Chico Buarque, Paulo Moura , Leny Andrade, Selma Reis, Carlinhos Vergueiro, Rildo Hora e Cris Delanno



É autor da peça” E Daí, Isadora?” em parceria com a roteirista e psicanalista Eliza Maciel,direção de Bibi Ferreira, estrelada por Tânia Alves e Jalusa Barcellos.

Em 2003, gravou o cd “Ofício: Brasileiro” registro de sua obra e parcerias, pelo selo MECBR.

São mais de 300 músicas gravadas por vozes como: Milton Nascimento, Nana Caymmi,Chico Buarque, Emílio Santiago, Alcione, Beth Carvalho, Leny Andrade,MPB-4, Danilo Caymmi, Quarteto em Cy, João Nogueira, Zezé Mota, Cauby Peixoto, Pery Ribeiro, Tim Maia, Sandra de Sá, entre outros. Tem como parceiros, reconhecidos nomes do cenário musical do país: Roberto Menescal, Nelson Cavaquinho, Guinga, Suely Costa, Elton Medeiros, João Nogueira, Carlinhos Vergueiro, Gilson Peranzzetta, Jorge Aragão, Luiz Carlos da Vila, Lenine, Hélio Delmiro, Cristóvão Bastos, Jorge Simas, Cláudio Cartier, Altay Veloso, para citar alguns.

Apesar do pouco reconhecimento que geralmente é dado aos compositores como um todo, Feital assim como aqueles que se dedicam ao ofício de compor aquilo que muitas vezes queremos dizer, mas temos tal lirismo para abordar o tema como eles abordam. É por essas e outras que nomes como o de Paulo César Feital merecem ser lembrados pela passagem de qualquer data relevante, ainda mais quando se está completando 60 anos ao longo de 2011.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

BEATRICE MASON - ENTREVISTA EXCLUSIVA

Depois de trocar uma bem-sucedida carreira na área do direito pela música, Beatrice hoje colhe os bons frutos dessa inusitada e certeira escolha.


Por Bruno Negromonte

Recentemente apresentamos a cantora Beatrice Mason ao público do Musicaria Brasil com a matéria O MOSAICO CONTEMPORÂNEO E MUSICAL DE BEATRICE MASON (http://musicariabrasil.blogspot.com/2011/06/o-mosaico-contemporaneo-e-musical-de.html). Na reportagem vimos que a artista, desde pequena tinha tudo para trilhar um caminho musical, porém uma reviravolta em sua vida a condicionou a morar fora do país e exercer outra profissão bem diferente do ofício de cantar. Tudo isso até o dia em que aproveitou o ensejo de voltar ao Brasil (devido a uma gravidez) e resolveu permanecer de vez para investir em uma paixão contida por circunstâncias maiores. Hoje, divulga pelos palcos do Brasil o resultado desta escolha: o álbum Mosaico, disco este que tem características bem peculiares que o faz ser bem aceito tanto pelo público em geral quanto também pela crítica especializada.

Acho que a pergunta mais constante que você tem ouvido desde o início de sua carreira como cantora tem sido: O que deu em você ao largar uma carreira bem sucedida como advogada para investir em uma carreira artística?

Beatrice Mason - Não tenho ideia. Não foi uma mudança planejada. Eu estava insatisfeita profissionalmente e resolvi me afastar temporariamente do escritório. O afastamento temporário virou permanente, porque eu aproveitei aquele período para, dentre outras coisas, estudar canto. O tempo foi passando e resolvi ficar com a música...


Em sua biografia percebe-se que você está envolvida com a música desde a infância, porém houve um hiato devido a profissão de advogada que por um tempo você exerceu. Nesse meio tempo, você se viu afastada completamente afastada da música?

BM - Não lembro bem. Na verdade era impossível não ter atividade musical alguma. Às vezes eu chegava em casa do trabalho e minha mãe estava ensaiando com o coral. E me pedia uma forcinha. E volta e meia pedia para eu tocar flauta também.

Como se deu o acolhimento no meio musical em sua volta para o Brasil?

BM - Quando voltei ao Brasil fui trabalhar num escritório de advocacia, e lá fiquei por 3 anos. Só quando saí me dediquei de vez à música. Aí fui reencontrando pessoas, conhecendo outras.


Dentre os nomes de sua biografia artística alguns nomes estão bastante presentes. O da Roberta Sá é um deles. Como se deu esse encontro entre vocês?

BM - Conheci Roberta através de um advogado que trabalhava comigo. Faz muito tempo. Ela estava saindo do Fama, começando a gravar o primeiro disco, fez alguns shows. E eu acompanhei tudo isso. Então, quando resolvi “subir no palco”, ela me deu algumas dicas. Foi ela também que me apresentou ao Rodrigo Campello, que produziu meu disco.

