No último dia 07 foi comemorado o dia do compositor brasileiro. E foi a partir da lembrança desta data que me surgiu a ideia de escrever o artigo deste mês.
Por Bruno Negromonte
Segundo alguns dicionário a palavra compositor tem por significado um tipo de pessoa que compõe música ou um texto tipográfico. Na minha concepção, acho que a definição para o termo compositor vai muito além desta seca descrição sobre o dom de escrever tudo aquilo que "dá na telha" de maneira poética ou não. Confesso que acho divino alguém que consegue, dentre tantas coisas, expor suas posições sentimentais, políticas e sociais através da música e das letras que escreve.
Não sei porque, mas ao escrever essa última linha do parágrafo anterior lembrei daquele rapaz que enfrentou diversos tanques na praça celestial a mais de 20 anos atrás... um franzino rapaz contra os 59 tanques do exército chinês. Imagem que até hoje parece surreal.
Parece absurdo, mas me peguei agora imaginando o Chico Buarque armado dos versos de suas composições enfrentando as duras situações impostas pelo regime militar. Fechem os olhos e imaginem qualquer praça do Brasil e o Chico armado com uma caneta e papel. Os inimigos armados até os dentes e vestidos com suas fardas verdes (institucionalizadas!), atos inconstitucionais, truculência e mais um apanhado de coisas que nem vale a pena se estender. Enquanto isso o Chico o enfrenta de peito aberto, armado com seu dom natural, seus versos, papel e caneta.
Ao iniciar-se a batalha, o exército "inimigo" surpreenderia o nosso poeta o atacando com um limitado Ato Inconstitucional, Chico e seus olhos cor de ardósia, tal qual um Garrincha da poesia, encararia o inimigo driblando-o com as mais distintas licenças poéticas e subterfúgios existentes nas rimas. E nessa peleja, como forma de defesa, o inimigo iria buscar forças na criação de vários atos inconstitucionais sem saber que o nosso herói possuía um trunfo na manga: Julinho da Adelaíde. O nosso conhecido herói se refugiria em uma identidade secreta tendo por objetivo burlar a truculência do inimigo. Seria a estratégia perfeita! Ao menos ele conseguiria enganar o inimigo durante algum tempo com essa façanha. Julinho munido da mesma arma que o conhecido herói Chico, sairia escrevendo versos diversos: pediria para o amor acordar, pediria para chamar o ladrão para juntar forças a ele contra o inimigo. E seria também enfático quando diria:
"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar"
A identidade secreta do nosso herói sobreviveria por pouco tempo, até porque Chico tinha que voltar para defender sua nação contra um inimigo, que de tanto ser combatido por todos os lados, já estava ficando moribundo. Já perto da morte do algoz, Chico desferiria um golpe fatal com a sua arma principal: seus contundentes e lindos versos de afronto:
"...Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear."
E assim terminaria a história. Nosso herói consagrado para sempre e o inimigo tentando ser esquecido ao longo dos anos posteriores apesar de ter deixado muitos traumas na população brasileira.. Pois, afinal, todos os brasileiros teriam direito algum dia de exercer sua felicidade (mesmo que de forma temporária):
...E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval...
Citei o Chico ciente que o que mais existe são compositores de talento em nosso país. Compositores estes que estão em muitos lugares recônditos deste nosso Brasil de dimensões continentais. Parabéns a todos os compositores brasileiros! Parabéns ao Chico Buarque, maior compositor em atividade existente no Brasil!! Salve a MPB!!
Por Bruno Negromonte
Não sei porque, mas ao escrever essa última linha do parágrafo anterior lembrei daquele rapaz que enfrentou diversos tanques na praça celestial a mais de 20 anos atrás... um franzino rapaz contra os 59 tanques do exército chinês. Imagem que até hoje parece surreal.
Parece absurdo, mas me peguei agora imaginando o Chico Buarque armado dos versos de suas composições enfrentando as duras situações impostas pelo regime militar. Fechem os olhos e imaginem qualquer praça do Brasil e o Chico armado com uma caneta e papel. Os inimigos armados até os dentes e vestidos com suas fardas verdes (institucionalizadas!), atos inconstitucionais, truculência e mais um apanhado de coisas que nem vale a pena se estender. Enquanto isso o Chico o enfrenta de peito aberto, armado com seu dom natural, seus versos, papel e caneta.
Ao iniciar-se a batalha, o exército "inimigo" surpreenderia o nosso poeta o atacando com um limitado Ato Inconstitucional, Chico e seus olhos cor de ardósia, tal qual um Garrincha da poesia, encararia o inimigo driblando-o com as mais distintas licenças poéticas e subterfúgios existentes nas rimas. E nessa peleja, como forma de defesa, o inimigo iria buscar forças na criação de vários atos inconstitucionais sem saber que o nosso herói possuía um trunfo na manga: Julinho da Adelaíde. O nosso conhecido herói se refugiria em uma identidade secreta tendo por objetivo burlar a truculência do inimigo. Seria a estratégia perfeita! Ao menos ele conseguiria enganar o inimigo durante algum tempo com essa façanha. Julinho munido da mesma arma que o conhecido herói Chico, sairia escrevendo versos diversos: pediria para o amor acordar, pediria para chamar o ladrão para juntar forças a ele contra o inimigo. E seria também enfático quando diria:
"Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar"
A identidade secreta do nosso herói sobreviveria por pouco tempo, até porque Chico tinha que voltar para defender sua nação contra um inimigo, que de tanto ser combatido por todos os lados, já estava ficando moribundo. Já perto da morte do algoz, Chico desferiria um golpe fatal com a sua arma principal: seus contundentes e lindos versos de afronto:
"...Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear."
E assim terminaria a história. Nosso herói consagrado para sempre e o inimigo tentando ser esquecido ao longo dos anos posteriores apesar de ter deixado muitos traumas na população brasileira.. Pois, afinal, todos os brasileiros teriam direito algum dia de exercer sua felicidade (mesmo que de forma temporária):
...E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval...
Citei o Chico ciente que o que mais existe são compositores de talento em nosso país. Compositores estes que estão em muitos lugares recônditos deste nosso Brasil de dimensões continentais. Parabéns a todos os compositores brasileiros! Parabéns ao Chico Buarque, maior compositor em atividade existente no Brasil!! Salve a MPB!!
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