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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

JUSTO TRIBUTO A GENIVAL MACEDO

Coletânea reúne principais obras do compositor de Micróbio do frevo e A mulher de Aníbal, interpretadas por cantores de várias gerações.

Por José Teles

“Eu só queria que um dia/o frevo chegasse a dominar”, os dois primeiros versos de Micróbio do frevo (lançado em 1954, por Jackson do Pandeiro), infelizmente não puderam ser constatados pelo seu autor, o paraibano, de João Pessoa, Genival Macêdo, falecido no ano passado, aos 87 anos. O frevo, infelizmente, continua ainda pouco conhecido fora do seu Estado, o micróbio pelo visto não é tão contagioso assim. Mas independente disto, a música é antológica, (e inovadora em sua estrutura), assim como muitas outras escrita por Macêdo. O compositor recebe hoje uma merecida homenagem: um CD com algumas de suas músicas conhecidas, interpretadas por nomes cantores de várias gerações: Claudionor Germano, Expedito Baracho, Gilberto Gil, Walmir Chagas, Kelly Benevides, Geraldo Maia, entre outros.

A produção e seleção de repertório do disco é de do produtor Paulo Germano, filho de Genival Macêdo. O tributo será lançado, a partir das 19h, no auditório do Sesi (que bancou o projeto), no Palácio da Indústria, Santo Amaro, e apresentado por Renato Phaelante, com um documentário em DVD sobre o compositor e a realização de um show. Vários artistas que participaram do CD. Inclusive quem não está no disco. Silvério Pessoa é um destes, mas tinha bastante afinidade com a obra de Genival Macêdo, e um de seus discos, dedicado ao gênero chama-se Batidas urbanas – Projeto micróbio do frevo, Jessier Quirino e o maestro Spok, também vão participar.

PIONEIRO
Genival Macêdo viveu a música intensamente desde a juventude em João Pessoa e arquitetou, com o irmão Gilvan, um protótipo de trio elétrico, um ano antes da célebre fubica Ford, de Dodô & Osmar, que originou o trio elétrico baiano. Com o som do carro amplificado, eles saíram pelas ruas de João Pessoa tocando frevos. O feito foi documentado com fotografias, mas que não consta de livros sobre o Carnaval, a não ser na Paraíba.

Mesmo que não tivesse participado desta original empreitada, Genival Macêdo teria seu nome na história da MPB. Ele foi, por exemplo o primeiro empresário de Jackson do Pandeiro, com quem foi ao Rio, quando o cantor deixou o Recife, para se tornar um dos mais bem-sucedidos artistas do rádio brasileiro.

Sua primeira composição a ser gravada (em parceria com Jorge Tavares) foi Diana, com os Quatro Ases e Um Curinga, o grupo vocal de maior sucesso na época. Em 1950, lançou Meu sublime torrão, gravada por Déo, que acabou como hino não oficial da Paraíba. As músicas de Genival Macêdo foram gravadas por nomes como Carmélia Alves (Saudades de Pernambuco), Alcides Gerardi (Vou ficar em Pernambuco), Carmem Costa (Senhora e senhores, parceria com Zé Violão), na era de ouro do rádio.

Mais recentemente, Chico Buarque, Zeca Pagodinho e Gilberto Gil também gravaram Genival Macêdo, cuja composição que teve mais versões em disco foi A mulher do Aníbal (com Nestor de Paula), da impagável letra: “Oi que briga é aquela que vem acolá/ é a mulher do Anibal e o Zé do Angá/ numa brincadeira lá no Brejo Velho/ a mulher do Anibal foi prá lá dançar/você não sabe o que aconteceu/ o Zé Enxerido quis lhe conquistar”.


REPERTÓRIO
No disco que está sendo lançado hoje há também inéditas, a exemplo de Garota do balcão (com Ari Monteiro), gravada por Geraldo Maia. Micróbio do frevo vem em duas versões. A primeira, que abre o disco, é cantada por Kelly Benevides, Rossana Simpson, Cláudia Beija, Vanessa Oliveira e Nena Queiroga. A segunda, com Gilberto Gil, feita para o CD 100 anos de frevo é de perder o sapato, lançado pela Biscoito Fino. Geraldo Azevedo interpreta um pot-pourri com Cigana mentirosa, Saudade de Pernambuco (com Rosa de Oliveira) e Casado não pode. A mulher do Aníbal recebe mais uma gravação, agora com o grupo Lampiões e Maria Bonita.

A conterrânea Elba Ramalho se encarrega de cantar o “hino” Meu sublime torrão. Os outros intérpretes no disco são: Bento Rezende (Minha esperança), Patrícia Moreira (Canção do amor ausente), Walmir Chagas (Agora é tarde), Expedito Baracho (Mundo de intrigas), Cláudia Beija (Cidade jardim), Claudionor Germano (Rio, cidade amor) e Expedito Baracho (Campina Grande).

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