E o Edu Krieger?

BM - Edu eu conheci quando criança; cantávamos juntos no Coro Infantil do Teatro Municipal. E nos reencontramos quando estava preparando meu primeiro show. Ele foi muito generoso comigo, fez duas músicas para mim, participou no disco e em alguns shows meus.


Você poderia nos contar como se deu a composição feita exclusivamente para você: a Lilly blonde?

BM - Uns dois anos antes de começar a gravar o Mosaico, eu havia pedido, meio na brincadeira, que ele fizesse uma “Lili Braun” para mim. A história virou até piada, mas um belo dia, quando eu já estava produzindo o disco, ele me mandou uma música intitulada Lilly Blonde, feita especialmente para mim, inspirada n’A história de Lili Braun.


Percebe-se que na concepção do “Mosaico” priorizou-se a escolha de um repertório genuinamente contemporâneo, como se deu a escolha deste repertório?

BM - Na verdade eu já tinha uma queda pelas músicas mais “lado B”. Meus repertórios anteriores já mostravam isso. Aí o Marcelo Caldi sugeriu que eu focasse nos compositores novos sem medo. Então fui buscando com amigos, conhecidos, procurei vários compositores, ouvi muita coisa. E eu sabia, por exemplo, que queria gravar Vitor Ramil e Jorge Drexler. Tanto eles, como outros compositores presentes no disco tem uma marca contemporânea forte.


O que você tirou de experiência proveitosa dos dois espetáculos (Coração Tranqüilo e Alumbramento) e que foi de extrema valia para a gravação do álbum?

BM - Acho que a experiência com esses shows foi muito valiosa em vários aspectos: primeiro para me familiarizar com palco, equipamentos, som... Depois porque foi através da seleção de repertório desses shows e da concepção de sonoridade deles que eu encontrei o caminho de repertório e sonoridade que eu estava buscando.


O mercado da música nos últimos anos tem se adaptado a mudanças irreversíveis com o advento da internet e a facilidade do download e você vem com seu álbum de estreia dentro desta realidade. Qual a sua opinião sobre essa realidade da música nos dias atuais?

BM - Ao mesmo tempo em que as novas tecnologias democratizaram o acesso a música, principalmente através de meios não tradicionais, há cada vez mais artistas procurando seu espaço. Mas algumas mídias tradicionais continuam muito influentes (rádio e televisão, por exemplo) e essa grande quantidade de artistas ainda não consegue espaço nesses meios. Acho que aqueles que melhor souberem usar as novas ferramentas vão se destacar.


Algum novo projeto em vista para 2011?

BM - Neste momento estou trabalhando no meu primeiro videoclipe (Foi no mês que vem), mas tenho um projeto com dois outros músicos/cantores: Marcelo Caldi e João Cavalcanti em que abordaremos a obra de 3 compositores. Estamos ainda procurando patrocínio porá este projeto.

domingo, 10 de julho de 2011

CURIOSIDADES DA MPB

Inicialmente vetada, Chico Buarque teve de modificar a letra do samba Partido Alto. O verso "Na barriga da miséria eu nasci brasileiro" passou a ser "Na barriga da miséria eu nasci batuqueiro". Só assim a DCDP liberou sua gravação.

sábado, 9 de julho de 2011

QUANDO, DE REPENTE, O MAR VIROU SERTÃO...

Na história contemporânea de nosso Nordeste existe uma fato que até os dias atuais merece destaque: A saga de Antônio Conselheiro e todos os acontecimentos acerca de Canudos ou simplesmente Monte Santo, como alguns preferem chamar.

Por Bruno Negromonte


Antônio Vicente Mendes Maciel, ou simplesmente Antônio Conselheiro como nacionalmente ficou conhecido era uma figura carismática nascida em Quixeramobim no Ceará e que chegou a liderar um arraial localizado no sertão baiano e composto basicamente por flagelados da grande seca que assolava a região, ex-escravos e tantos outras pessoas que estavam a margem de qualquer boa condição de vida. Tornou-se uma pessoa meio que messiânica para aqueles que o seguiam, e dentre as ideias que divulgava estava a de que Dom Sebastião iria voltar (como tanto foi difundido no Nordeste brasileiro no século XIX). Para aqueles que não lembram, o sebastianismo foi um fenômeno que surgiu da crença na volta do rei português Dom Sebastião, a partir do seu desaparecimento na batalha de Alcácer-Quibir, na África, no dia 4 de agosto de 1578, enquanto comandava tropas portuguesas. Como ninguém o viu tombar ou morrer, espalhou-se a lenda de que El-Rei (como era conhecido por terras portuguesas) voltaria. Outra ideia bastante difundida no pequeno povoado do sertão baiano foram as proféticas palavras de que o sertão viraria a se tornar mar e o mar viraria a se transformar em sertão...

