Martinho da Vila vai participar das comemorações pelo centenário de Noel Rosa promovidas pela Academia Brasileira de Letras, para a qual o Poeta da Vila é "o acadêmico do samba". Autor do samba da Vila Isabel deste ano, um tributo a Noel, o compositor almoçou ontem na ABL, convidado pelo presidente Marcos Vilaça, e ratificou seu compromisso de contribuir para a homenagem. "Hoje (ontem) foi a abertura do Ano Noel Rosa. Juntar a diretoria de uma escola de samba e a da ABL é sinal de uma grande abertura", disse Martinho, depois do encontro.
Vilaça é reconhecido por trabalhar pela proximidade da academia e do grande público -assim o fez quando presidiu a casa, em 2006 e 2007, e quando foi eleito presidente novamente, em dezembro, já havia dito que o centenário de Noel, em 11 de dezembro, seria lembrado. Assim também será com outras efemérides, como o centenário de morte de Joaquim Nabuco e o do nascimento de Rachel de Queiroz (dois acadêmicos).
Para Martinho, que tem amigos entre os imortais (Murilo Melo Filho, Arnaldo Niskier, Carlos Heitor Cony, Luiz Paulo Horta, Cicero Sandroni, Nelson Pereira dos Santos), a iniciativa - que ainda não foi detalhada, mas deve incluir apresentações de música e conversas abertas sobre a vida e a obra de Noel - é uma prova de que a academia está cada vez mais acessível. "Ele foi uma figura fantástica, não tinha vaidade e era uma pessoa antipreconceito. Estudei muito a vida dele para fazer o samba da Vila."
O sambista, que tem livros publicados, também se diz despido de vaidade ao comentar a sugestão que alguns dos amigos acadêmicos lhe fazem: que tente uma vaga na Casa de Machado - ele seria, assim, o único compositor entre os imortais. "Não penso nisso. Meus amigos me convidam para ir lá, mas prefiro não ir muito, porque senão vai parecer que estou fazendo campanha. Se fosse só por vaidade, para ter um título, eu não acho legal", afirmou. "Eu poderia colaborar com a academia. Eles não querem só grandes escritores, mas pensadores, gente com ideias novas."
No ano passado, Villa-Lobos, Roberto Martins e Ataulfo Alves foram homenageados com shows pela ABL (o primeiro, pelo cinquentenário de morte; o segundo e o terceiro, pelos cem anos de seu nascimento).
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