Depois de 04 apresentações em algumas capitais do país, Caê e Gadú se despedem da mini turnê "Duo" em excelente show no teatro Guararapes.
Por Bruno Negromonte e Luna Markman
Por Bruno Negromonte e Luna Markman
A noite prometia um inesperado (e ansioso) encontro entre, poderíamos dizer, dois extremos na linha do tempo da MPB. De um lado, Caetano Veloso, 67 anos, baiano, mais de 40 álbuns lançados e uma carreira construída de maneira indissociável à história da música e da cultura desse nosso país nos últimos 45 anos; do outro Maria Gadú, nascida em São Paulo, 24 anos recém completos, um enorme talento aser lapidado, 02 álbuns lançados e o apadrinhamento da toda-poderosa rede Globo (já que seus álbuns até então foram lançados pela Som Livre).
Com o teatro Guararapes e seus 2.405 lugares completamente tomados, o espetáculo, onde prevalece o talento, a voz e o violão, é que podemos perceber o quão magnânimos são nossos artistas, que por muitas vezes, são explorados comercialmente de maneira equivocada, e assim acabam não mostrando a verdadeira essência e a grandeza do seu talento como é o caso da Maria Gadú.
Tal passagem mostra bem a diferença da trajetória da dupla. Caetano cantou ‘Alegria, Alegria’, de sua autoria, no Festival da Record, em 1967. Ele ficou em quarto lugar na premiação. No entanto, foi ali que o baiano de Santo Amaro da Purificação passava para o status de popstar e lançava um dos movimentos mais marcantes da música brasileira, o Tropicalismo. Já Gadú estourou com a música ‘Shimbalaiê’, composta por ela aos 10 anos de idade, na novela ‘Viver a Vida’, da TV Globo, em 2009. Com todo aparato da mídia, ainda emplacou outras canções na telinha, como ‘Linda rosa’ e ‘Ne me quitte pas’. Mas a apresentação da cantora e compositora paulistana acaba por oportunizá-la a mostrar que possui talento de sobra. E por demostrar isso, mais que 130 mil cópias vendidas do disco de platina ‘Maria Gadú’ e indicações a prêmio, ela conquistou a admiração de Caetano Veloso, que acabou rendendo essa parceria no palco.
Depois de passar por São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, foi a vez de Pernambuco conferir o show que uniu duas gerações de intérpretes e compositores. Duas pontas: uma cantora em início de carreira e um artista consagrado. A mesma ponte: a música popular brasileira.
Ao longo do show os dois executaram ‘O quereres’ e ‘Sampa’, ambas de Caetano. Depois o palco foi só dele, que escolheu canções mais intimistas, como ‘Odeio você’, ‘De noite na cama’, ‘Sozinho’ e ‘Desde que o samba é samba’. Finalizando o momento solo, cantou ‘Shimbalaiê’, da Gadú, que acompanhou ao lado do ídolo, admirada e às lágrimas.
Depois, engataram ‘Vaca Profana’ (canção onde Caetano fez referência ao refrão, dizendo achar mais complicado que as estrofes da letra em si por conta de suas variantes), ‘Rapte-me, Camaleoa’, ‘O Leãozinho’ e ‘Odara’. Esta última com todas aquelas variações vocais que Caetano gosta de fazer. ‘Trem das Onze’, de Adoniram Barbosa também entrou. Com um selinho, eles se despediram do público, que, obviamente, pediu mais. Eles voltaram com ‘Nosso Estranho Amor’, ‘Vai levando’ e ‘Menino do Rio’.
O público ainda pode esperar mais dessa dupla, que deve lançar em breve um DVD da apresentação. Sobre a experiência, Caetano resumiu bem. “Adoro fazer o show com a Gadú. Me dá a sensação de que estou vendo a história passar.”
Bruno,
ResponderExcluirFiquei "aguada" aqui em Sampa por não ter assistido esse show. Adoro os dois e fiquei na saudade. Mas quem sabe no ano que vem eles ainda não dão mais uma canja né?
Bjs