Todo esse retrospecto histórico tão explorado por nomes como o do carioca Euclides da Cunha (que em "Os sertões"detalhadamente relata a história) e do gaúcho Moacir Scliar (que a partir de outro prisma também nos remete ao mesmo sofrido contexto do sertão baiano em "O sertão vai virar mar") se fez necessário para relatar que a alguns dias, pela primeira vez, vi as profecias do Antônio Conselheiro se materializarem diante dos meus olhos. Aconteceu no espetáculo junino que o mestre apresentou no são João da cidade do Recife; De forma Simplória, a mítica imagem do mestre Dominguinhos surgiu no parque dona Lindú (as margens do mar), o fazendo assumir em meu inconsciente o papel do, tão almejado pelos sertanejos, Dom Sebastião de séculos passados. Com ele empunhando um instrumento propulsor de alegria fui capaz de presenciar uma verdadeira metamorfose, pois em cada verso entoado mais uma das profecias se cumpria.

Bastou alguns acordes e a profecia cumpriu-se em meus devaneios. Mostrando que alguém é capaz, mesmo neste mundo de incrédulos, fazer o mar virar sertão. E esse alguém é José Domingos de Morais, o maior sucessor de Luiz Gonzaga. Sentado no centro do palco, empunhou a sua sanfona e transformou, de repente, o litoral no mais original e saudoso sertão. Bastou os primeiros acordes para muitos ali presentes lembrarem imediatamente de seus sofridos torrões natal, para muitos verem o próprio Luiz Gonzaga transfigurado na imagem do seu maior descendente artístico entre outras visagens.

Eu particularmente preferi vislumbrar ali (a menos de 200 metros do mar) plantas típicas do nosso sertão como xiquexiques, palmas, caruás, umbuzeiros, aroeiras, mandacarus e juazeiros... cada verso entoado por Dominguinhos ou fazia brotar mais uma característica do velho e sofrido sertão ou me arraigava mais na cultura e costumes sertanejos.

Um conjunto de costumes sertanejos, onde tudo é verossímil, me veio à memória em cada acorde tocado pelo grande mestre. A água doce de cacimba, a vida simples do sertanejo, a fé e persistência de esperar por dias melhores e a alegria que só nós, povo nordestino, somos capaz de expressar nos períodos juninos. Muito me orgulha o Nordeste que apesar de todas as adversidades tem em seu povo um rico patrimônio cultural que nos torna possível encher o peito e dizer: Em minha terra tem nomes como Dominguinhos!

Além de outros tantos que dignificam a cultura não só nordestina como brasileira como um todo. São nomes como Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo, Jorge de Altinho, Maciel Melo, Petrúcio Amorim e tantos outros do gênero que engrandecem nosso ego e nos permite encher a boca para dizer: Sou nordestino sim senhor! E foi assim que eu vi o mar virar sertão...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

FECHAM-SE AS CORTINAS PARA BILLY BLANCO

Um dos maiores compositores do país e precursor da Bossa Nova, o paraense Billy Blanco, morreu às 8h10 desta sexta-feira, aos 87 anos.

por G1

Nascido em Belém (PA), o compositor decidiu estudar arquitetura em São Paulo, em 1946. Lá, iniciou sua carreira de compositor. Depois se mudou para o Rio, onde a carreira ganhou novo impulso. Blanco foi precursor da bossa nova e parceiro de Tom Jobim, Baden Powell e João Gilberto.

Blanco compôs músicas como "Estatutos da Gafieira", "Viva meu Samba" e "Sinfonia do Rio de Janeiro", esta uma parceria com Tom Jobim.

De acordo com informações do hospital, Blanco estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e teve uma parada cardíaca. Ele deu entrada na unidade em 02 outubro de 2010, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

O corpo de Billy Blanco será velado a partir das 14h desta sexta-feira na Câmara dos Vereadores do Rio e deve seguir para cremação no sábado (9).


Sucessos e parcerias

Um dos ícones da bossa nova, Blanco compôs mais de 500 músicas. Suas canções foram gravadas por cantores como João Gilberto, Elis Regina, Dick Farney, Lúcio Alves, Dolores Duran, Nora Ney e outros grandes nomes da MPB. Ele também fez parcerias com Tom Jobim, Baden Powell e Sebastião Tapajós, entre outros.



William Blanco Abrunhosa Trindade nasceu em 1924 em Belém. Formado em arquitetura, sempre gostou de tocar e compor músicas. Nos anos 50, já morando no Rio, se destacou por seus sambas e letras, tornando-se um dos precursores da bossa nova.

