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quarta-feira, 3 de março de 2010

MORRE JOHNNY ALF, UM DOS PRECURSORES DA BOSSA NOVA

O músico Johnny Alf, um dos precursores da bossa nova, morreu nesta quinta-feira aos 80 anos em Santo André (SP) em decorrência de um câncer de próstata avançado.

De acordo com seu empresário, Nelson Valencia, a saúde do músico piorou há seis meses, quando foi iniciado o tratamento de quimioterapia.

"Ele era muito espiritualizado, estava bastante sereno, era muito calmo", disse Valencia à Reuters.

Mesmo doente, o músico continuou a realizar pequenas apresentações, disse Valencia. A última delas foi em agosto.



Alf estava internado desde segunda-feira no Hospital Mário Covas. Segundo a instituição, a morte foi "falência de múltiplos órgãos decorrente de neoplasia de próstata".

Alfredo José da Silva nasceu em 19 de maio de 1929 no Rio de Janeiro e começou a aprender piano clássico aos nove anos. Na adolescência, interessou-se por jazz e pelas músicas do cinema norte-americano.

Adotou o nome de Johnny Alf por sugestão de uma amiga norte-americana ao realizar apresentações de jazz.

A música "Rapaz de bem", composta por Alf em 1953, é considerada precursora da bossa nova e revolucionária por seus termos melódicos e harmônicos.

Entre outros sucessos do cantor estão "Eu e a brisa", um dos maiores sucessos e sua carreira, e "Decisão" e "Garota da minha cidade", que representam o estilo mais desinibido de sua obra.


Duetos virtuais
Uma das últimas aparições de destaque do pianista aconteceu na exposição “Bossa na Oca”, em São Paulo, em 2008. Na mostra que homenageava os 50 anos do estilo musical que projetou o Brasil mundialmente, Alf teve um encontro virtual com nomes como Tom Jobim, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Stan Getz. O artista tocava piano com as projeções dos colegas, já mortos, para um filme que foi exibido ao longo do evento.

“Ele ficou muito emocionado quando viu o resultado, os olhos encheram d´água”, conta o curador da exposição, Marcello Dantas. “Ele falava pouquinho, em decorrência de um derrame que havia sofrido pouco tempo antes. Mas o semblante dizia tudo, não era preciso palavras”.

Para o curador, Alf, que morreu sem deixar parentes e vivendo em um asilo na Grande São Paulo, foi desvalorizado pela memória do país. “É o caso clássico do artista que não teve o reconhecimento a altura de seu talento. E Alf foi um gênio, teve participação na história da nossa música”.

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