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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

30 ANOS DAS ASAS DO FREVO

Por Michelle de Assumpção

Entre 1981 e 1990 não existia nenhuma conversa de que o frevo precisava ser renovado. Aliás, essa constatação de hoje é justamente por conta daquela década. Pois foram aqueles anos - no auge do pop rock nacional, do axé baiano e antes da explosão maior da música pernambucana, que viria com o manguebeat - o auge das produções mais felizes do frevo. O compositor caruaruense (hoje radicado no Rio de Janeiro) Carlos Fernando era um dos protagonistas desta festa frevística, pois praticamente tomou como missão artística ensolarar, arejar e desterritorializar o gênero que, cantado pelas vozes da elite da MPB, eram tratados como músicas para ser tocadas o ano inteiro.

Para comemorar os trinta anos da primeira coletânea, o compositor gostaria de ter feito mais uma edição inédita do projeto. Por falta de patrocínio, a oitava edição do Asas vai aguardar mais um pouco. Enquanto isso, o dia do frevo poderá ser fartamente comemorado no Brasil, a partir do relançamento dos sete volumes da coletânea Asas da América, reunidos com suas capas originais, numa caixa de luxo. Os discos podem ser encontrados em várias lojas, juntos na caixa, ou separados. O valor médio é R$ 22, 50 a unidade e R$ 150, a caixa (preço na Passa Disco).

Grandes clássicos do frevo canção saíram dos LPs do Asas da América que Carlinhos produziu para desaguar toda sua produção. Banho de cheiro ficou eternizada na voz de Elba Ramalho. Noites olindenses (quero dançar com você nas noites olindenses) trouxe o baiano Caetano para o frevo pernambucano. Chico Buarque cantou No dia que o Cristo falou, também no quinto volume do Asas. Carlos Fernando, além do mérito de ter composto belos frevos, também conseguia a proeza de fazer com que as gravadoras liberassem seus artistas para o projeto.

Nesse volume, por exemplo, ele trouxe Caetano e Luiz Caldas da Polygram; Alceu Valença da EMI-Odeon; Moraes Moreira da CBS e Zé Ramalho da BMG-Ariola. Caetano, aliás, cantou no Asas desde seu primeiro volume. Bom é Batutaestá na sua voz. Alceu Valença também foi constante intérprete de Carlinhos. No primeiro disco, está ele com as clássicas (O homem da meia noite e Pitomba pitombeira). Memorável também é Gilberto Gil cantando com Jackson do Pandeiro Sou eu o teu amor.

Carlos Fernando encerrou a produção do Asas do Frevo para cuidar dos discos Recife Frevoé, resultado do concurso de música carnavalesca do Recife. Era menos estressante cuidar desse tipo de produção (para fazer o Asas dependia da agenda dos grandes da MPB), por outro lado, sofreu com a queda da qualidade das músicas. "Ainda passei a chamar grandes intérpretes para cantar frevos antológicos. Uma maneira de mostrar o que foi bonito e o que estava feito e precisava mudar", diz ele, um crítico da produção atual do frevo, que ele considera fraca. "Gosto de Michiles, Geraldo Amaral, Dom Troncho, mas o resto precisava ouvir mais frevo, mais histórias para compor melhor", aconselha.

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