Em nota, a Ministra da Cultura, Ana de Holanda, lamentou a morte do compositor. “Billy Blanco deixa um forte vazio na MPB - "exatamente porque nos lega letras bem-humoradas sobre a vida cotidiana e que abriram o caminho para a Bossa Nova. E as habilidades de Billy não se resumiram ao violão e aos versos: foi também um conceituado arquiteto. Ligações desse nível com a música e com a cultura do Rio e do Brasil solidificaram a admiração daqueles que reconhecem os grandes artistas", disse.

Entre seus sucessos estão "Tereza na praia", "O morro", "Mocinho bonito", "Viva meu samba", "Pra variar", "Sinfonia paulistana", "Sinfonia do Rio de Janeiro" e "Canto livre".

quinta-feira, 7 de julho de 2011

22º PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA

Por Bruno Negromonte

Aconteceu ao longo desta semana na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Teatro Municipal do Rio, o 22º Prêmio de Música Brasileira. Este ano o homenageado foi o cantor e compositor Noel Rosa, que no último dezembro completou cem anos. O mais tradicional prêmio da música popular brasileira teve como um de seus principais destaques a cantora potiguar Roberta Sá, que recebeu dois troféus (melhor CD e melhor cantora de MPB) e o bandolinista pernambucano Hamilton de Holanda (melhor CD instrumental e melhor solista).

O antigo Prêmio Sharp, por ora Prêmio Tim, hoje com patrocínio da Vale e denominado Prêmio da música brasileira, foi criado pelo empresário, cantor e produtor José Maurício Machline em 1989, e hoje conta com um júri de 20 integrantes, composto por críticos e artistas. Para o ano de 2011 foram selecionados 104 nomes, de 567 CD's e 88 DVD's divididos em 16 categorias no total, número que faz da premiação a mais abrangente do País (pois entre as categorias há premiação também para atividades pouco lembradas, como a de arranjador e a de designer de projeto visual dos CD's e DVD's).

Uma novidade este ano é que durante esse mês, desde a última quarta-feira (06), um show com o repertório do Prêmio correrá algumas cidades do Brasil (São Luís, Carajás, Belém, São Paulo, Vitória e Belo Horizonte). Estão programados para estas apresentações nomes como Lenine, Zélia Duncan, Arlindo Cruz e Sandra de Sá, além de um artista local.


Confira os vencedores do prêmio em negrito:

Arranjador
Cristóvão Bastos por "Tantas marés" - Edu Lobo
Mario Adnet por "O samba vai" - Mario Adnet
Paulão 7 Cordas por "Bodas de coral no samba brasileiro" – Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara

Melhor canção
"Baila no ar", de Dona Ivone Lara, Délcio Carvalho e André Lara - intérpretes Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara (CD ‘Bodas de coral no samba brasileiro’)
"Dolores e suas desilusões", de Monarco e Mauro Diniz - intérprete Zeca Pagodinho (CD "Vida da minha vida")
"Procissão da padroeira", de Guinga e Paulo César Pinheiro - intérprete Ilana Volcov (CD "Banguê")

Projeto visual
DJ Tudo, disco "Nos quintais do mundo" – Daniel Cabral
Pato Fu, disco "Música de brinquedo" - Andréia Costa Gomes
Paulo César Pinheiro, disco "Capoeira de Besouro" – Gringo Cardia

Revelação
Luísa Maita
Tulipa Ruiz
Vitor Garbelotto

Canção popular
Melhor álbum
"Cabaret do Rossi", de Reginaldo Rossi, produtores Antônio Mojica e Victor Kelly
"Cine Tropical", de Criolina, produtores Evaldo Luna e Criolina
"Roupa Nova 30 anos ao vivo", de Roupa Nova, produtor Roupa Nova

Melhor dupla
Criolina ("Cine Tropical")
Victor e Léo ("Boa sorte pra você")
Zezé Di Camargo & Luciano ("Double face")

Melhor grupo
Roupa Nova ("Roupa Nova 30 anos ao vivo")
Sua mãe ("The very best of the greatest hits")
The Fevers ("Vem Dançar II")

Melhor cantor
Bebeto ("Prazer, eu sou Bebeto")
Leonardo ("Alucinação")
Reginaldo Rossi ("Cabaret do Rossi")

Melhor cantora
Hebe Camargo ("Mulher")
Maga Lieri ("Bem acompanhada")
Sandra de Sá ("África Natividade")

Intrumental
Melhor álbum
"Cristal", de Marco Pereira, produtor Swami Jr.
"Gismontipascoal – a música de Egberto e Hermeto", de Hamilton de Holanda e André Mehmari, produtores Hamilton de Holanda e André Mehmari
"Lado B", de Yamandu Costa e Dominguinhos, produtores Yamandu Costa e Dominguinhos

Melhor solista
Dominguinhos ("Lado B")
Hamilton de Holanda ("Esperança - ao vivo na Europa")
Yamandu Costa ("Lado B")

Melhor grupo
Hamilton de Holanda Quinteto e Orquestra Brasilianos ("Sinfonia Monumental")
SA GRAMA ("Chão batido, palco, picadeiro")
Trio de câmara brasileiro ("Saudades da Princesa")

MPB
Melhor álbum

"Johnny Alf ao vivo e à vontade com seus convidados", de Johnny Alf, produtor Nelson Valencia e Thiago Marques Luiz
"Quando o canto é reza", de Roberta Sá & Trio Madeira Brasil, produtores Pedro Luís, Marcello Gonçalves e Renato Alscher
"Tantas Marés", de Edu Lobo, produtor Cristóvão Bastos

Melhor grupo
Geraldo e os amigos do Rumo ("Sopa de concha")
Os cariocas ("Nossa alma canta")
Sá, Rodrix & Guarabyra ("Amanhã")

Melhor cantor
Emílio Santiago ("Só danço samba")
Milton Nascimento ("E a gente sonhando")
Zé Renato ("Papo de passarim")

Melhor cantora
Célia ("O lado oculto das canções")
Maria Bethânia ("Amor Festa Devoção’)
Roberta Sá ("Quando o canto é reza")

Pop/rock/reggae/hip-hop/funk
Melhor álbum
"Ao vivo lá em casa", de Arnaldo Antunes, produtor Betão Aguiar
"Música de brinquedo", de Pato Fu, produtor John Ulhoa
"Nos quintais do mundo", de DJ Tudo, produtor Alfredo Bello Aka (DJ Tudo)

Melhor grupo
Mombojó ("Amigo do tempo")
Pato Fu ("Música de brinquedo")
Pedro Luís e a Parede ("Navilouca ao vivo")

Melhor cantor
Lulu Santos ("Lulu acústico MTV II")
Paulinho Moska ("Pouco")
Seu Jorge ("Seu Jorge e Almaz")

Melhor cantora
Nina Becker ("Azul")
Tulipa Ruiz ("Efêmera")
Vanessa da Mata ("Bicicletas, bolos e outras alegrias")

Regional
Melhor álbum
"Capoeira de besouro", de Paulo César Pinheiro, produtor Luciana Rabello
"Délibáb", de Vitor Ramil, produtor Vitor Ramil
"Fé na festa", de Gilberto Gil, produtor Gilberto Gil

Melhor dupla
Caju e Castanha ("Festival de emboladas")
Renato Teixeira e Sérgio Reis ("Amizade sincera")
Zé Mulato e Cassiano ("Sertão ainda é sertão")

Melhor grupo
Mais caipira ("Mais caipira")
Quinteto Violado ("Quinteto Violado canta Adoniran Barbosa e Jackson do Pandeiro")
Umbando ("Umbando")

Melhor cantor
Gilberto Gil ("Fé na festa")
Renato Teixeira ("Amizade sincera")
Vitor Ramil ("Délibáb")

Melhor cantora
Elba Ramalho ("Marco Zero – ao vivo")
Juliana Spanevello ("Pampa e flor")
Margareth Menezes ("Naturalmente acústico")

Samba
Melhor álbum
"Bodas de coral no samba brasileiro", de Délcio Carvalho e Dona Ivone Lara, produtor Luiz Moraes
"Pra gente fazer mais um samba", de Wilson das Neves, produtores Wilson das Neves, Zé Luiz Mais, João Rebouças e André Tandeta
"Vida da minha vida", de Zeca Pagodinho, produtor Rildo Hora

Melhor grupo
Gafieira São Paulo ("Gafieira São Paulo")
Saia no samba ("Saia no samba")
Tio Samba ("É batata – Carmem Miranda Revisited")

Melhor cantor
Martinho da Vila ("Poeta da cidade")
Wilson das Neves ("Pra gente fazer mais um samba")
Zeca Pagodinho ("Vida da minha vida")

Melhor cantora
Alcione ("Acesa – ao vivo em São Luís do Maranhão")
Mariene de Castro ("Santo de casa")

Finalistas / especiais
DVD
Arnaldo Antunes / "Ao vivo lá em casa", diretor Andrucha Waddington
Ney Matogrosso / "Beijo bandido", diretores Felipe Nepomuceno e Renato Martins
Pequeno Cidadão / "Pequeno cidadão", diretor Fábio Mendonça
Mart´nália ("Mart´nália em África ao vivo")

Álbum em língua estrangeira
"Alma mía" / Leny Andrade, produtor Ruy Quaresma
"Cauby sings Sinatra" / Cauby Peixoto, produtor Thiago Marques Luiz
"Tide" / Luciana Souza, produtor Larry Klein

Álbum erudito
"Chopin the Nocturnes" / Nelson Freire
"Tchaikovsky – Sinfonia No 6- Patética Abertura 1812" / Osesp
"Villa-Lobos" – Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Álbum infantil
"Além do mar" / Kha Machado, produtor Kha Machado
"Quando eu crescer"/ Éramos Três, produtor Éramos três
"O soldadinho e a bailarina" / O soldadinho e a bailarina, produtor Victor Pozas

Álbum projeto especial
"Adoniran 100 anos" / Vários, produtor Thiago Marques Luiz
"Mário Lago, homem do século XX" / Vários, produtores Luiz Moraes, Afonso Carvalho e Dermeval Coelho
"Quando fevereiro chegar – uma lírica de Fausto Nilo" / Vários, produtor Robertinho do Recife

Álbum eletrônico
"Calavera" / Guizado, produtor Guilherme ‘Guizado’ Menezes
"Mundialmente anônimo – o magnético sangramento da existência" / Maquinado (Lúcio Maia) produtor Lúcio Maia

quarta-feira, 6 de julho de 2011

QUANDO O GALO "CANTÔ", DEU SAMBA!

A renovação do samba carioca se evidencia nessa nova geração de talentosos músicos que formam o grupo Galocantô. Com dois álbuns gravados, a trupe traz novas tendências para o samba sem que ele perca nenhuma das características que o fez um dos gêneros mais representativos de nosso país.

Por Bruno Negromonte


Berço da famosa boemia carioca, o bairro da Lapa tornou-se o principal reduto de um dos gêneros mais representativos do Rio de Janeiro: o samba. O emblemático Aqueduto da Carioca (ou Arcos da Lapa) ao longo de décadas foi testemunha do lirismo das letras de sambistas de diversas gerações e, continua sendo testemunha ocular de noites e mais noites em que o bom e velho samba predomina no bairro.

Essa breve descrição geográfica se faz necessária para podermos contextualizar o ambiente em que este grupo vem atendendo ao pedido dos compositores Edson Conceição e Aloísio não deixando o samba morrer. A gênese do grupo Galocantô vem do final dos anos 90, quando no meio de todo o processo de revitalização cultural que a Lapa passava, o mestre Ivan Milanês comandava uma animada e autêntica roda de samba na rua Joaquim Silva. No local, todas as quinta-feiras, adaptava-se um boteco (por não ser propriamente um bar) onde o samba rolava praticamente a noite inteira.



Aos poucos, os encontros foram ganhando notoriedade suficiente para ter frequentadores assíduos e esses deram início a laços de amizades que resultaram na materialização coletiva daquilo que eles mais cultuavam: o gosto pelo samba. Então, a partir das festas semanais dos encontros do Milanês, Pablo Amaral e Léo Costinha que faziam parte do grupo oficial da mesa de Milanês, o “Além da Razão” conheceram e estreitaram as afinidades musicais com alguns frequentadores das noitadas de samba. Dentre eles estavam Rodrigo, Lula e Pedro que eram presenças constantes e assíduas nesse samba. Ali deu-se início a amizade de um grupo que tinha, além do amor pelo samba, a pretensão de externar esse sentimento através da arte e foi assim, de maneira espontânea, que surgiu aos poucos o grupo Galocantô.



De início o grupo, ainda sem nome definido, começou a cantar em diversas festas particulares e algumas casas noturnas cariocas. No tradicional Quintal da Tia Elza, o Galo embalou rodas de samba com o mestre Xangô da Mangueira. Na Praça Mauro Duarte, recebeu Paulinho da Viola, numa canja inesperada. No ano de 2003, já com batizado com o nome Galocantô, Edson Cortes e Marcelo Correia se uniram a Rodrigo Carvalho, Léo Costinha, Pablo Amaral, Pedro Arêas e Lula Matos, consolidando a formação do grupo.


Os integrantes


Pablo Amaral, o Gamarra, é músico autodidata e compositor. Integrou, com Léo Costinha, o grupo Além da Razão, que comandava as rodas de samba da rua Joaquim Silva, terreno onde o Galocantô começou a surgir. Formado em publicidade, trabalhou na TVE Brasil, mas a paixão pela música falou mais alto. Hoje, dedica-se exclusivamente ao seu cavaquinho. Com Galã de Xerém, parceria com Edu Tardin, gravada no CD Fina Batucada, faz sucesso nas rodas de samba.



Rodrigo Carvalho, o Biro, cantor e compositor, sempre freqüentou rodas de samba, da Lapa a Madureira. Começou profissionalmente como corista em gravações e shows de Beth Carvalho. Gravou também com Bandeira Brasil, Serginho Meriti e Wanderley Monteiro. Nas quadras das escolas de samba, interpretou sambas-enredo em disputas no Império Serrano (onde foi campeão com Arlindo Cruz) e na Vila Isabel (com Moacyr Luz). Como compositor, foi finalista na Beija-Flor de Nilópolis e também na oitava edição do Festival de Música da Escola Villa-Lobos, com a música “Fina Batucada”, parceria com Fred Camacho, e que hoje dá nome ao primeiro CD do Galocantô.


Léo Costinha se apaixonou pelo samba aos quinze anos. Ótimo percussionista, aprimorou seus dotes nas rodas de samba depois dos estudos. Fez parte do grupo “Além da Razão” (grupo embrião do Galocantô), que comandava as rodas de samba do mestre Ivan Milanês, na Lapa. Costinha desistiu de ser cirurgião-dentista, profissão na qual é formado, para seguir em frente com o Galocantô.




Lula Matos, percussionista e compositor, foi criado no bairro da Lapa. Desde a infância, viveu nas rodas de samba, onde conheceu grandes bambas. Tocou com Arlindo Cruz, Luiz Carlos da Vila, Monarco, Nélson Sargento, Walter Alfaiate, Mauro Diniz, Tantinho e Velha Guarda da Mangueira, Wilson Moreira e a Velha Guarda da Mangueira. Como compositor, tem parcerias com Ivan Milanês, Adilson Bispo, Wanderley Monteiro, Carica e Luizinho SP. Seus sambas foram gravados em São Paulo por T. Kaçula e pelos grupos Estatuto do Samba, Relíquia e Panela Preta.


Marcelo Correia faz parte da nova e promissora safra dos sete-cordas do samba carioca. Criado no Cachambi, antes dos quinze anos, já tocava cavaquinho nas rodas de samba do bairro. Músico versátil e bom instrumentador, também toca bandolim. Participou de shows com Dudu Nobre, Chico Salles, Roberto Serrão, Ivan Milanês, Monarco e Davi do Pandeiro, Sombrinha e o Trio Calafrio.




Conhecido como Dinho, Edson Cortes começou a tocar percussão aos nove anos de idade em rodas de samba, escolas e blocos carnavalescos. Estreou profissionalmente, em 1977, com o grupo Abertura como músico-acompanhante. Dentre os músicos do Galocantô é o mais experiente. Dinho também é compositor e percussionista de mão-cheia. Com o Fundo de Quintal gravou, em 2003, a música “Tudo por 1,99”, em parceria com Wantuir e Haroldo Cezar. Bom malandro, sabe dizer no pé e é craque na feijoada.


Depois de três anos resolveram que já era a hora de lançar o primeiro trabalho. Em 2006, entraram em estúdio para dar início a gravação do álbum "Fina batucada", disco este composto por 18 faixas (algumas regravações e 11 composições elaboradas pelos integrantes do grupo). O CD conta ainda com participações de nomes de peso do mundo da música como Beth Carvalho (na faixa "Elo da corrente", de autoria de Edson Cortes, Wantuir e Niquinho Azevedo; que traz, talvez, na letra reminiscências do período das rodas de samba na rua Joaquim Silva); Arlindo Cruz (banjo e voz em "Pra lá de legal"/ "Para você voltar", duas composições em que é um dos autores), Rildo Hora (gaita em "Sempre marcou" (Fred Camacho, Rodrigo Carvalho e Guilherminho) uma pungente canção de amor), a Velha Guarda do Império Serrano (na faixa “Apesar do Tempo”(Zé Luiz e Ratinho) que exalta os áureos tempos que não voltam mais) e Diogo Nogueira, cantando a inédita composição "Eminência Negra", de Wilson das Neves e Luiz Carlos da Vila. Destaque também para as outras canções registradas no álbum como "Fina batucada" (Rodrigo Carvalho e Fred Camacho) que tráz em sua letra as principais influências do grupo, "Deixa rolar" (Toninho Geraes e Toninho Nascimento), "Manhã seguinte" (Lula Matos, Anderson Baiaco e Alexandre Chacrinha), "Sem deixar pra depois" (Rodrigo Carvalho e Fred Camacho), "A volta do malandro" (Chico Buarque) com o violino do Nicolas Krassik além de outros sambas de requinte ímpar. Também foram incluídas "Pão que alimenta" (Edson Cortes, Wantuir e Binho Sá) que tem um forte apelo comercial e "Galã de Xerém" (Pablo Amaral e Edu Tardin), uma inusitada história de uma pessoa comum que acabam transformando-o em celebridade, porém ele não se acostuma com a "nova vida" e acaba voltando a velha rotina regada de cervejas e mulheres no "buteco" do Maneco em Irajá.

Fazendo parte da seleta turma que elaboraram o disco estão músicos como, Dirceu Leite (sopros) e Roberto Marques (trombone) dão um brilho especial a esta Fina Batucada e como consequência de todo esse gabarito nada mais natural que surgisse a indicação do álbum ao prêmio Tim de música brasileira (o maior prêmio da música brasileira da época), isso veio acontecer no de 2007 na categoria "Melhor grupo de samba".

E quando o samba é bom, nunca é demais repetir a dose... e por isso em 2009 o Galocantô resolve repetir a dose lançando para a sua discografia mais um álbum. O disco chega exatamente três anos após a estreia do grupo no mercado fonográfico e vem, mais ou menos, no mesmo formato do álbum anterior com a junção de canções inéditas, muitas de autoria dos componentes do grupo com outras de conceituados compositores. O álbum traz em sua essência algo em comum nas letras (e no projeto gráfico do encarte também): a poesia revelada em cada esquina carioca, nas praias, nos bares e nas rodas. Tudo vira samba em "Lirismo do Rio".

O álbum começa com "Resistência" (Zé Luiz e Ney Lopes) que enfatiza entre outras coisas no dever que o artista tem em resistir as adversidades existentes e fazer da emoção sua profissão de fé. Na canção "Lirismo do Rio" (Dinho, Binho Sá e Alexandre Guichard) questiona-se onde está o lirismo do Rio que precisamos encontrar, o álbum segue com "Fotografia de papel" (Fred Camacho e Rodrigo Carvalho), "O som do samba" (L. Grande, Marquinhos Diniz e Barbeirinnho do Jacarezinho) e"Roçado" (Dinho, Lula Matos e João Martins) que remete a características existentes nas festas juninas como como canjica, fogueira e bolo de fubá; "Samba oriundo" (Dinho, Wantuir e Niquinho Azevedo) que nos remete as origens do samba a partir dos jongos (também conhecidos como caxambus e tambus, os jongos são manifestações culturais executadas por afrodescendentes em várias localidades no estado do Rio de Janeiro). O disco ainda traz "Baile do Saci" (Toninho Geraes e Toninho Nascimento), "Ilha do abandono" (Dinho e Niquinho Azevedo), "Sei chorar" (Rodrigo Carvalho e Fred Camacho), uma linda crítica social em "Pátria Amada" (Ivan Aurélio, Dinho e Floriano Silva) e a regravação da canção "Meu baio, meus balaios" (Wilson Moreira) entre outras.

O grupo, que ainda permanece divulgando o álbum "Lirismo do Rio" em diversas capitais do país, e vem se consolidando cada vez mais como um dos mais promissores grupos de samba da atualidade. tudo isso porque, de certa forma, eles estão fazendo jus aquilo que cantam em "Arte do povo", uma das faixas deste mais recente trabalho: "O tempo envelhece e o samba permanece novo...". Então é isso aí... era uma vez a história do galo que resolveu cantar e quando cantou deu samba.


Maiores informações:

Contato para Shows –
(21) 7891-1928 (galocanto@galocanto.com)

Produção Cultural: Lucia Sá (Tel: (21) 7891-1928)


Os cd's podem ser encontrados clicando nas respectivas capas ou nos seguintes endereços:

LIVRARIA FOLHA SECA –
Rua do Ouvidor, 37 – Centro – RJ (Tel: (21) 2507-7175)

LIVRARIA DA TRAVESSA:
Barra / RJ - Barra Shopping - Nível Américas – Tel: (21) 2430-8100
Shopping Leblon - 2º piso - Tel: (21) 3138-9600
Rua Visconde Pirajá, 572 - Tel: (21) 3205-9002
Av. Rio Branco, 44 - Tel: (21) 2519-9000
Rua 1º de Março, 66 - Tel: (21) 3808-2066
Rua Sete de Setembro, 54 - Tel: (21) 2505-0400

LIVRARIA CULTURA
São Paulo
Conjunto Nacional – Tel: (11) 3170-4033
Shopping Villa Lobos – Tel: (11) 3024-3599
Market Place Shopping Center – Tel: (11) 3474-4033
Bourbon Shopping Pompéia – Tel: (11) 3868-5100
Villa Daslu – Tel: (11) 3170-4058

Porto Alegre
Bourbon Shopping Country – Tel: (51) 3028-4033

Recife
Paço Alfândega - – Tel: (81) 2102-4033

Brasília
Casa Park Shopping Center – Tel: (61) 3410-4033

Campinas
Shopping Center Iguatemi – Tel: (19) 3751-4033